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Cinema

Com Jesus loiro e de olhos claros, filme bíblico não traz nada de novo

'O Filho do Homem' pode ser útil para quem vai ao cinema como quem vai à igreja; se não é esse o objetivo, poupe seu tempo

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O Filho do Homem

Avaliação: Ruim
  • Elenco: Allan Ralph, Lucas Apóstolo, Fernanda Martinez, Fifo Benicasa
  • Produção: Brasil, 2019
  • Direção: Alexandre Machafer

É razoável imaginar que a decisão de filmar a vida de Jesus Cristo implique o desejo do diretor ou da produção de jogar alguma luz nova, tímida que seja, sobre a história. Se não por razões artísticas, que seja ao menos por motivação comercial. Afinal, quem está disposto a sair de casa e pagar um ingresso para acompanhar uma saga tão conhecida narrada como sempre foi?  

Os responsáveis por “O Filho do Homem”, filme brasileiro que acaba de entrar em cartaz, não parecem preocupados com essa questão. Com produção da Fundação Cesgranrio, instituição educacional conhecida por promover concursos públicos, e apoio da Arquidiocese do Rio, o filme é conduzido pelo jovem cineasta fluminense Alexandre Machafer, que faz sua estreia na direção de um longa-metragem.

Não é um passo inicial que desperte entusiasmo. Longe disso. “O Filho do Homem” se satisfaz em repetir o que Hollywood, novelas e espetáculos teatrais já fizeram tantas vezes. Haja reiteração!

O filme soaria mais natural sem tantas falas empoladas, como "Lembra-te de mim em tuas orações". É compreensível, porém, que se mantenha fiel ao tom formal do texto bíblico. Mais grave é se abster da busca por alguma originalidade em outras frentes, como a fotografia, a direção de arte, a caracterização dos atores.

"O Filho do Homem" abusa do surradíssimo recurso da câmera lenta para acentuar dramaticidade, especialmente quando Jesus (Allan Ralph) carrega a cruz depois de ser condenado. E, vejam só, ele aparece de pele e olhos claros e cabelos longos. E para que não fique dúvida sobre o seu sofrimento, há uma abundância de líquido vermelho sobre todo o seu corpo.

Outro problema é a persistência da música. São raros os momentos em que a trilha sonora dá trégua, o que nos leva a acreditar que nem mesmo a direção confia nas imagens que constrói.

De modo geral, as interpretações são corretas, o que é pouco para duas horas de filme.

"O Filho do Homem" pode ser útil para quem vai ao cinema como quem vai à igreja, em busca de alento espiritual. Se não é esse o objetivo, poupe seu tempo.

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