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Ministro ignora indicação de pesquisadores em nomeação na Casa de Rui Barbosa

Funcionários da fundação reclamam que Letícia Dornelles, que escreveu novelas e livros infantis, não tem perfil para o cargo

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A roteirista e atriz Letícia Dornelles, nomeada pelo governo para comandar a Fundação Casa de Rui Barbosa - Reprodução

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São Paulo

A nomeação pelo governo Bolsonaro de Letícia Dornelles para o cargo de presidente da Fundação Casa de Rui Barbosa gerou crítica entre pesquisadores e funcionários da instituição sediada no Rio de Janeiro.

A casa é responsável pelo acervo e a pesquisa da obra do escritor Rui Barbosa e também pela preservação de outras materiais no campo da literatura e da filologia.

Seus funcionário disseram à Folha que a nomeação de Dornelles à presidência não considerou a opinião de sua equipe de pesquisadores. 

É a quebra de uma antiga tradição. Dornelles foi nomeada pelo ministro Osmar Terra e a notícia foi publicada nesta quinta (24) no Diário Oficial da União. Desde a criação da fundação, em 1930, é comum que seus presidentes sejam indicados ao governo pelos próprios funcionários.

No ano passado, Marta Senna, por iniciativa própria, deixou a presidência, que passou a ser ocupada por uma interina, Lucia Maria Velloso de Oliveira.

A notícia da nomeação de Dornelles foi recebida com surpresa por pesquisadores da casa, pois, com a saída de Marta Senna no fim do ano passado, eles haviam indicado para a presidência o nome de Rachel Valença, funcionária por mais de 30 anos ali. Ela se aposentou e deixou a fundação há dez anos.

Os mesmos pesquisadores reclamam que Dornelles não tem o perfil acadêmico necessário para ocupar o cargo. Ela foi repórter do programa dominical Fantástico, da Globo, trabalhou no Globo Esportes, e apresentou o Esporte Total, na Band.

Depois, passou a se dedicar à escrita de roteiros de novelas e foi colaboradora da novela “Por Amor”. Passou ainda por outras emissoras, como Record​ e SBT. Também é autora de livros infantis.

“Fiquei em estado de choque”, disse Valença à Folha sobre a nomeação. A pesquisadora é autora do livro “Serra, Serrinha, Serrano: o Império do Samba”, em parceria com Suetônio Valença. "Como é possível esse desrespeito com a Casa de Rui Barbosa? Nomear uma pessoa que nunca pisou ali?”, diz. 

Ela esclarece que a posição ideológica, ser de direita ou de esquerda, não é uma questão que impeça uma nomeação ao cargo. “O doutor Américo Jacobina Lacombe, que ficou 50 anos nesse cargo, era um homem de direita, muito conservador, mas era também um homem preparadíssimo, muito culto, e conhecia profundamente a obra de Rui Barbosa”, diz Valença. 

O perfil dos presidentes da Casa de Rui Barbosa sempre foi o de ter ligação com a uma vida acadêmica de larga estatura. “Acho que essa pessoa que foi nomeada agora não tem a menor qualificação para o cargo”, continua Valença.

Procurada pela reportagem na tarde desta sexta (25), a assessoria de imprensa de Osmar Terra não se manifestou sobre a escolha.

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