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Governo Bolsonaro tem desprezo pelo Brasil, diz Mangabeira Unger, que cita Goebbels

O filósofo cita o nazismo para falar da política cultural do atual governo

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São Paulo

Sentado ao lado de Caetano Veloso em uma das salas da Faculdade de Direito da USP, no Largo São Francisco, o filósofo Roberto Mangabeira Unger cita o nazismo para falar da política cultural do governo Bolsonaro. "Goebbels, o ministro de cultura e comunicação de Hitler, disse: 'quando ouço a palavra cultura, eu pego o meu revólver'. É isso o que estão pretendendo agora com o Brasil", diz.

Unger conversou com a reportagem durante o intervalo de um evento em sua homenagem, que ocorreu durante toda esta terça-feira (12) e no qual participaram pesquisadores e nomes como Ciro Gomes (PDT) e o próprio Caetano Veloso.

Entrevista com Mangabeira Unger, filósofo e professor de Harvard - Zanone Fraissat/Folhapress

O cantor e compositor baiano concorda com Unger e afirma que a transferência da Secretaria da Cultura para o Ministério do Turismo e a nomeação do dramaturgo Roberto Alvim como novo secretário da pasta representam um misto de desprezo do governo às artes e de afago aos seguidores do bolsonarismo.

"Há uma antipatia ao ambiente cultural, à criação artística e ao conhecimento acadêmico. O Roberto Alvim se tornou uma figura agressiva a quaisquer iniciativas que possam parecer progressistas, o que mais parece uma exibição de propaganda pessoal ao eleitorado bolsonarista", acredita.

E continua: "É uma demagogia conservadora que quer mostrar a seguidores fanáticos que há um desprezo profundo pela produção cultural".

Nesse momento, Mangabeira Unger interrompe. "Na verdade, é um desprezo não só pela produção cultural. É um desprezo pelo Brasil."

Segundo Unger, a cultura popular e artística no país se tornou alvo do governo federal porque é uma manifestação de liberdade e de rebeldia nacional. "Nós temos um governo submisso aos Estados Unidos, levando ao desrespeito à própria potência do país", diz. "A ameaça mais imediata ao Brasil é a perpetuação dessa mediocridade", prossegue.

O Brasil não se preocupa atualmente em enfrentar seus problemas estruturais, acredita o filósofo. "O povo está inquieto e quer instrumentos para criar, para construir, para inovar, para botar para quebrar. Temos que respeitar os brasileiros como agentes a empoderar, e não como beneficiários a cooptar."

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