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Espectador pode entrar em estado de choque ao ver documentário 'The Cave'

O diretor sírio Feras Fayyad capta no filme o cotidiano de um hospital num baluarte rebelde próximo a Damasco

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The Cave

Avaliação:
  • Quando: Estreia na Nat Geo nesta segunda (3), às 21h
  • Direção: Feras Fayyad

Quem ficou impressionado com os malabarismos técnicos de “1917” e se sentiu imerso num pesadelo bélico pode entrar em estado de choque ao mergulhar no registro da guerra ao vivo em “The Cave”.

O diretor sírio Feras Fayyad capta no filme o cotidiano de um hospital num baluarte rebelde próximo à capital, Damasco. No início de 2018, a população local sofreu ataques com armas químicas lançadas pelas Forças Armadas do ditador Bashar al-Assad.

O título alude à caverna subterrânea onde funciona improvisadamente um hospital na cidade sitiada. A estrutura em forma de bunker permite aos médicos atenderem, em condições mínimas de segurança, os feridos dos bombardeios.

A escolha de Amani Ballour como protagonista é decisiva para o documentário não perder intensidade e não tornar amorfa a sucessão de episódios trágicos.

Vemos a pediatra responsável pela direção do hospital se expondo no que restou das ruas, obrigada a agir com sangue frio durante as urgências ou a enfrentar o preconceito.

As cenas que evidenciam a capacidade de resistência de Amani são intercaladas com momentos que revelam sua fragilidade, quando recebe vídeos do pai ou reage à morte de crianças. A alternância de emoções distintas impede confundir o trabalho da médica com o de heroína. Muitas vezes, ao contrário, ela é apenas uma sobrevivente.

Esta escolha favorece o impacto de “The Cave”, pois o filme enquadra, sobretudo, a luta pela sobrevivência, o papel dos vivos em um contexto onde tudo está fadado à destruição.

Por isso é decisiva a visibilidade que Fayyad dá às crianças. “O que pensam pais que decidem ter filhos num mundo como este?”, questiona a médica.

Enquanto os adultos encontram acolhimento nem que seja no medo, as imagens focalizam o olhar atônito das crianças e seus corpos menos resistentes a estilhaços de bombas e ao sufocamento provocado por armas químicas.

Nestes duríssimos momentos, “The Cave” lança um desafio. Se o épico combate de um soldado numa guerra de um século atrás nos comove, como reagiremos às matanças contemporâneas que não foram neutralizadas pela distância da ficção?

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