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Morre o escritor chileno Luis Sepúlveda, aos 70 anos, vítima do novo coronavírus

O artista recebeu diagnóstico positivo para Covid-19 após voltar de Portugal e estava internado havia mais de um mês

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Madri | AFP

O popular escritor chileno Luis Sepúlveda, forçado ao exílio durante a ditadura de Augusto Pinochet, morreu nesta quinta-feira (16) na Espanha, aos 70 anos, depois de passar um mês e meio hospitalizado devido ao novo coronavírus, informou a editora Tusquets.

Escritor latino-americano de grande sucesso, autor de 20 romances, livros de crônicas e contos infantis, com destaque para "O Velho Que Lia Romances de Amor", Sepúlveda estava internado em um hospital de Oviedo.

"O escritor Luis Sepúlveda morreu em Oviedo. A equipe da Tusquets Editores lamenta profundamente sua perda", afirmou o grupo editorial espanhol em um comunicado.

O autor estava internado desde o fim de fevereiro no Hospital Universitário Central das Astúrias, na região norte da Espanha, onde morava. Ele apresentou resultado positivo para o novo coronavírus depois de retornar de um festival em Portugal.

De acordo com a imprensa local, em 10 de março o escritor estava em estado grave e, desde então, a família não divulgou mais informações sobre a saúde de Sepúlveda.

"Os profissionais da saúde fizeram tudo para salvar sua vida, mas não superou a doença. Meus emocionados pêsames para a mulher e a família", escreveu no Twitter o presidente regional das Astúrias, Adrián Barbón.

Nascido em outubro de 1949 em Ovalla, uma cidade ao norte de Santiago, Sepúlveda militou em movimentos da juventude comunista e depois no Partido Socialista, o que provocou sua detenção em 1973, após o golpe de Estado liderado por Augusto Pinochet contra o governo de Salvador Allende.

Sepúlveda passou dois anos preso e depois foi posto em prisão domiciliar. Conseguiu escapar e permaneceu na clandestinidade por quase um ano, até uma nova detenção e seu envio para o exílio em 1977, período retratado em obras como "A Loucura de Pinochet", de 2003, e "A Sombra do Que Fomos", de 2009.

O escritor conseguiu mais reconhecimento no exterior do que na Espanha, com a qual tinha uma relação difícil e nunca quis retornar.

"Há contas pendentes com o país, contas que não significam que precisamos de alguma reparação ou algo assim, e sim os amigos que nos faltam", disse Sepúlveda em uma entrevista em novembro de 2014 à rádio da Universidade do Chile.

Escritor chileno Luis Sepulveda em lançamento de livro em Paris, em 10 de março de 2010 - Etienne de Malglaiv/AFP

"No exílio você também vai estabelecendo um universo emocional. Funda ou aumenta sua família e não pode desarraigar seus filhos, não pode condená-los ao mesmo desenraizamento que sentiu quando teve de sair", completou o escritor, que só recuperou a nacionalidade chilena em 2017.

Ele deveria iniciar o exílio na Suécia, mas fez escalas na Argentina, no Uruguai, no Brasil, no Paraguai, na Bolívia, no Peru e no Equador.

Depois de uma passagem pela Nicarágua, onde integrou as brigadas sandinistas, emigrou para a Alemanha, onde morou por 14 anos. Neste país, casou com sua segunda mulher, Margarita Seven, e foi correspondente do Greenpeace.

Depois da separação de Seven, o artista se mudou para Paris, onde viveu por algum tempo antes de seguir para a cidade espanhola de Gijón, onde morou até sua morte depois de reencontrar a primeira mulher, a poeta chilena Carmen Yáñez.

De todas as suas obras, traduzidas para mais de 50 idiomas, o grande destaque é "O Velho que Lia Romances de Amor", um convite a repensar a relação com natureza, que recebeu os prêmios Tigre Juan e France Culture Étrangère.

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