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Museu Metropolitan anuncia demissões, e prejuízo pode chegar a R$ 847 milhões

Instituição esperava reabrir em julho, mas agora diz que é provável que isso aconteça só mais tarde

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Zachary Small
The New York Times

Executivos do Museu Metropolitan de Nova York, o MET, estão se preparando para consequências econômicas piores do que as inicialmente projetadas, em função da pandemia do coronavírus.

Diante de receitas que podem ficar US$ 150 milhões, ou R$ 847,5 milhões, abaixo do esperado em seu próximo ano fiscal —um rombo 50% maior do que o projetado em março—, o museu anunciou a demissão de mais de 80 empregados e cortes da ordem de mais de 20% nos salários de seus executivos, em uma carta ao seu pessoal.

Fachada do Metropolitan, em Nova York, nesta sexta (24) - David Dee Delgado/AFP

“Embora não estejamos imunes ao impacto da pandemia, o MET é uma instituição forte e duradoura, e continuará a sê-lo”, afirmou Daniel Weiss, o presidente-executivo do museu, em comunicado. “Nossos dois objetivos primários continuam a ser fazer tudo que pudermos em apoio à saúde e à segurança de nossa comunidade e proteger a saúde financeira do museu a longo prazo.”

Um porta-voz do MET disse que as demissões representariam um corte de 26% no quadro de funcionários dos departamentos de serviços aos visitantes e de varejo do museu, devido ao declínio de longa duração previsto no número de visitantes.

O museu pagará os salários que os trabalhadores teriam a receber até a primeira semana de junho. O MET havia anteriormente planejado reabrir as portas em julho, mas agora está planejando reabrir mais tarde, depois de cancelar as comemorações de seu 150º aniversário, marcadas para o terceiro trimestre deste ano.

Diante de perspectivas menos positivas de recuperação rápida da pandemia, muitos museus agora estão enxugando seu calendário de eventos no quarto trimestre e planejando fechamentos mais longos.

Nesta semana, o Museu Isabella Stewart Gardner, de Boston, cancelou toda a sua programação de eventos até a metade de setembro, em função da Covid-19. “A situação atual nos forçou a encarar as coisas com realismo”, disse Peggy Fogelman, a diretora do museu, em um boletim informativo. “Foi uma decisão dolorosa, mas sabemos que ela serviu aos melhores interesses e protegeu a segurança de nossos visitantes.”

No Queens Museum, a presidente e diretora executiva da instituição, Sally Tallant, está trabalhando com múltiplos cronogramas para a possível reabertura do museu, localizado em uma das regiões metropolitanas mais atingidas pela pandemia.

“Nenhum de nós quer reabrir nossos museus e fazer com que pessoas adoeçam, mesmo que acreditemos que os espaços culturais têm um papel a desempenhar na recuperação da cidade”, disse Tallant, que projetou um buraco de US$ 900 mil, ou R$ 5 milhões, no orçamento de sua instituição, até julho.

O Museu Judaico de Manhattan, que sofrerá US$ 600 mil, ou R$ 3,4 milhões, em prejuízos a cada trimestre que passe em quarentena, não tem uma data planejada de reabertura. Mas garantiu um empréstimo federal de US$ 2,1 milhões, ou R$ 11,7 milhões, por meio do Programa de Proteção às Folhas Salariais, que cobrirá suas despesas mensais de US$ 1,1 milhão, ou R$ 6,2 milhões, com salários, benefícios, infraestrutura e juros.

Para mitigar ainda mais as despesas, os empregados do museu com salários superiores a US$ 100 mil, ou R$ 565 mil, anuais também sofrerão um corte de pagamento de mais de 20%.

Mas outras organizações culturais que esperavam poder contar com ajuda do governo para enfrentar a crise do coronavírus não conseguiram obtê-lo.

“Nenhum de meus colegas obteve dinheiro do Programa de Proteção às Folhas Salariais”, disse Brett Littman, diretor do Museu Noguchi, no bairro de Queens. O museu havia solicitado US$ 450 mil, ou R$ 2,5 milhões, em empréstimos para cobrir os salários de seu pessoal e os custos de manutenção.

A Fundação Elizabeth de Arte, de Manhattan, que organiza exposições e subsidia estúdios de artistas, também teve dificuldade para obter ajuda.

“Os fundos já haviam sido todos reservados, antes que pudéssemos solicitá-los”, disse Jane Stephenson, diretora executiva da fundação. “Esperamos por quatro dias até que chegasse o email com o formulário que precisávamos preencher.”

E pode ser que os recursos continuem a diminuir. Na semana passada, o Museu Noguchi começou a se organizar para uma queda no apoio que recebe do governo municipal de Nova York, depois que o prefeito Bill de Blasio apresentou uma proposta executiva de orçamento que reduzia em US$ 10,6 milhões, ou R$ 60 milhões, a verba para programas culturais. Se o corte for aprovado, Littman antecipa uma queda de cerca de 30%, ou US$ 100 mil, nas verbas que recebe.

“A crise expôs a fragilidade da forma pela qual os museus fazem negócios”, ele disse. “Número muito pequeno deles conta com as reservas de caixa necessárias para continuar operando.”

tradução de Paulo Migliacci

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