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Novela é feita para vender sabonete, disse Gilberto Braga à Folha em entrevista

Autor afirmou que seu vilão favorito foi o vivido por Antonio Fagundes em 'O Dono do Mundo'

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São Paulo

"Novela é feita para vender sabonete", disse Gilberto Braga, em entrevista à Folha em 2010. "A ação é interrompida a cada dez minutos para os comerciais. É diferente de um romance."

À época, o autor, que morreu na noite desta terça, se preparava para lançar mais um folhetim, "Insensato Coração", e comemorava os recordes de audiência que a reprise de "Vale Tudo", dos anos 1980, estava conseguindo no canal Viva.

"É natural. A novela é boa", disse, a respeito de ela ter se tornado, então, a maior audiência da TV paga. "Há excelentes programas na TV paga e, afinal de contas, é uma reprise."

Na entrevista, concedida à jornalista Cristina Grillo, ele se esquivou de fazer comentários políticos. "O fato de meu trabalho me dar tanta visibilidade não faz com que minha opinião tenha relevância. Sou um escritor de ficção", afirmou.

Mas não se furtou a comentar a situação do Brasil na época. "Acho tudo caótico. Desde que nasci, só não senti isso no governo Juscelino [Kubitschek, presidente entre 1956 e 1961]. O país é realmente complicado."

As minisséries "Anos Dourados", de 1986, e "Anos Rebeldes", de 1992, foram os seus trabalhos preferidos, disse. Tampouco seu vilão favorito era Maria de Fátima Accioli, a carreirista interpretada por Glória Pires, ou a milionária Odete Roitman, papel de Beatriz Segall, mas Felipe Barreto, papel de Antônio Fagundes, o inescrupuloso cirurgião de "O Dono do Mundo", de 1991.

"Achei que estava criando um monstro repugnante, mas o público ficou do lado dele", lembrou. Grupos de discussão, recurso usado pela TV Globo para avaliar programas entre telespectadores, apontavam a mocinha, a professora Márcia, papel de Malu Mader, como "uma galinha", enquanto Barreto estava "cumprindo seu papel".

"Foi a reação de uma sociedade machista", avaliou o autor. Arrependido, o vilão se transformou num médico bondoso. "Corrigir foi muito complicado. Escrevi quase toda a novela deprimido", disse. ​

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