Maria Manoella vive megera de Tchékhov e coitadinha em duas peças no mesmo palco
Atriz está no díptico de espetáculos formado por 'As Três Irmãs' e 'A Semente da Romã', que estreia agora no Sesc Pompeia
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"Natasha quer destruir as florestas e fazer um canteiro de violetas", diz, em tom sarcástico, a atriz Maria Manoella, sobre sua personagem em "As Três Irmãs", de Tchékhov.
As peças "A Semente da Romã", uma obra inédita de Luís Alberto de Abreu, e "As Três Irmãs", do dramaturgo russo, compõem o díptico teatral dirigido por Marina Nogaeva Tenório e Ruy Cortez, que estreia nesta quinta-feira, no Sesc Pompeia, em São Paulo.
De um lado do palco, é encenado o clássico de Tchékhov. Do outro, transcorre a dramaturgia do autor brasileiro, que dialoga com o russo. O público poderá acompanhar as duas simultaneamente ou, se preferir, assistir a uma delas num dia e a outra numa data posterior.
Natasha é casada com Andrei, papel de Luciano Gatti, o irmão das três mulheres que dão título à peça. O programa do espetáculo descreve bem a personagem, lembrando seus "cálculos pragmáticos e utilitaristas, sua visão que abarca apenas o imediato, seu gosto estético que se fixa na superfície, seu desinteresse absoluto pelo passado e seu desprezo pelos mais velhos".
Quem não conhece uma Natasha?
Coube a Maria Manoella não só o desafio de dar vida a uma das personagens mais repulsivas de Tchékhov, mas também o de interpretar Tônia em "A Semente da Romã". A dobradinha marca a volta da atriz aos palcos depois de "Sede", espetáculo que estreou em 2020, sob a direção de Zé Henrique de Paula.
"São personagens antagônicas e complementares. Natasha é manipuladora, desagregadora, tira proveito dos homens. Tônia, por outro lado, é uma mulher muito oprimida pelo casamento. Ela pôs o casamento e os filhos em primeiro plano e foi se deixando de lado", compara a atriz. "Mas as duas têm uma ligação forte com a maternidade."
Além do trabalho de construção das personagens, existe neste caso o desafio de atuar em duas peças que correm simultaneamente no palco. "Tem sido um baita exercício. Por conta da sincronicidade, não podemos perder o ritmo, ninguém pode atrasar", ela conta.
Tanto em "As Três Irmãs" quanto em "A Semente da Romã", Maria Manoella, de 44 anos, tem a oportunidade de contracenar com Walderez de Barros, de 81, uma atriz de trajetória histórica no teatro de São Paulo, duas gerações à frente da sua.
"Walderez poderia se fechar em um ‘lugar’ sem disponibilidade para os mais jovens. Mas ela é generosa e atenta, joga o tempo todo com os demais atores", diz Maria Manoella.
No cinema, a atriz acaba de participar de "Enterre seus Mortos", filme dirigido por Marco Dutra, baseado no livro homônimo de Ana Paula Maia.
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