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Como é ver 'Oppenheimer' do jeito que o seu diretor Christopher Nolan planejou

Filme sobre inventor da bomba atômica só pode ser visto de modo ideal em 30 cinemas no mundo, nenhum deles no Brasil

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Nova York

O filme "Oppenheimer" começa com gotas de chuva. A tela as mostra pingando no chão e formando circunferências, perfeitas como só a natureza pode fazer. De repente, vemos o rosto do ator Cillian Murphy em proximidade, enquadrado de baixo para cima e com olhar aterrorizado. Ele vê a chuva, mas ali, na sala de cinema, a sensação é de que ele encara o espectador, atônito com o tamanho daquela face.

Justiça seja feita, qualquer filmagem impressiona no cinema Imax do Lincoln Square, em Nova York. A tela da sala, no alto do prédio da AMC, é do tamanho de um prédio de seis andares.

Mas o caso do filme de Christopher Nolan é diferente. Ele desconcerta o público pela projeção usada para iluminar aquela sala escura. Uma experiência para poucos, mesmo com o longa prestes a estrear em todo lugar.

Hoyte van Hoytema, Christopher Nolan e Cillian Murphy nas gravações de 'Oppenheimer' - Melinda Sue Gordon/Divulgação

A sala, hoje a segunda maior tela do planeta, é uma das 30 no mundo que passam "Oppenheimer" em Imax 70 milímetros. O filme foi pensado para o formato, que aproveita toda a capacidade dos projetores em película da Imax Corporation.

A empresa investe no que define como as experiências mais imersivas de cinema e se tornou o padrão ouro do circuito. Eles até fabricam câmeras para ajudar os diretores no produto final, exibido em suas salas.

A diferença para as exibições tradicionais não é a escala, e sim o espaço de cena. Com altura de 70 milímetros, o enquadramento ganha alguns centímetros de altura —que viram metros na tela— e, com isso, o filme ganha dimensão de quilômetros. É como se a tela crescesse para cima e encurtasse as laterais, que permanecem onde estão.

Dessa maneira, o formato é ideal para cenas grandiosas, que usam e abusam da profundidade de campo extra. Christopher Nolan, que filma com as câmeras Imax desde "O Cavaleiro das Trevas", há 15 anos, fez isso à exaustão. O avistamento de planetas em "Interestelar", de 2014, ou de soldados britânicos na praia em "Dunkirk", de 2017, foram pensados para a projeção em 70 milímetros.

O barato de "Oppenheimer" é outro, porém. Segundo Nolan, ele e o diretor de fotografia, Hoyte van Hoytema, viram no filme a chance de aproveitar essa escala para algo íntimo.

"A gente queria usar o formato em extrema proximidade do elenco, colando a câmera no rosto do ator", afirma. "Na prática, a imersão da imagem é tamanha que permite que a tela desapareça e a gente mergulhe na cabeça dos personagens."

O nível de detalhe desses momentos —e nesse estilo— impressiona. Em especial na projeção em filme analógico, outra diferença do formato para as exibições em digital, que dá mais textura às cenas. A certa altura de "Oppenheimer" em Imax 70 milímetros, por exemplo, o público vê em detalhes os pelos faciais raspados da boca da atriz Florence Pugh.

A questão, de novo, é a disponibilidade. Apenas 30 salas de cinema espalhadas por cinco países acomodam esse tipo de projeção. O Brasil não é um deles, e o cinema mais próximo do país é na cidade de San Antonio, no sul dos Estados Unidos.

Nolan diz ter consciência das limitações e garante que o filme foi pensado para fora dessas salas. Segundo ele, o segredo está nas próprias gravações no formato, que facilitam a conversão para o digital.

Rolo de filme em película Imax 70 milímetros de 'Oppenheimer', de Christopher Nolan; fita pesa 272 quilos e tem 17,7 quilômetros de comprimento - David Keighley/Imax

"A resolução das filmagens tem o máximo de informação que a imagem pode transmitir", diz o cineasta. "Quando você as converte a outros formatos, das projeções digitais tradicionais até a cópia para celulares, você garante a melhor imagem possível."

Ou seja, "Oppenheimer" pode ser visto em todos os tipos de sessões, da maior tela de cinema do planeta ao menor dos celulares.

O jornalista viajou a convite da Universal Pictures

Oppenheimer

Avaliação:
  • Quando: Estreia nesta quinta (20) nos cinemas
  • Classificação: 16 anos
  • Elenco: Cillian Murphy, Robert Downey Jr. e Emily Blunt
  • Produção: Estados Unidos, 2023
  • Direção: Christopher Nolan

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