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Descrição de chapéu como a banda toca

Como é um show ideal para a sustentabilidade, com o mínimo de impacto climático

Massive Attack apresentou medidas que avançam em relação às alcançadas por outros artistas, como Coldplay e Billie Eilish

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Alex Marshall
Bristol | The New York Times

Quando a banda britânica Massive Attack estava na metade de uma turnê pela costa oeste dos Estados Unidos há cinco anos, voando de show em show, o rapper e cantor Robert Del Naja teve uma crise.

Diante de todo o carbono emitido ao mover a banda e seu equipamento, ele se perguntou se isso ainda se justificaria. Pouco tempo depois, a banda tomou uma decisão. Trabalharia com cientistas climáticos para desenvolver um modelo de turnê com o menor impacto climático possível.

Robert Del Naja, da banda Massive Attack, em show no evento Act 1.5 em Clifton Downs, na Inglaterra - Sandra Mickiewicz/The New York Times

No último domingo, o Massive Attack organizou um festival para 35 mil pessoas na cidade natal da banda, Bristol, no Reino Unido, para mostrar medidas de redução de carbono que desenvolveu com o Tyndall Center for Climate Change Research, uma organização britânica, e A Greener Future, ONG dedicada a reduzir as emissões da indústria musical.

Outras bandas, no entanto, incluindo Coldplay, realizaram ações para aumentar a conscientização sobre os impactos climáticos da indústria, mas por vezes ignoraram as principais fontes de emissões dos shows, como o deslocamento do público e o fornecimento de energia dos locais. No domingo, o Massive Attack queria mostrar como enfrentar todas as partes poluentes de um show.

Numa entrevista dias antes do evento, Del Naja disse que os esforços anteriores da indústria musical não estavam alinhados com a meta acordada pelas Nações Unidas de impedir que a temperatura aumentasse mundo afora.

Del Naja deu um tour pelo festival, apontando para caixas de metal cheias de baterias carregadas por energia eólica e solar que forneceriam toda a eletricidade, além de caminhões elétricos que transportariam equipamentos entre palcos. Além disso, toda a alimentação foi vegana.

No tour, Del Naja caminhou até uma fila de banheiros. "Você viu os banheiros de compostagem? Eles são muito legais", disse. A banda enviaria parte do lixo do evento para uma empresa que extrai fósforo da urina.

Essas mudanças no local farão alguma diferença, mas grande parte da poluição de um show vem de outros lugares. Em 2007, a banda britânica Radiohead publicou um estudo mostrando que o deslocamento do público era responsável por mais de 80% das emissões de suas turnês. Desde então, poucos artistas tiveram sucesso em enfrentar essa questão.

A equipe de Billie Eilish, por exemplo, envia emails a quem comprou ingressos para informar sobre opções de transporte público e, para um recente lançamento de álbum, em Los Angeles, trabalhou com a LA Metro para a disponibilidade do serviço.

O Massive Attack tentou várias medidas para incentivar viagens sustentáveis no domingo, incluindo oferecer aos residentes de Bristol a primeira chance de comprar ingressos, pois eram mais propensos a caminhar ou andar de bicicleta.

A banda também negociou com uma empresa de trens local para fornecer serviços extras e contratou uma frota de ônibus elétricos para levar os participantes para o centro da cidade até o festival

O Tyndall Center publicará um relatório detalhando o impacto climático do evento, e o Massive Attack incorporará as lições para shows futuros. Del Naja disse que esperava que promotores e locais também aprendessem com o experimento.

Mas ele era realista —em lugares onde se ama carros, diz, é necessário reformar os sistemas de transporte. A necessidade de mudança está se tornando urgente, pois os fãs estão viajando cada vez mais longe para ver seus ídolos.

Numerosos fãs de Beyoncé, Taylor Swift e Adele voaram para a Europa para ver esses artistas após não conseguirem ingressos mais próximos de suas cidades. "A indústria musical precisa encontrar uma solução para essa tendência", disse Christopher Jones, pesquisador do Tyndall Center.

Este artigo apareceu originalmente no The New York Times

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