Economia argentina cai 3,5% no terceiro trimestre, e país entra em recessão

PIB da Argentina registrou queda de 1,4% em relação ao período janeiro-setembro de 2017

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Buenos Aires | AFP

A economia argentina teve uma queda de 3,5% na medição anual do terceiro trimestre de 2018 e entrou em recessão, ao somar dois trimestres seguidos no vermelho, informou nesta terça-feira (18) o Instituto de Estatísticas.

No acumulado do ano, o PIB (Produto Interno Bruto) registrou queda de 1,4% em relação ao período janeiro-setembro de 2017.

No segundo trimestre deste ano a contração havia sido de 4% em relação ao mesmo período de 2017.

Neste terceiro trimestre, as quedas mais fortes se deram no setor do comércio (-8,9%), a pesca (-7,3%) e a indústria manufatureira (-6,6%). O melhor desempenho foi o da atividade de intermediação financeira, que cresceu 5,1%.

A Argentina entrou neste ano em uma crise econômica que levou o governo do presidente Mauricio Macri a pactuar um auxílio financeiro por US$ 56 bilhões com o FMI (Fundo Monetário Internacional).

Segundo as projeções do FMI, a economia argentina cairá 2,6% em 2018 e 1,6% em 2019.

Raúl Alfonsín (1927-2009), à esquerda, foi o primeiro presidente eleito após o fim do regime militar na Argentina. Assumiu em 1983 e herdou dos anos de ditadura uma dívida externa alta e políticas econômicas malsucedidas. Carlos Menem (1930-), à direita, assumiu em seguida, em meio a hiperinflação e recessão. France Presse- AFP/AFP

O ministro das Finança de Carlos Menem, Domingo Cavallo, promoveu uma série de reformas na economia argentina, incluindo privatizações e a paridade do peso com o dólar americano. Domingos Peixoto/Agência Globo/Domingos Peixoto/Agência Globo

Fernando de La Rúa (1937-) assumiu a Presidência em 1999. France Presse- AFP/France Presse: AFP

Cavallo, também ministro das finanças de De La Rúa, reagiu e determinou o "corralito", medida que "sequestrava" o dinheiro da população nos bancos, congelando depósitos e estabelecendo limites para retiradas. France Presse- AFP/AFP

Jovens argentinos protestam contra o governo de Fernando de La Rúa, em Buenos Aires. France Presse/Ali Burafi/France Presse

No fim de 2001, começou uma onda de manifestações populares conhecidas como "panelaço", a favor do impeachment. A situação levou à renúncia de De La Rúa em dezembro. France Presse- AFP/AFP

Sessão do Congresso argentino se reuniu então e aprovou o nome de Adolfo Rodríguez Saá (1947-) como novo presidente interino da Argentina. France Presse- AFP/AFP

Adolfo Rodriguez Saá, durante a cerimônia de posse. Reuters/Reuters

Com o aperto fiscal de Saá, a agitação dos argentinos continuou, e o presidente interino renunciou, alegando falta de apoio dentro do próprio partido. France Presse- AFP/France Presse: AFP

O Congresso nomeou então Eduardo Duhalde (1941-), que presidiu o país entre 2002 e 2003. Duhalde conduziu uma "pesificação" da economia (o peso se valorizou ante o dólar) e seu governo conseguiu segurar a hiperinflação e a crise cambial gradualmente. AFP/AFP

A escada do Palácio da Justiça foi pichada em protesto contra o FMI. France Presse- AFP/AFP

A população e sobretudo os desempregados continuavam protestando, exigindo mais planos sociais para a população carente e se posicionando contra a negociação de Duhalde com o FMI. France Presse- AFP/France Presse: AFP

Eduardo Duhalde apoio a candidatura de Néstor Kirchner (1950-2010), que acabou o sucedendo de 2003 a 2007. AFP/AFP

Os governos populistas de Néstor Kichner e, depois, de sua esposa Cristina Kirchner (2007-2015) conseguiram fazer a Argentina voltar a crescer, mas políticas como a de controle cambial acabaram segurando investimentos. AFP- France Presse/AFP: France Presse

Em 2014, a Argentina avisou que não pagaria parcela de sua dívida externa com um grupo minoritário de credores americanos que não haviam aceitado termos anteriores da negociação, levando o país a um calote técnico. Xinhua/Martín Zabala

Cristina Kirchner deixou a presidência após a eleição de Mauricio Macri, em 2015, colocando fim a mais de uma década de kirchnerismo na Argentina. AFP/EITAN ABRAMOVICH/AFP

Manifestação em 2011 na Plaza de Mayo, em Buenos Aires, relembrou a crise de 2011. AFP/JUAN MABROMATA

Ao assumir, Macri determinou o fim do controle cambial e negociou o pagamento da dívida externa com os chamados "fundos abutres", entre outras medidas em sentido contrário às ações da era Kirchner. REUTERS/MARCOS BRINDICCI

Em nova crise cambial, Argentina decidiu pedir ajuda ao FMI (Fundo Monetário Internacional) no início de maio; o ministro das finanças argentino, Nicolas Dujovne, foi a Washington e se encontrou com a diretora do FMI, Christine Lagarde. AP/Jacquelyn Martin/AP

Os painéis das casas de câmbio até viraram atração turística em Buenos Aires. Argentinos e estrangeiros param para tirar fotos.. Folhapress/Xavier Martin/Folhapress

Em junho de 2018, o governo argentino anunciou terconcluidio um financiamento de US$ 50 bilhões com o FMI (Fundo Monetário Internacional). Foi o maior empréstimo já negociado pelo país com o Fundo até então.. AFP/HO

"Estou tirando fotos desde o começo da rua, porque é inacreditável o que está acontecendo: em cada casa de câmbio o dólar tem um valor, e, a cada hora que passa, outro", contou o professor universitário Julio Almeyda, 49. Folhapress/Xavier Martin/Folhapress

"Desde que o dólar começou a aumentar, tenho comprado, mas antes recorro às casas de câmbio da rua para ver qual está com o melhor preço", diz Hector Becerra, 81. Folhapress/Xavier Martin/Folhapress

Leo Negrete, 40, explicou o motivo das fotos. "É para mandar para meu grupo de amigos do trabalho.". Folhapress/Xavier Martin/Folhapress

"Eu já tenho tudo em dólar, o que mais me preocupa é que essa alta se transfere a tudo comida, transporte, e a inflação, que já está alta, não vai baixar. Não dá para acreditar que estamos vivendo isso de novo, é a nossa história se repetindo", disse Raul Matcovich, 39. Folhapress/Xavier Martin/Folhapress

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