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Maiores montadoras preveem ano de queda nas vendas e cortes de custos

Perspectivas da Toyota, GM e Daimler acompanham os péssimos resultados em 2018

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Peter Campbell, Patrick McGee e Patti Waldmeir
Nova York | Financial Times

Três das maiores montadoras de automóveis do planeta aprofundaram o pessimismo do setor na quarta-feira (6) ao alertar que o ano de 2019 está parecendo cada vez mais problemático, com pouca esperança de um fim da desaceleração na China ou de mudanças nas preferências dos consumidores, o que as vêm forçando a realizar alterações dispendiosas em suas linhas de modelos.

As perspectivas pessimistas para 2019 divulgadas pela Toyota, General Motors e Daimler –que juntas respondem por 20% dos veículos vendidos no planeta– vieram acompanhadas por balanços que mostram péssimos resultados no ano passado, com as três anunciando queda nos lucros.

Os investidores já tinham perdido o entusiasmo pelo setor, nos últimos seis meses, especialmente depois que rivais como a Ford e a Volkswagen divulgaram alertas semelhantes sobre seus negócios na China, no final do ano passado, e as ações da GM chegaram a subir na abertura dos mercados, quarta-feira, porque a queda no lucro foi inferior à esperada.

Vista aérea de carros, no pátio da montadora alemã Volkswagen, em São José dos Campos (SP) - Roosevelt Cassio /Reuters

Ainda assim, como um todo os resultados são preocupantes. A Daimler, que controla a marca Mercedes Benz, reportou queda de 28% em seu lucro líquido, para € 7,6 bilhões (R$ 31,9 bilhões) em 2018; no caso da Toyota, o lucro líquido da empresa no mês passado caiu em 81%; e a GM reportou queda de 8% em seu lucro no quarto trimestre.

O mais preocupante é que as três montadoras também disseram ver pouco sinal de recuperação à frente. Dhivya Suryadevara, vice-presidente de finanças da GM, disse que via pouca recuperação na China e alertou que a alta nos preços das commodities, que foram afetadas pela guerra comercial em curso entre os Estados Unidos e Pequim, deprimiria os resultados em 2019 por mais US$ 1 bilhão, depois de causar impacto da mesma ordem no ano passado.

Dieter Zetsche, o veterano presidente-executivo da Daimler, que se aposentará em maio, disse que a montadora alemã estava preparando um grande programa de corte de custos, a fim de liberar fundos para investir em tecnologias novas e caras, entre as quais veículos elétricos e autoguiados.

A Toyota reduziu sua projeção de lucro anual para os 12 meses até março em 19%, para 1,87 trilhão de ienes (US$ 17 bilhões ou R$ 62,9 bilhões). A queda no lucro trimestral da Toyota foi exacerbada devido às vantagens tributárias extraordinárias de que a empresa desfrutou nos Estados Unidos no ano passado.

A contração acentuada do setor vem depois de diversos anos de crescimento robusto, uma mudança que já está forçando o fechamento de fábricas em todo o mundo, enquanto os fabricantes tentam se adaptar à demanda reduzida por muitos de seu produtos mais vendidos - especialmente os carros com motores diesel, que se tornaram anátema para muitos consumidores - e se proteger contra a queda nas vendas.

Mas embora a indústria automobilística costume passar regularmente por essas desacelerações cíclicas, a nova reacomodação está sendo agravada pela necessidade de investir em tecnologias novas e caras para veículos elétricos e sistemas autoguiados, o que levou muitas das montadoras a buscar colaboração com rivais a fim de dividir os custos de investimento.

Ainda que as ações da GM tenham conseguido preservar parte de seu avanço, na quarta-feira, mostrando alta de 1,4% no pregão da tarde, tanto a Daimler quanto a Toyota fecharam em queda, com a montadora alemã recuando em quase 1,8% e sua contraparte japonesa sofrendo baixa de 0,7%.

O setor como um todo vem sofrendo um pesado revés desde a metade do ano passado, e o índice Dow Jones que acompanha as montadoras dos Estados Unidos mostra queda de 16,5% de junho para cá, enquanto o índice automobilístico MSCI para as empresas europeias do setor caiu em 18% desde maio.

Arndt Ellinghorst, analista da Evercore ISI, disse que 2019 seria "outro ano complicado" para a lucratividade subjacente da Daimler, e que a empresa "precisa ganhar eficiência em grau significativo" na divisão Mercedes, sua principal unidade.

A GM havia alertado sobre um ambiente "volátil" no ano passado e afirmou que antecipava queda em seus lucros na China este ano, mas viu uma queda inferior à esperada em seu lucro anual devido ao forte desempenho de suas operações nos Estados Unidos. A empresa foi uma das primeiras a cortar custos, desativando temporariamente diversas fábricas nos Estados Unidos, no final do ano passado, e preparando a demissão de milhares de trabalhadores.

"Acreditamos que a GM tenha desafios significativos dada sua exposição ao mercado chinês, que está em desaceleração", disseram analistas da CFRA Research.

A Fiat Chrysler Automobiles, Jaguar Land Rover e Volvo Cars também ressaltarão as condições difíceis que o setor enfrenta ao anunciar resultados, na quinta-feira.

A Ford, que sofreu queda de 50% em seu lucro anual em 2018, está reestruturando seus negócios na Europa, China e América Latina, enquanto a Jaguar Land Rover anunciou milhares de demissões devido à desaceleração de suas vendas na China e à contração no mercado europeu de veículos diesel.

Muitos dos centros de lucro do setor - América do Norte e China - estão experimentando desaceleração ou queda de lucros, e na China a competição crescente de rivais nacionais cria desafios de lucratividade.
 
Tradução de PAULO MIGLIACCI

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