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Falido, Schahin mora em apartamento de R$ 8 milhões

Empresário envolvido no escândalo da Lava Jato usa tornozeleira eletrônica

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São Paulo

Envolvido no escândalo da Lava Jato, o empresário Salim Taufic Schahin, hoje com 79 anos, usa tornozeleira eletrônica e não pode sair de sua residência no período noturno, das 20h às 6h.

Salim, que fez um acordo de delação premiada, mora em seu apartamento de 663 metros quadrados na alameda Franca, nos Jardins, em São Paulo. O imóvel é avaliado em pelo menos R$ 8 milhões.

Salim era um dos sócios do Grupo Schahin, que faliu em março do ano passado depois de uma tentativa frustrada de recuperação judicial.

A Justiça considerou que o grupo, que tinha dívidas estimadas em R$ 6,5 bilhões, não estava cumprindo o plano de pagamento dos credores.

Salim Taufic Schahin, envolvido na Lava Jato - Mastrangelo Reino - 25.mar.11/Folhapres

Com o irmão Milton, também envolvido na Lava Jato, ele é, desde 2015, alvo de um processo de cobrança por parte de 12 bancos, entre os quais o Itaú e o Bradesco, que exigem o pagamento de uma dívida de mais de R$ 1 bilhão.

A Justiça decretou em 2016 a penhora das contas bancárias dos empresários, mas só foram encontrados alguns reais, no que foi chamado pelos bancos de “um evidente esvaziamento patrimonial”.

Uma das contas, no banco BTG Pactual, foi fechada apenas três dias antes da apresentação do pedido de recuperação judicial. “Seguem usufruindo de uma vida luxuosa”, afirmam os bancos na petição.

Citam, como exemplo, uma viagem que Milton Schahin fez para a França, em 2016, por ocasião do seu aniversário de 40 anos de casamento.

O empresário teria gasto R$ 45 mil com passagens na classe executiva e a hospedagem de oito noites em uma suíte de 55 metros quadrados no hotel Franklin Roosevelt, em Paris.

Os Schahin dizem no processo passar por grandes dificuldades financeiras. Afirmam também que contribuíram com o seu patrimônio pessoal nas garantias das diversas operações financeiras.

Além da contas bancárias, a Justiça decretou também a penhora de 19 imóveis listados em nome dos empresários.

Os bancos, que os acusam de ocultar patrimônio, defendiam que o apartamento de R$ 8 milhões dos Jardins também fosse penhorado.

Salim alegou que o local é a residência de sua família desde 1997 e que, pela legislação, como tal, não poderia ser penhorado.

Os bancos entendiam que o total obtido com a venda do imóvel deveria ser usado para abater uma parcela da dívida dos Schahin.

Uma pequena parte do valor alcançado com o negócio poderia ser usada pelo empresário para adquirir um novo imóvel, de padrão médio, segundo a petição apresentada pelas instituições financeiras.

“Caso assim não se entenda, chegaríamos ao absurdo de manter o executado morando em sua luxuosa residência, enquanto seus credores não veem [nem] sequer parte de seu crédito bilionário”, afirmaram os bancos na ação.

A Justiça não aceitou a argumentação e manteve o apartamento dos Jardins com Salim, determinando, no entanto, a apreensão de obras de arte e outros móveis não essenciais, entre os quais uma escultura de Alfredo Ceschiatti avaliada em R$ 40 mil.

Parentes dos Schahin tentam, no entanto, reverter a medida. Carlos Schahin, filho de Salim, afirma que o quadro “A Caipirinha”, de Tarsila do Amaral, foi injustamente penhorado pela Justiça.

Diz que comprou o quadro do pai em 2013, antes mesmo da cobrança efetuada pelos bancos.

Como prova, apresentou um instrumento particular de compra e venda segundo o qual pagou R$ 240 mil ao pai na ocasião. O documento não foi registrado em cartório. Os bancos dizem que a obra foi avaliada por peritos e vale R$ 40 milhões e que a operação foi uma “evidente simulação”.

Isabel Shahin, casada com Milton, afirmou à Justiça que grande parte dos objetos penhorados é “na verdade, bens essenciais ao cotidiano” da família e cita máquina de lavar, TV e um micro-ondas.

“A verdade é que a real intenção [dos bancos] é constranger seus familiares com medidas judiciais dispensáveis.”

A Folha não conseguiu contato com os Schahin. RG e RL
 

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