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Guedes faz críticas ao PSL e diz que governo enfrenta a si mesmo no Congresso

Ministro afirmou que PEC que engessa o Orçamento é choque de acomodação

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Brasília

O ministro Paulo Guedes (Economia) fez críticas à atuação do PSL, o partido do presidente Jair Bolsonaro, e indicou que este foi um dos fatores que o fez não ir a audiência na CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) nesta terça-feira (26). 

O descontentamento de Guedes com o partido foi antecipado pela coluna Painel, da Folha, nesta quarta-feira (27).

Ele afirmou que o governo tem trabalhado e está tentando acertar. Em 60 dias apresentou um pacote anticrime e uma proposta de reforma da Previdência. Mas, no Congresso, o governo parece enfrentar a si mesmo.

"Quando parte para ações no Congresso, o próprio opositor dele [o governo] é ele mesmo. Então algo está falhando do nosso lado", disse Guedes. 

"Realmente é assustador, ontem eu tomei um susto. O aviso que eu tinha é: 'você foi convocado para ir num lugar onde não tem relator, todo mundo vai atirar pedra e seu partido vai atirar também porque estão contra a reforma'. Não entendi mais nada", disse Guedes, referindo-se à participação prevista na CCJ.

O ministro afirmou que, em seu cálculo político, o PSL deveria fechar questão em apoio à reforma, mesmo apoiando mudanças no texto. A líder do governo no Congresso, a deputada Joice Hasselman (PSL-SP), disse nesta terça-feira (26) à noite que o PSL fecharia questão. O DEM também fecharia questão, na visão de Guedes, uma vez que ocupa ministérios e já se posicionou a favor da reforma.

Em outro momento da audiência, o ministro afirmou que irá à CCJ na semana que vem, seguindo acordo firmado entre o líder do partido da Câmara, Major Vitor Hugo (PSL-GO), e a oposição.

Guedes disse que foi orientado pela equipe política do governo a não ir.

"Eu vou à Câmara na semana que vem. Eu fui aconselhado a não ir. Me disseram: 'você vai chegar lá e seu partido vai atirar em você, além disso a oposição vai atirar em você, além disso não tem relator, você vai perder seu tempo'. Então essa é a orientação? OK. Mas já está marcado para a semana que vem, eu vou lá", disse. "Parece que não vou levar tiro pelas costas do nosso partido, talvez só pela frente".

Ele minimizou, porém, o choque entre o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM) e o presidente Bolsonaro. Na sua visão, trata-se de um choque de acomodação que será superado.

O ministro respondeu ao questionamento do senador Major Olímpio (PSL-SP) sobre a interpretação da equipe econômica da emenda constitucional que engessa ainda mais o Orçamento federal, aprovada na Câmara na noite desta terça (26).

Durante sua pergunta, Olímpio pediu ao ministro que explicasse a lógica do governo.  

"Não entendi ainda qual foi a lógica do governo. Quero saber agora qual é a posição do governo diante disso. Minha avaliação primeira é que engessa mais ainda o Orçamento, tira do governo a possibilidade de fazer modificações de conteúdos orçamentários. Se o governo entender que isso está dentro da lógica, não tem porque nos opormos aqui. Por isso vou questionar o ministro Paulo Guedes [Economia]", afirmou Olímpio nesta quarta-feira (27).

Parte dos parlamentares, inclusive o filho do presidente Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), votou a favor da emenda. Olímpio, por sua vez, criticou o engessamento extra e cobrou orientação do governo.

Na avaliação de Guedes, a aprovação da emenda do Orçamento foi uma "demonstração de força política da Câmara". Ele considera que a emenda tem um sinal positivo e outro negativo.

"Foi uma disputa de espaço político. Foi mostrado o seguinte: vocês têm uma reforma que acham importante, que tem seis meses para aprovar, que é a Previdência. Pode ser aprovado em dois dias, pode ser aprovado até no mesmo dia", disse Guedes.

Guedes criticou a inserção de mais um gasto "carimbado" no Orçamento —emendas parlamentares. Mas afirma que se o carimbo dá preferência a emendas que vão para estados e municípios, ela vai no sentido positivo, de descentralizar recursos do governo central para estados e municípios.

O ministro respondeu ao questionamento do senador Major Olímpio (PSL-SP) sobre a interpretação da equipe econômica da emenda constitucional que engessa ainda mais o Orçamento federal, aprovada na Câmara na noite desta terça (26).

Parte dos parlamentares, inclusive o filho do presidente Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), votou a favor da emenda. Olímpio, por sua vez, criticou o engessamento extra e cobrou orientação do governo.

Na avaliação de Guedes, a aprovação da emenda do Orçamento foi uma "demonstração de força política da Câmara". Ele considera que a emenda tem um sinal positivo e outro negativo.

"Foi uma disputa de espaço político. Foi mostrado o seguinte: vocês têm uma reforma que acham importante, que tem seis meses para aprovar, que é a Previdência. Pode ser aprovado em dois dias, pode ser aprovado até no mesmo dia", disse Guedes.

Guedes criticou a inserção de mais um gasto "carimbado" no Orçamento —emendas parlamentares. Mas afirma que se o carimbo dá preferência a emendas que vão para estados e municípios, ela vai no sentido positivo, de descentralizar recursos do governo central para estados e municípios.

ENTREVERO

Originalmente voltada à discussão de temas dos estados, como a Lei Kandir e a dívida dos entes federados, a audiência pública na CAE acabou se concentrou na reforma da Previdência.

No momento em que Guedes criticava aposentadorias elevadas de parlamentares foi interrompido pela senadora Kátia Abreu (PDT-TO) e isso provocou um bate-boca. 

"Eu posso falar? A senhora terá o seu horário", disse Guedes.

"O senhor não é o mandante da comissão", respondeu Abreu.

O presidente da CAE, senador Omar Aziz (PSD-AM), interferiu na discussão.

"O senhor não vai desrespeitar nenhum senador aqui, o senhor adiou sua vinda três vezes, mandou a senadora calar a boca", disse Aziz.

Guedes respondeu que não havia mandado Abreu calar a boca.

"Não mandei ela calar a boca, eu perguntei se podia falar", disse. 

Por fim, Guedes cedeu a fala à Abreu. 

No fim da sessão, que durou cinco horas, Guedes pediu desculpas ao presidente e voltou a falar no ocorrido e fez referências ao PSL.

"Estou cansado, às vezes a gente cansa também. A gente anda 10 metros e de repente vê que levou um balaço de gente que é nossa mesmo. Você está esperando do adversário e vem um balaço pelo lado. Aí eu fico nervoso", disse Guedes.

Rindo, o ministro disse ainda que tem medo de Abreu.

"Já vi umas pelejas aqui... a senadora Kátia é brava. Quando ela partiu para cima fora do horário eu disse 'peraí, agora falo eu'. Se não ela me dá um couro", disse. "Nos últimos dois anos eu vi ela em combate e fiquei com medo mesmo".
 

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