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Descrição de chapéu Previdência

Com R$ 107 bi em ações, BNDES tem dificuldade para vender participações

Ofertar muitas ações da Petrobras, que tem maior peso na carteira do banco, poderia depreciar valor

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Rio de Janeiro

Apesar das críticas sobre sua participação no mercado acionário, o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) acelerou nos últimos anos a venda de participações que mantém em outras empresas.


O processo, porém, esbarra na elevada concentração de sua carteira em ações da Petrobras e da Vale.
A demora para reduzir o tamanho da carteira era uma das críticas da área econômica do governo à gestão de Joaquim Levy, que pediu demissão no domingo (16) em resposta a reclamações do presidente Jair Bolsonaro —que, no dia anterior, dissera “estar por aqui” com o executivo.


Ao fim do primeiro trimestre de 2019, a carteira de ações do BNDESPar, braço de participações do banco, valia R$ 106,84 bilhões. Embora tenha se desfeito de fatias importantes em empresas como Eletropaulo e Fibria, o valor da carteira cresceu 38% desde 2016, acompanhando a melhora da Bolsa de Valores.

O valor compreende apenas as ações em 37 empresas com capital negociado em Bolsa. 

Além delas, o BNDES tem fatias em 80 empresas fechadas, que valem, de acordo com a instituição, R$ 3,97 bilhões (possui ainda R$ 7,8 bilhões em debêntures de renda variável e outro R$ 1,86 bilhão em fundos de investimento).


A redução da presença em empresas negociadas em Bolsa já estava nas prioridades das últimas gestões. Em 2017, o BNDES teve lucro de R$ 3,7 bilhões com a venda de ações. Em 2018, o ganho saltou 65%, para 6,1 bilhões, “devido à aceleração das vendas e apreciação da Bolsa”, segundo informou o banco na ocasião. 


No primeiro trimestre de 2019, foram R$ 10,1 bilhões. O resultado foi obtido principalmente com venda de ações da empresa de celulose Fibria, que rendeu R$ 6,8 bilhões, e da Petrobras, que garantiu outros R$ 2 bilhões de ganho no período.


Em entrevista para detalhar o balanço, o então presidente Levy disse que o objetivo era manter o ritmo de desinvestimentos para reduzir volatilidades em seu balanço e, por outro lado, concentrar a aplicação de recursos em empresas nascentes e infraestrutura.


“Carregar Petrobras não traz valor adicionado”, afirmou, na ocasião.


A menção à petroleira estatal não foi feita à toa: 44,3% do valor da carteira do banco, ou R$ 53,4 bilhões, refere-se a ações da Petrobras. Outros 13,7% (R$ 16,5 bilhões) são da Vale. Mais três empresas (Eletrobras, JBS e Suzano) respondem por 21,2%.


O banco vem vendendo ações da Petrobras, mas em ritmo ainda considerado insuficiente pelo governo: no primeiro trimestre, se desfez do equivalente a 1,1% do capital da estatal, mas mantém ainda 13,9%.

A justificativa é que a oferta de um volume alto de ações pode depreciar o valor dos papéis.

No caso da Vale, o projeto de venda das ações foi suspenso após a tragédia de Brumadinho, em janeiro, que derrubou o valor de mercado da mineradora. Os papéis só serão oferecidos ao mercado quando estiverem mais valorizados.


Com a melhora do desempenho das empresas, porém, o BNDES tem recebido mais dividendos das companhias em que tem participação. Em 2018, foi R$ 1,6 bilhão.


Em evento na sede do banco na quarta (19), o ex-presidente do BNDES José Pio Borges defendeu uma maior rotatividade da carteira do BNDESPar, com ciclos de investimento entre cinco e seis anos.

O banco carrega até hoje, por exemplo, ações da Petrobras adquiridas no processo de capitalização da estatal, em 2010.

O logo do BNDES - Sergio Moraes/Reuters

O ex-presidente Luciano Coutinho, que conduziu essa aquisição quando estava à frente da instituição, defendeu que o BNDESPar é gerador de caixa para o banco e, portanto, a compra de ações não é feita com dinheiro subsidiado do governo.

Entre 2007 e 2015, afirma, a subsidiária gerou R$ 23 bilhões de caixa, com lucro acumulado de R$ 16 bilhões.

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