Descrição de chapéu Tragédia em Brumadinho

Após prejuízo com Brumadinho, Vale promete a investidores 'obsessão' por segurança

Na quinta, companhia anunciou prejuízo de R$ 6,4 bilhões no primeiro trimestre

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Rio de Janeiro

Após anunciar perdas possíveis de R$ 19 bilhões com o desastre de Brumadinho (MG), a Vale anunciou a investidores nesta sexta (10) mudanças em sua estratégia para melhorar a segurança de suas atividades. Segundo a empresa, o tema se torna uma "obsessão".

"Quero reafirmar que nunca vamos esquecer Brumadinho. E o legado será transformar a Vale na mais segura e, portanto, a mais confiável mineradora do mundo", disse o presidente da companhia, Eduardo Bartolomeo, em teleconferência com analistas.

Na quinta (9), a Vale anunciou prejuízo de R$ 6,4 bilhões no primeiro trimestre, provocado pelo reconhecimento de perdas de R$ 19 bilhões com despesas relacionadas ao rompimento da barragem da mina Córrego do Feijão.

A tragédia ocorreu no dia 25 de janeiro, deixando um rastro de destruição na área rural de Brumadinho. Até o momento, autoridades contabilizam 237 mortos e 33 desaparecidos. A maior parte deles estava na área industrial da companhia, localizada abaixo da barragem.

No balanço do primeiro trimestre, a Vale provisionou R$ 9,3 bilhões para acordos de compensação das vítimas e remediação de áreas atingidas e R$ 7,1 bilhões para a descaracterização de barragens semelhantes à que se rompeu. 

A empresa contabilizou ainda despesas de R$ 2,5 bilhões com trabalhos na área tingida, perda de volumes de produção e suspensão de operações, entre outros.

Em teleconferência, o diretor financeiro da Vale, Luciano Siani, disse que os valores foram calculados com base na experiência obtida após o rompimento da barragem de Fundão, da controlada Samarco, em 2017, e não consideram eventuais custos ambientais. 

Ele ressaltou, porém, que os analistas não precisam esperar outra grande provisão, já que o dano ambiental foi menor do que o provocado pelo rompimento da Samarco. Naquele caso, o volume de rejeitos da barragem era dez vezes maior.

As apresentações aos analistas foram iniciadas com anúncios de revisão da estratégia da companhia, que prometeu "transformar sua forma de operar", dando maior destaque à análise de riscos em sua gestão de portfólio.

A empresa está criando uma área de Segurança e Excelência Operacional, diretamente ligada à presidência, para definir parâmetros e procedimentos de gerenciamento de riscos e realizar auditorias independentes.

Se comprometeu ainda "ressignificar" a mineração brasileira, alterando o relacionamento com as comunidades próximas a seus projetos no sentido de fomentar o desenvolvimento econômico, "indo além do mero desenvolvimento econômico e das ações compensatórias".

Bartolomeo elencou o renascimento de Brumadinho, a obsessão pela segurança e o reconhecimento da sociedade como fatores que definirão o sucesso da Vale no médio prazo. A empresa prevê também um portfólio mais enxuto de ativos.

"A atenção da administração vai se voltar para o Brasil nos próximos anos", disse Siani aos analistas estrangeiros, quando perguntado sobre o negócio de carvão no exterior.

Atualmente, a Vale enfrenta restrições em minas que, juntas, têm capacidade para produzir 90 milhões de toneladas de minério de ferro por ano. Assim, postergou por "dois ou três anos" sua meta de atingir 400 milhões de toneladas, prevista para 2019.

Siani disse esperar que a empresa retome em breve as operações de Brucutu, sua principal mina em Minas Gerais, que foram suspensas por determinação da Justiça pela segunda vez no início da semana. A unidade tem capacidade para produzir 30 milhões de toneladas.
 

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