Provisão reduz ganho de bancos em todo o mundo
No país, quatro maiores bancos com capital aberto na Bolsa provisionaram um aumento de 91,7% em relação a igual período de 2019
Já é assinante? Faça seu login
Continue lendo com acesso ilimitado.
Aproveite esta oferta especial:
Oferta Exclusiva
6 meses por R$ 1,90/mês
SOMENTE ESSA SEMANA
ASSINE A FOLHACancele quando quiser
Notícias no momento em que acontecem, newsletters exclusivas e mais de 200 colunas e blogs.
Apoie o jornalismo profissional.
O aumento das reservas contra calotes reduziu os resultados bancários a nível global. O movimento acompanha a perspectiva de uma possível piora da carteira de crédito devido à crise do coronavírus.
Só no Brasil, os quatro maiores bancos com capital aberto na Bolsa (Banco do Brasil, Bradesco, Itaú Unibanco e Santander) provisionaram, juntos, R$ 54,96 bilhões no primeiro semestre deste ano, um aumento de 91,7% em relação a igual período de 2019.
Apesar de menores, os resultados continuaram bilionários. Todos os quatro tiveram lucros acima de R$ 5 bilhões no semestre. Juntos, somaram R$ 28,2 bilhões em lucros, uma queda de 32,9% na mesma comparação.
No início da pandemia, agências de classificação de risco e analistas já projetavam maiores reservas contra calotes nos bancos para tentar conter os impactos da crise.
Em abril, analistas do BTG Pactual fizeram uma estimativa inicial de que as provisões subiriam pelo menos 40% em 2020, enquanto especialistas do UBS projetavam altas de até 60% nessas reservas.
“Se a inadimplência desse segmento aumentar de 4% [patamar que registrou no final de 2019] para 7%, por exemplo, estamos falando de uma perda de R$ 16 bilhões para o sistema financeiro brasileiro”, afirmou o analista do UBS Thiago Batista, na época.
O movimento acontece também entre os principais bancos dos Estados Unidos e da Europa. Somadas, as provisões dos americanos Bank of America, Citigroup e JPMorgan alcançaram aproximadamente US$ 39,2 bilhões (R$ 209,4 bilhões) —alta de mais de sete vezes.
Da mesma forma, o lucro dos bancos americanos também continuou bilionário, apesar de ter caído na mesma relação: juntos, os três principais bancos dos EUA registraram lucro de US$ 18,9 bilhões (R$ 100,9 bilhões), queda de 56%.
Já nos europeus BNP Paribas, Deutsche Bank, HSBC e a sede espanhola do Santander, as provisões dobraram (152%), para a soma de € 18 bilhões.
Nesse grupo, apenas o Santander registrou prejuízo no valor de € 11,1 bilhões (R$ 70,3 bilhões) no segundo trimestre em razão de uma baixa contábil de € 12,6 bilhões (R$ 79,8 bilhões) —esses bancos europeus também tiveram lucro neste ano.
No primeiro semestre, o banco espanhol acumulou um prejuízo de € 10,8 bilhões (R$ 68,4 bilhões) —ante lucro de € 3,2 bilhões (R$ 20,3 bilhões). O lucro somado dos demais —BNP, Deutsche e HSBC— ficou em € 6,8 bilhões (R$ 43 bilhões), queda de 39,9% .
Em levantamento feito em oito países (França, Alemanha, Itália, Espanha, Reino Unido, EUA, Brasil e México), a Moody’s afirmou que o impacto do coronavírus continuará a ameaçar a qualidade dos ativos, a lucratividade e o capital dos bancos.
“Até o final de 2022, muitos bancos não terão recuperado o nível de capital que tinham quando entraram na crise”, diz o vice-presidente da Moody’s, Jorge Rodriguez-Valez.
No Brasil, o diretor sênior de instituições financeiras da Fitch Ratings, Claudio Gallina, diz que ainda existem fatores que podem levar a mais provisões. “Isso pode pressionar a rentabilidade dos que foram menos conservadores no primeiro semestre”, diz.
Receba notícias da Folha
Cadastre-se e escolha quais newsletters gostaria de receber
Ativar newsletters