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Eletrobras corta mais da metade dos funcionários em cinco anos

Foram mais de 13 mil desligamentos em preparação para privatização da estatal

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Rio de Janeiro

Em preparação para a privatização, a Eletrobras cortou mais da metade de seu quadro de pessoal nos últimos cinco anos, com o desligamento de quase 14 mil funcionários em programas de demissão incentivada ou com a venda de ativos, como as distribuidoras de energia das regiões Norte e Nordeste.

Em 2021, a empresa pretende desligar mais 476 pessoas, chegando ao fim do ano com 11.612 empregados, uma queda de 55% em relação ao número vigente em 2016, quando foi iniciado o processo de enxugamento da companhia.

Segundo a companhia, os cortes garantiram uma economia de quase 30% nos custos com pessoal, materiais e serviços, que somaram R$ 9,1 bilhões em 2020. A redução foi uma das principais bandeiras do ex-presidente da companhia, Wilson Ferreira Júnior, que renunciou no fim de janeiro.

Embora tenha aceitado convite para comandar a BR Distribuidora, Ferreira Júnior permanece no conselho de administração e comandou nesta segunda (22) conferência com analistas e entrevista para detalhar os resultados da companhia em 2020.

Ele aproveitou para fazer um balanço de sua gestão, iniciada em 2016 por indicação do ex-presdidente Michel Temer. Nesse período, a empresa conseguiu privatizar as deficitárias distribuidoras estaduais, vendeu ativos e restruturou suas operações.

Como exemplo da restruturação, Ferreira Júnior frisou que a companhia reduziu o número de empresas controladas de 178 em 2016 para 94 em 2020. A meta é fechar 2021 com 49. Parte desse corte se deu em vendas de ativos como parques eólicos e parte com reorganizações societárias.

Foram vendidas 51 empresas, com receita de R$ 2,2 bilhões. Outras 11 foram encerradas e 20 incorporadas à Eletrobras. Com menos coligadas e controladas, a Eletrobras reduziu de 885 para 540 o número de dirigentes, incluindo diretores e conselheiros de administração e fiscais.

O executivo já preparava a companhia para o processo de privatização, que foi iniciado por Temer mas esbarrou em resistências no Congresso. No fim de fevereiro, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) editou medida provisória liberando o início dos estudos pelo BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social).

A ideia é promover uma capitalização da empresa, com a venda de novas ações no mercado, sem que o governo participe do processo. Assim, a participação estatal será diluída para uma fatia menor do que a necessária para exercer o controle.

A expectativa do governo é arrecadar R$ 25 bilhões neste processo, além de injetar outros R$ 25 bilhões na CDE (Conta de Desenvolvimento Energético), reduzindo a pressão sobre as contas de luz. Para acelerar o processo, o presidente Bolsonaro concordou em liberar, deste montante, R$ 8,7 bilhões em obras hídricas em redutos eleitorais.

Ferreira Junior disse que os números finais ainda dependem dos estudos do BNDES, que precisa avaliar questões como o valor da usina de Tucuruí, a segunda maior do país, que terá seu contrato de concessão prorrogado segundo o projeto de Bolsonaro, o que amplia o valor da Eletrobras.

O executivo disse que, com as medidas adotadas nos últimos anos, a estatal conseguiu reduzir seu endividamento para cerca de 1,5 vezes a geração de caixa, indicador menor do que o considerado ótimo, de 2,5 vezes, retomando sua capacidade de investimento.

Com isso, garantiu os recursos para continuar as obras da usina nuclear Angra 3, que já consumiu R$ 8,5 bilhões e ainda demanda outros R$ 18,5 bilhões, até que o governo consiga atrair um sócio privado para o empreendimento. Em 2020, a Eletrobras colocou R$ 1 bilhão no projeto e, para 2021, a previsão são R$ 2,5 bilhões.

Os recursos serão utilizados para concluir obras civis e a montagem eletromecânica do projeto, que tem início de operações previsto para o fim de 2026. Como a energia nuclear é monopólio estatal por lei, o governo tenta atrair um sócio estratégico para a Eletronuclear, subsidiária da estatal que controla as usinas.

Nos eventos desta segunda, Ferreira Júnior disse que o conselho de administração da companhia já vem entrevistando sugestões de executivos para substituí-lo, feitas por uma consultoria especializada. A decisão final, porém, será do governo.

Em 2020, a Eletrobras registrou lucro de R$ 6,4 bilhões, 44% a menos do que no mesmo período do ano anterior. O resultado teve impacto positivo da revisão tarifária dos ativos de transmissão de energia, que garantiu um acréscimo de R$ 3 bilhões anuais na receita da companhia.

Por outro lado, o desempenho foi puxado pelo aumento das provisões para processos judiciais, que contribuiu negativamente com R$ 2,2 bilhões. Excluindo fatores extraordinários, o lucro líquido recorrente da companhia foi de R$ 9,5 bilhões, 12% a menos do que em 2019.

Com o resultado, a empresa propõe pagar mais R$ 1,5 bilhão em dividendos a seus acionistas. Em fevereiro, foram pagos R$ 2,3 bilhões em dividendos retidos, totalizando assim um valor de R$ 3,8 bilhões em remuneração a seus acionistas no ano.

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