Descrição de chapéu Governo Lula

Lula fala em levar premiê japonês a churrasco para convencer país a comprar carne brasileira

Brasil pleiteia entrada no mercado japonês para alavancar exportações de proteína animal para Ásia

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Brasília

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) pediu nesta sexta-feira (3) ao primeiro-ministro do Japão, Fumio Kishida, que o país asiático comece a comprar carne brasileira, um pleito feito desde 2005.

Em declaração à imprensa após reunião bilateral no Palácio do Planalto, o petista falou em tom de brincadeira para o vice-presidente, Geraldo Alckmin (PSB), levar o líder japonês a uma churrascaria em São Paulo. Alckmin e Kishida cumprirão agenda na capital paulista nos próximos dias.

"Se tiver em São Paulo, Alckmin, por favor, leve o primeiro-ministro Fumio para comer um churrasco no melhor restaurante de São Paulo, para que na semana seguinte comece a importar nossa carne, para poder gerar desenvolvimento", disse Lula.

Kishida, por sua vez, não mencionou o assunto em seu discurso.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva em cerimônia com o primeiro-ministro do Japão, Fumio Kishida - Gabriela Biló - 3.mai.24/Folhapress

A abertura do mercado japonês para a carne brasileira é um pleito antigo do governo brasileiro —o Brasil já exporta frango para o país asiático.

Hoje, o Japão importa carne bovina principalmente de dois fornecedores: Estados Unidos e Austrália.

O argumento dos negociadores brasileiros é que a carne do país não competirá com a produção local no Japão. Isso porque a carne brasileira seria usada como insumo para outros processados.

Outro argumento é que as condições sanitárias hoje são muito melhores do que em 2005.

Mesmo que o Japão abra seu mercado para a carne brasileira, ela entraria no país pagando um imposto superior ao aplicado aos produtos americanos e australianos. Acordos comerciais entre o Japão e esses países garantem a eles a aplicação de um imposto menor.

Apesar dessa taxação, diz o Itamaraty, o produto brasileiro seria competitivo no mercado japonês.

Questionada por jornalistas sobre a possibilidade de o Japão comprar carne bovina do Brasil, a porta-voz do governo japonês, Maki Kobayashi, fez referência ao status sanitário do país e ao tempo do processo para abertura do mercado ao produto brasileiro.

"Gostaríamos muito, mas é um procedimento que precisamos para a verificação científica depois da febre aftosa. Demora um pouco porque é preciso trocar dados", disse. "Esperamos poder comer carne brasileira em uma churrascaria em Tóquio, é muito popular no Japão, cada vez mais churrascarias."

Nesta quinta-feira (2), o Brasil se autodeclarou um país livre de febre aftosa sem vacinação. A última ocorrência da doença em território nacional foi em 2006, seguida da implementação de zonas livres.

Atualmente, Santa Catarina, Paraná, Rio Grande do Sul, Acre, Rondônia e partes do Amazonas e do Mato Grosso têm o reconhecimento internacional de zona livre de febre aftosa sem vacinação pela OMSA (Organização Mundial de Saúde Animal).

A ideia do governo Lula é pleitear o reconhecimento internacional desse status sanitário em agosto de 2024. Se aprovado, o resultado será apresentado em maio de 2025, durante assembleia-geral da OMSA. Isso abriria espaço para o Brasil ter acesso a mercados mais exigentes.

Ao lado de Kishida, Lula aproveitou a declaração para fazer um relato de uma situação semelhante que ocorreu em seu governo anterior.

O chefe do Executivo disse que, durante visita do então premiê Junichiro Koizumi, serviu ao líder japonês mangas para defender que o país asiático aceitasse comprar frutas brasileiras. O Japão alegava preocupação com um determinado tipo de praga.

"Quatro ou cinco meses depois nós exportamos a primeira carga de frutas para o Japão e muitas mangas que saíram do aeroporto de Petrolina, em Pernambuco, para exportar para o Japão. E assim que a gente vai fazendo as coisas acontecerem", disse Lula. "Ninguém ama o que não conhece, ninguém gosta do que nunca experimentou".

A visita ocorre em meio a uma operação do primeiro-ministro para fortalecer os laços econômicos entre seu país e a América do Sul como contraponto aos esforços de China e Rússia para liderar países em desenvolvimento.

Além da reunião no Planalto, os líderes participaram de um almoço no Palácio do Itamaraty, sede do Ministério das Relações Exteriores do Brasil.

Há quase um ano, em maio do ano passado, Lula se encontrou com Kishida na cúpula do G7 em Hiroshima. Na ocasião, o premiê prometeu isenção de visto de curta duração para brasileiros e confirmou um empréstimo futuro de 30 bilhões de ienes (R$ 1,09 bilhão) para saúde e outros setores.

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