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Carlos Brito vai deixar o comando da AB InBev em 1° julho

Maior fabricante mundial de cerveja aponta Michel Doukeris, comandante de suas operações na América do Norte, como sucessor

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Judith Evans
Financial Times

Carlos Brito, que transformou uma fabricante regional de cerveja brasileira na maior companhia de cerveja do planeta, a Anheuser-Busch InBev, vai deixar a presidência executiva do grupo depois de 15 anos.

A AB InBev anunciou que Brito cederia o posto a Michel Doukeris, presidente das operações da companhia na América do Norte, em 1º de julho, e deixaria a empresa depois de mais de três décadas.

A saída do brasileiro representa o final de uma era no setor de cerveja, depois que Jean-François van Boxmeer deixou a presidência executiva da Heineken em 2020. Os dois homens ajudaram a propelir a consolidação do setor, adquirindo empresas regionais e criando gigantes mundiais no ramo da cerveja.

Também coroará um período de mudança de liderança na AB InBev, depois da saída do vice-presidente de finanças do grupo, Felipe Dutra, em abril de 2020, e de seu presidente do conselho, Olivier Goudet, em 2019. Dutra foi substituído por Fernando Tennenbaum, vice-presidente de finanças da unidade brasileira do grupo, e Martin Barrington, antigo presidente-executivo do grupo de tabaco Altria, assumiu a presidência do conselho.

Carlos Brito (à esquerda) deixa o comando da InBev para Michel Doukeris - InBev/Divulgação

“Brito foi o arquiteto que liderou e transformou a AB InBev na maior companhia de cerveja do planeta e em uma empresa líder no ramo de bens de consumo embalados, ao integrar magistralmente os muitos negócios que formam a AB InBev hoje”, disse Barrington.

A fabricante das cervejas Budweiser, Stella Artois e Corona estudou seriamente a contratação de candidatos externos para o posto, noticiou o Financial Times no ano passado, mas optou por Doukeris, outro brasileiro que começou no grupo 25 anos atrás, e subiu na hierarquia de vendas antes de comandar as operações da companhia na Ásia e na América do Norte.

A AB InBev anunciou que seu conselho elegeu Doukeris por unanimidade para substituir Brito, que completa 61 anos no sábado. As ações da companhia subiram em 4,6%, para 61,38 euros, em transações na manhã de quinta-feira.

A saída de Brito surge em um momento no qual a companhia está enfrentando o impacto da pandemia, somado a uma carga de dívidas que chegava aos US$ 87,2 bilhões no final de 2020, incorrida por conta de sua aquisição da SABMiller em 2016. A empresa reduziu seu dividendo à metade em abril do ano passado.

A AB InBev anunciou na quinta-feira que sua receita havia subido em 17,2% no primeiro trimestre, ante o período em 2020, acima das expectativas, para US$ 12,3 bilhões, com a ajuda de uma alta de 13,3% no volume de cerveja vendido, agora que as ocasiões sociais e o consumo de bebidas começam a se recuperar das restrições impostas por conta da pandemia, especialmente na China. A empresa gerou US$ 1,1 bilhão em lucros subjacentes.

“O conselho e eu conversamos e achamos que era a hora certa para entregar o bastão a Michel, que representa a nova geração de líderes”, disse Brito.

“Vou fazer uma pausa, me reposicionar, buscar oportunidades e decidir qual será meu próximo passo... O grupo terminou o ano passado com grande ímpeto”.

A carreira de Brito no mercado de cerveja começou em 1989, quando ele começou a trabalhar para a Brahma, uma fábrica de cerveja brasileira, sob o comando de seu mentor, Jorge Paulo Lemann, fundador do grupo de capital privado 3G, que pagou pela educação de Brito na Universidade Stanford.

A Brahma iniciou uma expansão baseada em aquisições, transformando-se na Ambev, uma produtora de cervejas de alcance regional. Brito assumiu a presidência executiva da companhia em 2004 e naquele ano mesmo a empresa se fundiu com a Interbrew, da Bélgica, fabricante da cerveja Stella Artois, criando a InBev. Quatro anos mais tarde, a companhia executou uma tomada hostil de controle acionário do grupo americano Anheuser-Busch e se tornou uma fabricante mundial de cerveja.

Brito e sua companhia se tornaram conhecidos por aquisições incansáveis e pelas medidas de corte de custo, mas nos últimos anos a empresa tem vendido unidades para ajudar a reduzir suas dívidas, o que inclui a venda de suas operações australianas à Asahi por US$ 11 bilhões, no ano passado.

Edward Mundy, analista do banco Jefferies, disse que “[Doukeris] tem foco forte nas marcas premium, tendo implementado a divisão de cervejas de alto preço do grupo na China, e também nas operações digitais, com a primeira plataforma de comércio eletrônico direto ao consumidor da companhia. A clareza quanto à sucessão no comando deve ser bem recebida”.

Tradução de Paulo Migliacci

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