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Investidor fica mais seletivo com IPOs nos EUA e ações caem

Mercado superaquecido de alguns meses atrás esfriou, e investidores estão mais seletivos

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Aziza Kasumov Eric Platt
Financial Times

Os investidores já não estão correndo para adquirir ações em IPOs (ofertas públicas iniciais) no mercado dos Estados Unidos, o que reduz a probabilidade de que uma companhia coloque ações com preços superiores às expectativas, ou desfrute de uma alta inicial generosa em seu primeiro dia no pregão.

Novos dados mostram que o mercado de IPOs esfriou substancialmente, desde o primeiro trimestre superaquecido, e as ações em companhias que chegaram recentemente às bolsas estão sendo cotadas de forma mais modesta; algumas estreias importantes fracassaram.

Em janeiro e fevereiro, as ações de empresas que estavam começando a ser negociadas na Bolsa de Valores de Nova York e na Nasdaq registraram média de 40% de alta ante seu preço de lançamento no dia inicial de operações em pregão, de acordo com dados da Dealogic.

Em março e abril, essa alta inicial caiu para mais perto de 20%, e em maio caiu ainda mais, para em média 18%, até a metade da semana passada. Os dados excluem as ofertas públicas iniciais de empresas de aquisição para propósitos específicos (Spac, na sigla em inglês), que praticamente secaram quando as autoridades regulatórias agiram para restringir esse mercado.

Logo da Nasdaq, em Nova York - Brendan McDermid - 2.set.15/Reuters

A maior parte das empresas ainda registra alta em seu dia de estreia no mercado, mas nas últimas semanas alguns ingressantes nos mercados de ações sofreram tropeços em seu primeiro dia.

O grupo chinês de tecnologia para seguros Waterdrop teve queda de 19% em seu dia de oferta pública inicial, e a Vaccitech, a empresa que controla a tecnologia por trás da vacina Oxford/AstraZeneca contra o coronavírus, sofreu queda de 17%. A Talaris Therapeutics, uma empresa de biotecnologia, teve queda de 4,4% em sua entrada no mercado, no começo de maio.

“O mercado já não está mais naquela situação de ‘todos saem ganhando’ que existia no primeiro trimestre”, disse Rachel Philips, sócia do escritório de advocacia Ropes & Gray que trabalha na área de mercado de capitais.

A determinação dos preços de oferta também se tornou menos generosa.

No primeiro trimestre, uma em cada quatro empresas que abriram seu capital nos Estados Unidos determinou preços superiores à faixa esperada para o lançamento de suas ações, de acordo com dados da Refinitiv. O quarto trimestre do ano passado foi ainda mais quente, com 40% das empresas determinando preços de oferta inicial superiores à faixa prevista.

Desde o começo do segundo trimestre, só 11% das companhias determinaram preços superiores à faixa esperada para suas ofertas iniciais, de acordo com a Refinitiv. Treze por cento delas determinaram preços inferiores à faixa prevista – a maior proporção desde pelo menos o começo da pandemia.

“Havia um ambiente de mercado incrivelmente otimista”, no começo do ano, disse Jeff Bunzel, diretor de mercado de ações do Deutsche Bank. Em janeiro, todas as ofertas públicas iniciais do setor de tecnologia nos Estados Unidos tiveram preços iniciais superiores aos projetados, ele disse. Agora, “existe um bom espaço para que o mercado se reacomode, mas isso não quer dizer que o mercado de ofertas públicas está em má forma ou com problemas”.

Restando um mês no segundo trimestre, 54 companhias arrecadaram US$ 18 bilhões em ofertas públicas iniciais, até o momento. No primeiro trimestre, 101 companhias, excluindo Spacs, arrecadaram US$ 42 bilhões, o nível mais elevado de capital gerado por ofertas públicas iniciais durante a pandemia, de acordo com dados da Refinitiv.

Os investidores continuam muito interessados em algumas ofertas públicas iniciais.

A Figs, fabricante de roupas hospitalares cujas ações começaram a ser negociadas na bolsa de Nova York quinta-feira, estimou seu preço de oferta inicial em US$ 22 por ação – US$ 3 acima da faixa prevista -, e registrou alta de 36% em seu primeiro dia no pregão. As ações da empresa subiram em mais 14% na sexta-feira.

“Independentemente da situação do mercado, era nossa hora”, disse Heather Hasson, uma das fundadoras da companhia.

Outras ações se mostraram mais suscetíveis às condições do mercado, e pelo menos três empresas mencionaram as oscilações do mercado de ações em maio como motivo para postergar suas ofertas públicas iniciais.

“Esse é o problema: ao fazer uma oferta pública inicial, você fica sujeito às incertezas do mercado”, disse Tom McInerney, presidente-executivo da Genworth Financial, que planejava promover a cisão da Enact, sua empresa de seguro hipotecário, na metade de maio, por meio de uma oferta pública inicial.

Quando preocupações sobre competição de preços e inflação levaram, a uma queda de mais de 10% nas ações do setor, a companhia decidiu adiar sua oferta pública inicial, no último minuto.

“Consideramos o que aconteceu como má sorte”, disse McInerney.

Traduzido originalmente do inglês por Paulo Migliacci

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