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Rússia e Belarus estão em 'território de calote', diz autoridade do Banco Mundial

Sanções impostas pelo Ocidente aumentaram risco de não pagamento da dívida de US$ 40 bi

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Andrea Shalal
Washington | Reuters

A Rússia e Belarus estão próximas do calote devido às enormes sanções impostas contra suas economias pelos Estados Unidos e seus aliados durante a guerra na Ucrânia, disse à Reuters a economista-chefe do Banco Mundial, Carmen Reinhart.

A ameaça de um default da Rússia no valor de US$ 40 bilhões em títulos externos —o que seria seu primeiro grande calote desde os anos que se seguiram à revolução bolchevique de 1917— paira sobre os mercados desde que uma série de sanções à Rússia e contramedidas de Moscou isolaram amplamente o país dos mercados financeiros globais.

Fila para sacar dinheiro em caixa eletrônico em Moscou, na Rússia - Maxim Shipenkov/EFE

"Tanto a Rússia quanto Belarus estão em território de inadimplência", disse Reinhart em entrevista. "Eles não são classificados pelas agências como um default seletivo ainda, mas estão bem perto."

Na terça-feira, a Fitch rebaixou a classificação soberana da Rússia em seis níveis, de "B" para "C", o que colocou o país em território ainda mais "junk", e disse que um calote é iminente, já que sanções e restrições comerciais minaram sua disposição de pagar a dívida.

Reinhart disse que as repercussões no setor financeiro foram limitadas até agora, mas que os riscos podem surgir se as instituições financeiras europeias estiverem mais expostas à dívida russa do que se supõe.

Investidores estrangeiros detêm cerca de metade dos títulos soberanos em moeda forte da Rússia e Moscou deve pagar US$ 107 milhões em cupons em dois títulos em 16 de março. Empresas russas têm pouco menos de US$ 100 bilhões em títulos internacionais em circulação.

Bancos estrangeiros têm uma exposição de pouco mais de US$ 121 bilhões à Rússia, com grande parte concentrada em credores europeus, segundo dados do Banco de Compensações Internacionais (BIS, na sigla em inglês).

"Eu me preocupo com o que não vejo", afirmou Reinhart. "As instituições financeiras são bem capitalizadas, mas os balanços são muitas vezes opacos... Há a questão dos calotes do setor privado russo. Não se pode ser complacente."

A China também expandiu rapidamente seus empréstimos à Rússia após a anexação da Crimeia em 2014, disse ela.

SITUAÇÃO DIFÍCIL DA UCRÂNIA

Analistas dizem que a Ucrânia também precisará de alívio da dívida este ano, em consequência dos enormes gastos relacionados à guerra e de uma pesada carga de dívida no valor de US$ 94,7 bilhões no final de 2021, embora o país tenha prometido pagar sua dívida integralmente e no prazo.

Reinhart disse ser razoável esperar que a Ucrânia busque alívio de fluxo de caixa e expressou confiança de que credores seriam receptivos, dada a situação atual. Kiev também pode perder um próximo pagamento de cupom, pelo menos durante o período de carência, sem que sua classificação de crédito sofra, disse ela.

"A Ucrânia tem e terá portas abertas devido à sua situação financeira muito difícil", afirmou ela. "Você não é declarado inadimplente enquanto ainda estiver dentro do período de carência."

A dívida soberana da Ucrânia inclui US$ 1,6 bilhão devido a credores do Clube de Paris e US$ 4,9 bilhões a credores não pertencentes ao Clube de Paris, principalmente a China, segundo especialistas em dívida.

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