Descrição de chapéu Rússia

McDonald's diz que fechar restaurantes na Rússia custará US$ 50 mi por mês

Empresa de fast-food afirmou que continuará pagando seus 62 mil funcionários administrativos e de restaurantes

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Hilary Russ Praveen Paramasivam
Nova York e Bengaluru | Reuters

O McDonald's disse nesta quarta-feira (9) que o fechamento temporário de suas 847 lojas na Rússia custará à rede de fast-food cerca de US$ 50 milhões (R$ 250, 4 milhões) por mês.

Uma onda de grandes marcas norte-americanas, incluindo Starbucks, PepsiCo e Coca-Cola também anunciaram a saída total ou parcial da Rússia, após a invasão da Ucrânia pelo país.

O McDonald's, um ícone da era pós-soviética, administra 84% de suas unidades na Rússia e disse que continuará pagando todos os seus 62 mil funcionários administrativos e de restaurantes.

Outros custos virão de alugueis e cadeia de suprimentos, disse o diretor financeiro da companhia, Kevin Ozan, durante uma conferência organizada pelo UBS nesta quarta-feira.

Pessoas olham pela janela de um restaurante McDonald's enquanto as torres do Kremlin se refletem no vidro - Alexander Nemenov/AFP

"Esta é uma situação realmente desafiadora e complexa para uma empresa global como nós", disse ele.

Outras sete marcas de fast-food com mais de 2.600 pontos de venda combinados na Rússia também podem sofrer um impacto financeiro de qualquer decisão de retirada do país, embora quase todos esses restaurantes sejam de propriedade e operados por franqueados independentes.

A rede de pizzarias Papa John's disse em comunicado nesta quarta que pode ter que absorver o custo de US$ 15,2 milhões (R$ 76,1 milhões) de recebíveis associados ao seu franqueado master na Rússia, que administra todos os seus 188 restaurantes no país.

Os royalties do franqueado representaram menos de 1% da receita total da Papa Johns em 2021, disse a empresa.

A rede de pizzarias também anunciou a interrupção de todo suporte operacional, de marketing e de negócios com o mercado russo e afirmou que não está recebendo royalties de restaurantes no país. O franqueado do grupo na Rússia possui e opera sua própria cadeia de suprimentos.

Os moscovitas se despediram nesta quarta-feira (9) de marcas como McDonald's e Starbucks, símbolos da abertura da Rússia ao Ocidente, que decidiram suspender suas atividades devido ao conflito na Ucrânia.

Lena Sidorova, uma estudante de dança de 18 anos, gostava de ir ao emblemático McDonald's da Praça Pushkin, o primeiro fast food americano que abriu suas portas na Rússia no final de 1990, em plena efervescência na perestroika.

"Não com muita frequência, mas uma vez por mês, para não quebrar minha dieta com muita frequência", sorri Lena, antes de dizer que ficou "triste" ao saber do fechamento de seu "paraíso da comida ruim".

"Espero que seja uma medida temporária", acrescenta a jovem, para quem as sanções "não são culpa da Rússia, mas do Ocidente".

O McDonald's, que tem 850 restaurantes na Rússia, é o lugar favorito de outros dois moscovitas, Stepan Grountov e Stanislav Logvinov, dois estudantes de uma universidade de transporte.

"É muito triste, mas qual é a relação entre o McDonald's (e o conflito na Ucrânia)?", pergunta Stepan, um bielorrusso de 17 anos.

Para ele, o fechamento deste lugar onde "todo mundo vai como uma festa" é "uma tragédia".

Donbass vale mais do que um McDonald's

"Mas a verdadeira tragédia é o que está acontecendo atualmente na Ucrânia, onde dois povos irmãos se enfrentam", acrescenta o jovem.

O estudante sonha com o dia em que "os foguetes parem de chover sobre as cidades" e "se encontre um compromisso".

"As vidas que são salvas em Donbass são muito mais importantes do que comer bem", diz Stanislav, de 18 anos.

"Deixe-os fechar se quiserem!", reage Nikolai Kopylov, de 42 anos, que sai do restaurante com um Big Mac na mão. "Donbass vale um McDonald's", acrescenta.

O mesmo acontece com clientes regulares de outra rede americana, a Starbucks, que também anunciou o fechamento temporário de suas 130 cafeterias russas.

Svetlana Issaieva, uma gerente de 42 anos, bebe seu café favorito em um Starbucks ao lado do Kremlin antes de começar sua aula de esportes.

"Gosto do café deles, que sempre me lembra meus anos de trabalho nos Estados Unidos" há vinte anos, conta.

Ao lado, Aliona, de 23 anos, trabalha em seu computador. Refugiada de Donbas, foi trabalhar em Moscou há 18 meses e diz estar "chocada" com a decisão das grandes marcas ocidentais de fechar suas portas na Rússia.

"O Ocidente sempre marcou a diferença entre o governo e o povo", aponta.

"Mas aqui estão punindo justamente aqueles 20% da população, aquela famosa classe média tradicionalmente considerada pró-Ocidente", acrescenta a jovem, que preferiu não dar o sobrenome.

(Com AFP)

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.