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Descrição de chapéu indústria

Josué foi destituído da Fiesp porque fez um manifesto a favor da democracia, diz Reale Jr

Para advogado, argumentos da oposição eram 'questões laterais'; presidente ainda não decidiu o que vai fazer

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São Paulo

A destituição de Josué Gomes da presidência da Fiesp (Federação das Indústrias de São Paulo) aprovada na segunda-feira (16) por 47 representantes sindicais foi um golpe, na avaliação do advogado e professor Miguel Reale Jr.

Para ele, a decisão tomada por uma parcela do conselho de representantes da entidade da indústria foi uma reação ao fato de Josué Gomes ter organizado um manifesto a favor da democracia –em 2022, a Fiesp liderou uma carta de entidades, assinada também por Febraban (dos bancos) e centrais sindicais.

"É golpe em letras grandes. Na verdade, o Josué foi destituído porque fez um manifesto a favor da democracia", disse. Segundo Reale Jr, "nunca na história da Fiesp um presidente foi destituído."

Josué Gomes da Silva, presidente da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo) - Governo do Estado de São Paulo

Procurada, a Fiesp informou que não comenta assuntos internos.

O advogado afirmou nesta terça que Josué Gomes ainda não decidiu que tipo de medida será tomada para contestar a realização da assembleia, mas que tem convicção de que a plenária e a votação são irregulares.

"Foi desavergonhadamente ilegal. Um golpe contra o espírito democrático."

O estatuto da entidade prevê, diz o advogado, que quaisquer acusações feitas ao presidente da Fiesp precisariam ser individualmente enquadradas. Ou seja, para cada suposta irregularidade no exercício do cargo, a oposição teria que indicar a que inciso se referia.

A possibilidade de perda de mandato no comando da Fiesp é prevista no artigo 27 do estatuto. Esse dispositivo tem cinco incisos: malversação ou dilapidação do patrimônio social, grande violação dos estatutos, abandono do cargo, aceitação de transferência que impeça o exercício do cargo e conduta incompatível com a ética, a dignidade e o decoro do cargo.

Ainda que as acusações apontassem, uma a uma, quais eram os enquadramentos no estatuto, Reale Jr diz que o presidente teria dez dias para se defender com base no "amplo direito de defesa".

Para o advogado, os 12 questionamentos encaminhados pelos sindicatos foram respondidos por Josué Gomes. "São todas questões laterais e que foram respondidas. Nenhuma delas se enquadra no artigo 27."

Entre os 12 pontos, havia questões como o número de entrevistas concedidas por ele para falar da indústria e quantas visitas fez ao Congresso Nacional para debater pautas do setor. Em outro momento, os insatisfeitos pediam que Josué Gomes explicasse as atividades exercidas por pessoas em órgãos ligados à Fiesp, como Sesi e Senai.

A composição dos departamentos e conselhos, apontados por aliados e opositores como uma fonte de tensão entre os sindicatos e Josué, também aparece no detalhamento do pedido. Para a oposição, Gomes deveria justificar a participação ou ausência dos sindicatos nesses espaços.

Os questionamentos dos sindicatos também incluíam o fato de Josué ter assinado, em nome da Fiesp, um manifesto pela democracia. Apesar de apartidário, o documento foi entendido como de oposição ao então presidente Jair Bolsonaro (PL) –de quem Skaf foi aliado e apoiador nas eleições de 2022.

Esse foi, na avaliação de Reale Jr, o real motivo para a tentativa de destituição do presidente da Fiesp do cargo. "Passaram por cima do estatuto como um trator. Destituíram porque queriam, simplesmente."

Miguel Reale Jr foi o autor do pedido de impeachment de Dilma Rousseff. Nas eleições de 2022, ele declarou apoio a Lula.

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