Descrição de chapéu Eleições 2022

Miguel Reale Jr., autor do pedido de impeachment de Dilma, declara apoio a Lula

Gleisi comemora adesão que reforça estratégia petista de impulsionar voto útil para vencer no primeiro turno

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São Paulo

O advogado e professor Miguel Reale Jr., autor do pedido de impeachment que resultou na cassação da ex-presidente Dilma Rousseff (PT), declarou nesta terça-feira (21) apoio ao ex-presidente e candidato ao Planalto Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Reale Jr. era apoiador da terceira via —chegou a endossar Simone Tebet (MDB)— e já havia se posicionado anteriormente contra o presidente Jair Bolsonaro (PL) e os ataques realizados pelo atual mandatário ao STF (Supremo Tribunal Federal) e ao TSE (Tribunal Superior Eleitoral).

Lula tem adotado a estratégia de angariar o voto útil dos diversos setores da economia e da sociedade, a fim de vencer a eleição em primeiro turno.

Miguel Reale Jr., na cerimônia para a leitura de manifesto pela democracia na Faculdade de Direito da USP - Zanone Fraissat - 11.ago.22/Folhapress

Reale Jr. afirmou ao jornal O Estado de S. Paulo que, sem perspectiva de vitória de algum candidato da terceira via, é importante que Lula vença no primeiro turno para impedir qualquer ação desesperada de Bolsonaro.

Também afirmou que optar pelo ex-presidente é garantir que se evitem ataques à democracia, à dignidade da pessoa humana e ao meio ambiente, algo que, segundo ele, ocorreriam com maior intensidade caso Bolsonaro seja reconduzido ao cargo.

Procurado pela Folha, o advogado disse que a manifestação de apoio ao candidato do PT não impede que sejam reconhecidos os erros cometidos pelo partido durante os mandatos de Lula e, especialmente, de Dilma.

Também ressaltou que o apoio ocorre mais para garantir a ordem democrática brasileira, sem preocupações com ameaças de golpe no caso de eventual reeleição de Bolsonaro.

A presidente do PT, Gleisi Hoffmann, disse ser "importante" a declaração de apoio de Reale Jr.

"Temos várias pessoas que participaram daquele processo de impeachment e que hoje avaliam que aquilo foi um erro e realmente teve problema com a democracia. Vejo numa atitude como essa o reconhecimento que nós temos que reconstruir aquilo que foi destruído em nome do povo brasileiro", afirmou.

Gleisi disse que "não estamos fazendo campanha pelo voto útil", mas para aumentar a votação de Lula. "Estamos mirando, principalmente, no voto que ainda não foi definido, indeciso, tentando reverter quem está se declarando branco e nulo e tentando um grande esforço e chamamento para que as pessoas não se abstenham de votar".

"E obviamente que tem um movimento que vem ampliando a favor do presidente Lula, pessoas que não tinham ainda se manifestando e que começam a se manifestar, e achamos isso muito positivo. São pessoas que estão defendendo a democracia, entendendo o momento em que nós estamos, a necessidade de reforçar essa defesa da democracia e do Estado democrático de Direito", completou Gleisi.

Hélio Bicudo, Miguel Reale Jr. e Janaína Paschoal assinam pedido de impeachment da então presidente Dilma Rousseff (PT) - Diego Padgurschi - 16.set.15/Folhapress

O apoio de Reale Jr. colabora com a atual estratégia do petista de agregar personalidades e representantes de vários setores da sociedade, a fim de incentivar o voto útil dessas categorias e aumentar as chances de vencer o pleito presidencial ainda no primeiro turno, a ser realizado no dia 2 de outubro.

Miguel Reale Jr. foi ministro da Justiça do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) e filiado ao partido por 27 anos, aumentando o peso de sua fala diante do eleitorado que busca a terceira via.

O PSDB lançou Mara Gabrili, senadora pelo estado de São Paulo, à Vice-Presidência, ao lado de Simone Tebet (MDB). Segundo a última pesquisa Datafolha, a emedebista possui 5% das intenções de voto.

Segundo a última pesquisa Datafolha, realizada no dia 15 de setembro, Lula possui 45% das intenções de voto, em movimento de estabilidade, enquanto Bolsonaro oscilou negativamente na margem de erro em um ponto percentual em relação à ultima verificação, ficando com 33% da preferência do eleitorado.

Já o Ipec registrou oscilação positiva do ex-presidente em um ponto percentual, de 46% para 47%, dentro da margem de erro de dois pontos, ao passo que o atual presidente manteve os 31%.

Com um cenário estabilizado, a equipe do ex-presidente prepara uma ofensiva pelo voto útil e contra a abstenção, além de apostar na mobilização da militância nas ruas, para gerar uma onda decisiva na reta final da campanha presidencial.

Na próxima semana, a campanha de Lula exibirá na televisão, durante a propaganda eleitoral, uma mensagem sobre a importância do voto para evitar faltas no dia da eleição.

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