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Nível dos juros no Brasil é 'chocante', diz economista vencedor do Nobel

Joseph Stiglitz considera que política monetária contracionista não combate causas da inflação atual no mundo

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Rio de Janeiro

Os juros altos não combatem as causas atuais da inflação no mundo, avaliou nesta segunda-feira (20) o economista Joseph Stiglitz, vencedor do Prêmio Nobel em 2001.

Para o professor da Universidade de Columbia (EUA), o aumento dos preços está mais associado ao impacto da pandemia e da Guerra da Ucrânia sobre a oferta de bens, e não a fatores de demanda aquecida, que tende a ser contida pelo aumento dos juros.

Stiglitz participou de um seminário no BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) no Rio de Janeiro. Durante o evento, ele também fez uma crítica específica ao patamar da taxa básica de juros no Brasil, a Selic, que está em 13,75% ao ano.

"De fato, são chocantes os números de 13,75% ou de 8% em termos reais", disse. Para ele, esse nível de taxas é capaz de "matar" uma economia como a brasileira.

O prêmio Nobel de Economia Joseph Stiglitz durante seminário no auditório do BNDES, no centro do Rio de Janeiro - Eduardo Anizelli/Folhapress

"Parte das razões da sobrevivência a essas taxas de juros é a existência de bancos estatais de desenvolvimento", disse Stiglitz em um elogio ao BNDES.

As manifestações seguem a linha adotada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que vem defendendo uma redução da Selic.

"Qual é a fonte da inflação? A pandemia, os suprimentos relacionados à guerra, as assimetrias nos ajustes de preços para essas mudanças. O problema é que a gente precisa responder a esses choques com mais investimentos. A taxa de juros impede esses investimentos", afirmou o economista.

O evento no BNDES discute questões de política fiscal e monetária às vésperas da nova reunião do Copom (Comitê de Política Monetária), do BC (Banco Central).

A programação foi organizada em parceria com a Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo) e o Cebri (Centro Brasileiro de Relações Internacionais).

"O que é necessário para o Brasil é mais investimento, inclusive mais investimento público", afirmou Stiglitz. "Precisamos de ambos os tipos de crescimento, tanto público quanto privado."

O painel com o vencedor do Prêmio Nobel foi mediado pelo economista André Lara Resende, um dos mentores do Plano Real. Ao abrir o debate, Lara Resende também fez uma crítica aos juros altos.

"A combinação de juros muito altos e impostos muito altos é profundamente recessiva e impede o crescimento da economia", afirmou.

Ele ainda defendeu a atuação do Estado como necessária para o crescimento econômico. Para Lara Resende, o Estado não é "peso morto" nessa discussão.

O painel ainda teve a participação por vídeo do professor James Galbraith, da Lyndon B. Johnson School of Public Affairs.

Ele também questionou os juros do país, como uma política que transfere renda dos mais pobres para os mais ricos. "É preciso pensar em uma alternativa para as políticas, porque as atuais falharam."

O professor ponderou que o Brasil está hoje em situação mais confortável do que Estados Unidos e Europa, que sentem os efeitos da crise bancária iniciada com a quebra do SVB (Sillicon Valley Bank), que arrastou consigo o Credit Suisse.

"A crise bancária nos Estados Unidos está se espalhando, se espalhou para a Europa, que já convive com altos custos de energia", afirmou.

"O Brasil, neste momento, não está afetado", continuou, dizendo que as elevadas reservas internacionais ajudam a tornar o país mais seguro.

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