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Bolsa cai e dólar sobe com decisão sobre Selic no radar

Ibovespa e moeda americana passam por correções após movimentos dos últimos pregões

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São Paulo

A Bolsa brasileira registrou queda nesta terça-feira (20) impactada por um movimento de realização de lucros, quando investidores vendem ações que se valorizaram rapidamente para efetivar os ganhos com os papéis. O Ibovespa havia atingido seu maior patamar de fechamento desde abril de 2022 no pregão de segunda (19).

Já o dólar teve um dia de recuperação frente ao real, após ter caído ao seu menor valor em mais de um ano, com a reunião do Copom (Comitê de Política Monetária), que vai definir a nova taxa básica de juros brasileira nesta quarta (21), no radar dos investidores.

Com isso, o Ibovespa caiu 0,19% nesta terça, a 119.622 pontos, enquanto o dólar subiu 0,43%, a R$ 4,797.

A queda do Ibovespa foi puxada principalmente pelas ações da Vale, que caíram 2,58% em dia de fraqueza dos contratos de minério de ferro no exterior. Perdas de B3 (-0,47%) e do Itaú (-0,19%), que passam por correção após fortes altas nos últimos pregões, também pressionaram a Bolsa.

Acompanharam a Vale entre as maiores quedas do dia as ações da Embraer (4,65%), que divulgou resultados mais fracos que o esperado nesta terça, e da Braskem (2,91%), que passa por correção após forte alta apoiada por especulações sobre a aquisição de seu controle.

As ações da Petrobras começaram o dia em queda, acompanhando o preço do petróleo no exterior, mas se recuperaram e fecharam o dia em alta de 0,49%. A empresa também está envolvida nas negociações sobre o controle da Braskem, já que é uma das principais acionistas da petroquímica.

As maiores altas do dia foram da BRF (4,86%), sob expectativa do mercado de um aumento de capital, da Energisa (4,28%), que aprovou a emissão de debêntures nesta terça, e da Raízen, que teve recomendação de compra reiterada pelo Bank of America.

Notas de dólar americano - Lee Jae-Won - 7.fev.2011/Reuters

A definição da Selic (taxa básica de juros do Brasil) nesta semana continua sendo o foco dos investidores. A previsão é que a taxa seja mantida em 13,75% ao ano na reunião de quarta-feira, mas analistas esperam uma mudança de tom do Copom, com sinalização de que o início de um corte nos juros está próximo.

O boletim Focus desta semana mostrou que, após a divulgação do IPCA (índice oficial de inflação do Brasil), analistas passaram a projetar que o primeiro corte da Selic deve ocorrer em agosto, uma antecipação ante o consenso anterior, de que a redução de juros seria iniciada em setembro.

A decisão sobre juros no Brasil vem após o Fed (Federal Reserve, o banco central americano) ter mantido as taxas dos EUA em 5,25% ao ano, em sua primeira pausa no aperto monetário iniciado em março de 2022, o que pressionou o dólar, que vem operando em seus menores patamares em um ano nos últimos pregões.

Isso porque a moeda americana é beneficiada por juros maiores nos EUA, pois a renda fixa americana gera maiores retornos e, consequentemente, atrai recursos para o país. Na lógica inversa, um diferencial de juros menor tende a repelir investimentos estrangeiros.

A alta desta segunda, no entanto, é vista como um movimento de ajuste após as fortes baixas registradas nos últimos pregões.

Além disso, a moeda americana também seguiu no Brasil uma tendência do exterior, com os mercados repercutindo a notícia de que a China cortou suas principais taxas de referência pela primeira vez em dez meses, em uma ação para dar suporte ao crescimento econômico.

O banco central da segunda maior economia do mundo baixou suas taxas referenciais de empréstimo (LPR, na sigla em inglês) de um ano e cinco anos em 0,10 ponto percentual cada, a primeira redução em dez meses, à medida que as autoridades buscam sustentar uma recuperação em desaceleração.

Isso disparou um movimento de aversão a ativos de maior risco em todo o mundo, penalizando os índices de ações e dando suporte ao dólar ante a maioria das demais moedas, incluindo o real.

Apesar da alta desta sessão, a expectativa é que o dólar volte a cair no Brasil.

Isso porque o real tem sido favorecido ante a moeda americana pela melhora nas perspectivas econômicas para o país, em especial de redução da inflação e crescimento do PIB. A inflação menor, aliás, faz com que os juros reais do Brasil, que descontam o IPCA, fiquem mais altos.

Assim, mesmo que a Selic seja mantida em 13,75% nesta semana, o que normalmente pressionaria o real, a tendência é que o dólar continue sua trajetória de queda nas próximas semanas.

"Há possibilidade de o dólar cair ainda mais, principalmente com o fluxo de capital estrangeiro para o Brasil. O país vive um bom momento e está atraindo muito capital, principalmente pelos juros altos e pela melhora no ambiente econômico com o novo arcabouço fiscal e a possibilidade de uma reforma tributária. O momento é bom para o real", diz Piter Carvalho, economista-chefe da Valor Investimentos.

A nova regra fiscal deve ser votada na CAE (Comissão de Assuntos Econômicos) do Senado na quarta (21) e continua no radar dos investidores, já que sua aprovação pode diminuir a percepção de risco e melhorar ainda mais as perspectivas econômicas do país.

Nos mercados futuros, os contratos de juros com vencimento em janeiro de 2024 caíram de 13,02% para 13,00%, enquanto os para 2025 foram de 11,13% para 11,09%. De acordo com Alexsandro Nishimura, sócio da Nomos, a queda acompanha a expectativa de um comunicado mais ameno do Copom nesta semana, com um texto que abra o caminho para redução da Selic nas próximas reuniões.

Nos Estados Unidos, as ações perderam força nesta terça e fecharam em baixa, também afetadas por um movimento de realização de lucros numa semana encurtada pelo feriado na segunda. O Dow Jones, o S&P 500 e o Nasdaq tiveram quedas de 0,71%, 0,47% e 0,16%, respectivamente.

O mercado americano aguarda o depoimento do presidente do Fed, Jerome Powell, no Congresso americano, marcado para quarta, que pode oferecer pistas sobre a duração do aperto de juros no país.

(Com Reuters)

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