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Descrição de chapéu Argentina América Latina

Com aumento da pobreza, Plaza de Mayo em Buenos Aires se transforma em refeitório noturno

Antes cenário de protestos e comemorações, praça histórica abriga agora pessoas em busca de comida

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Miguel Lo Bianco
Buenos Aires | Reuters

A histórica Plaza de Mayo, no centro de Buenos Aires, onde multidões geralmente se reúnem para comemorar ou protestar, tornou-se o cenário de uma vigília noturna silenciosa regular: um número cada vez maior de pessoas em situação de pobreza em busca de uma refeição quente.

O país sul-americano está lutando contra uma inflação anual de 124%, o que está elevando os níveis de pobreza para mais de 40% e aumentando a chance de os eleitores darem um choque na elite política, apoiando um candidato radical nas eleições gerais do próximo mês.

Pessoas acapam próximo à Casa Rosada - Mariana Nedelcu - 27.set.23/Reuters

Em uma longa fila para receber comida na praça central, que é ladeada pelo palácio presidencial Casa Rosada, Erica Maya, de 45 anos, disse à Reuters que poderia ganhar apenas de 3.000 a 4.000 pesos trabalhando o dia todo coletando papelão, o que equivale US$ 4 na taxa de câmbio real.

"O que você faz com isso? Nada", disse a viúva com seis filhos. "É melhor e mais fácil vir para cá, você come melhor. Você sai com a barriga cheia e feliz."

A Argentina —lutando contra uma recessão iminente e com reservas cada vez menores de moeda estrangeira— deve divulgar os dados oficiais de pobreza para o primeiro semestre de 2023 nesta quarta-feira (27). Os analistas esperam que essa taxa aumente em relação ao final do ano passado, quando era de pouco mais de 39%.

"Estimamos que o nível de pobreza na Argentina seja de 40% da população", disse Eduardo Donza, do Observatório da Dívida Social da Universidade Católica.

"São necessárias políticas de Estado que sejam consensuais e que visem a produção e o aumento do trabalho", acrescentou Donza. "Caso contrário, é quase impossível sairmos dessa situação."

Muitos argentinos assumiram empregos informais para complementar a baixa renda que recebem no dia a dia.

"Recorri à venda de tortilhas para encontrar uma maneira de minha família e minha filha sobreviverem", disse Diego Ortiz, de 30 anos, enquanto cozinhava tortilhas de farinha sobre brasas em um subúrbio de Buenos Aires.

"Faço isso para alimentar minha família e é uma medida que tomei porque está difícil conseguir um emprego no momento."

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