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Inflação dos EUA surpreende, Bolsas caem e mercado vê corte de juros mais longe

CPI desacelera para 3,1% em janeiro, derrubando as expectativas de queda de juros em maio

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São Paulo

Nesta terça-feira (13), a inflação dos Estados Unidos voltou a surpreender o mercado financeiro, que mudou as expectativas sobre a trajetória de juros no país.

O CPI (índice de preços ao consumidor, na sigla em inglês) desacelerou para 3,1% em janeiro, uma queda menor do que o esperado —economistas consultados pela Bloomberg previam 2,9%.

Na comparação com dezembro, o avanço mensal subiu 0,1 ponto percentual para 0,4%, o maior desde setembro, apontaram os dados divulgados pelo Departamento do Trabalho dos EUA pela manhã.

Bolsas americanas abrem em queda nesta terça (13), com inflação dos EUA mais forte do que o esperado. - Andrew Kelly/REUTERS

A surpresa negativa abalou investidores, que previam o início do ciclo corte nos juros americanos em maio. Com a inflação mais forte que o esperado, as apostas migraram para junho.

Juros mais altos por mais tempo fortalecem o dólar, deixando os treasuries (títulos do Tesouro americano), considerados o investimento mais seguro do mundo, mais vantajosos. Já a renda variável continua pressionada, com o alto custo de capital impactando as companhias.

Em Wall Street, o índice acionário S&P 500 recuou 1,37% e o Dow Jones, 1,35%. O Nasdaq caiu 1,80%.

O núcleo do CPI, que exclui os preços voláteis de alimentos e energia, foi de 3,9% em janeiro, em linha com o mês anterior, mas acima da projeção de 3,7%. Puxaram o índice os setores de habitação e saúde —os serviços médicos não entram no cálculo do PCE (índice de despesas de consumo pessoal), utilizado pelo Fed (Banco Central dos EUA).

"É importante não reagir exageradamente e partir para a suposição de que um ressurgimento inflacionário está se desenvolvendo. A inflação foi parcialmente impulsionada por segmentos que são menos importantes para o PCE, medida favorita do Fed", disse Seema Shah, estrategista-chefe da Principal Asset Management.

Para calcular a dose de juros no combate à inflação, o Fed olha mais os dados do PCE e não os do CPI. A metodologia de ambos é distinta, assim como a base de dados. O CPI contém informações dos consumidores e o PCE, das empresas. Dessa forma, é comum que ambos tenham resultados contrastantes.

Com os dados do CPI em mãos, os economistas estimam que o núcleo do PCE aumentou 2,7% em janeiro, depois de ter ganho 2,9% em dezembro, na base anual. O índice será divulgado apenas em 29 de fevereiro.

Estas estimativas podem mudar dependendo dos dados de preços ao produtor em janeiro, que deverão ser divulgados na sexta-feira (16).

"Hoje, o sentimento do mercado está recebendo um choque de realidade e você simplesmente não pode escapar do fato de que o Fed pode ter que ser mais cauteloso", disse Lara Rhame, economista-chefe dos EUA na FS Investments.

A próxima decisão de política monetária do Fed será em 20 de março, na qual também serão divulgadas as projeções dos membros da autoridade monetária para as taxas de juros, inflação e desemprego.

Atualmente, os juros no país estão no maior nível desde 2001, na faixa de 5,25% a 5,5%.

No mês passado, o presidente do Fed, Jerome Powell, disse que espera cortar as taxas de juros três vezes este ano, mas sinalizou que é improvável que comece a fazê-lo até que mais progresso seja feito em relação à sua meta de inflação de 2%.

A expectativa por cortes de juros com a desaceleração da inflação americana no último trimestre de 2023 impulsionou as Bolsas de Valores americanas neste ano. O S&P 500 se valorizou em 14 das últimas 15 semanas, algo que não acontecia desde março de 1972, atingindo a marca histórica de 5.000 pontos.

Os índices Dow Jones e Nasdaq também estavam sendo negociados em patamares recorde. Na segunda (12), o índice de tecnologia ultrapassou brevemente sua máxima pontuação de fechamento de novembro de 2021.

Agora, a alta nos preços mais forte do que o esperado coloca em xeque essas expectativas.

Na segunda (12), 52,2% das apostas em relação à taxa de juros americana eram de corte de 0,25 ponto percentual em maio. No pregão de terça, esse percentual caiu para 35,2%. A maioria (52,8%), agora, espera que o ciclo de cortes se inicie em junho.

Há, porém, uma minoria mais conservadora que só vê uma redução nas taxas no segundo semestre.

Com a mudança de perspectivas, o rendimento do treasury de dois anos foi à máxima de dois meses, a 5,52%, com uma alta de 0,01 ponto percentual em relação à véspera.

Já o rendimento de título de dez anos pulou de 4,17% na segunda, para 4,31% na terça.

O dólar, por sua vez, subiu 0,68%, ante as principais moedas globais.

Enquanto o mercado brasileiro segue fechado pelo Carnaval, as ADRs (recibos de ações) brasileiras negociadas nas Bolsas dos EUA acompanharam o viés negativo.

O índice Dow Jones Brazil Titans 20 ADR, com as 20 principais companhias brasileiras, cedeu 2,60%. Já o EWZ, principal ETF (fundo de índice) que replica ações brasileiras, recuou 2,89%.

As ADRs de Petrobras e Vale, por sua vez, se desvalorizam 1,89% e 1,94%, respectivamente.

Como os mercados emergentes são mais arriscados, eles tendem a sofrer mais em momentos de aversão a risco, como o registrado na terça.

Com informações de Reuters e Financial Times

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