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Empresas dos EUA tentam flagrar funcionários que fingem trabalhar durante home office

Alguns trabalhadores tentam parecer ativos no expediente mesmo que estejam envolvidos em outras atividades

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Anuj Chopra
AFP

O banco Wells Fargo demitiu recentemente uma dezena de funcionários nos Estados Unidos por "simulação de atividades no teclado do computador", um exemplo da disposição de algumas empresas obcecadas pela produtividade em descobrir armadilhas na era do home office.

Algumas companhias adotam técnicas que permitem detectar se o funcionário está simulando o trabalho e utilizam instrumentos sofisticados de "tattleware" ou software de vigilância para fazê-lo.

Essas ferramentas, cuja procura explodiu desde a pandemia, são instaladas nos computadores da empresa e controlam a produtividade dos colaboradores, através do monitoramento de seu local de trabalho, da atividade do teclado ou mesmo por meio da geolocalização.

Empresas adotam técnicas que permitem detectar se o funcionário está simulando o trabalho - Marcelo Camargo/Agência Brasil

Uma empresa de marketing com sede na Flórida teria instalado em seus computadores um programa que realiza capturas de tela a cada 10 minutos para vigiar a atividade de seus funcionários, segundo a revista Harvard Business Review.

Alguns trabalhadores, que buscam evitar estes tipos de dispositivos, recorrem a outras ferramentas, que simulam, por exemplo, o movimento do mouse para não deixar que o computador entre em modo de suspensão. O objetivo: parecer ativo aos olhos dos chefes mesmo que estejam envolvidos em outras atividades não associadas ao seu trabalho.

Briga tecnológica

Tutoriais no TikTok ou YouTube ensinam como aparecer artificialmente ativo por meio, por exemplo, de falsas apresentações de PowerPoint para "quando precisa de um cochilo".

"Clique em 'slideshow' e tudo funcionará", garante Sho Dewan, um influenciador que se apresenta como "ex-recrutador que compartilha os segredos dos Recursos Humanos das empresas, em um vídeo no TikTok com milhões de visualizações.

Outra dica frequentemente compartilhada: abra um programa de escrita e coloque um objeto para pressionar uma tecla. A página é preenchida milhares de vezes com o mesmo caractere, mas o funcionário aparece ativo.

Contudo, o instrumento mais popular é o que permite mover o mouse e que pode ser comprado por US$ 11 (aproximadamente R$ 58 na cotação atual).

"Apertem o botão ao se levantar da mesa e o cursor se moverá aleatoriamente pela tela, por horas se necessário", diz um usuário em uma avaliação do produto na Amazon.

Entretanto, o risco de ser descoberto é significativo.

Em uma publicação na rede social Reddit, um funcionário conta que foi demitido quando seu coordenador descobriu que ele usava um simulador de movimento de mouse.

Ao notarem que um software foi utilizado para simular este movimento, alguns internautas sugerem nos comentários que se recorra a um objeto físico e material que mexa o mouse de forma "indetectável".

Gato e rato

Alguns profissionais de recursos humanos consideram que este jogo de gato e rato gerou a multiplicação da "encenação da produtividade", o que leva o colaborador a fingir, inclusive de forma teatral, sua atividade.

Em uma pesquisa citada pela Harvard Business Review, algumas empresas destacam que monitorar secretamente seus funcionários pode ser perigoso para os empregadores.

"Descobrimos que os funcionários vigiados são muito mais propensos a realizar pausas sem consulta, danificar bens no escritório, roubar materiais e trabalhar de forma deliberadamente mais lenta" do que aqueles que não são sujeitos a este tipo de prática, segundo a revista.

Para A.J. Mizes, diretor de uma empresa de consultoria trabalhista, o uso de simuladores de atividades demonstra a existência de uma "cultura de trabalho focada muito mais em indicadores de desempenho do que na produtividade construtiva e nas relações humanas".

"Em vez de estimular a inovação e a confiança, esta abordagem de vigilância não fará mais do que levar os funcionários a encontrar novas formas de parecerem ocupados", disse o executivo, criticando uma "tendência preocupante de vigilância excessiva".

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