Siga a folha

Descrição de chapéu Folhainvest Governo Lula

Dólar e Bolsa fecham em alta, com política dos EUA e cena fiscal brasileira em foco

Expectativa por protecionismo em caso de vitória de Trump nas eleições e restrições a empresas de chips chinesas pautaram mercado americano

Assinantes podem enviar 7 artigos por dia com acesso livre

ASSINE ou FAÇA LOGIN

Continue lendo com acesso ilimitado.
Aproveite esta oferta especial:

Oferta Exclusiva

6 meses por R$ 1,90/mês

SOMENTE ESSA SEMANA

ASSINE A FOLHA

Cancele quando quiser

Notícias no momento em que acontecem, newsletters exclusivas e mais de 200 colunas e blogs.
Apoie o jornalismo profissional.

São Paulo

O dólar fechou em alta de 1,03% nesta quarta-feira (16), a R$ 5,484, com cautela sobre o cenário político e econômico dos Estados Unidos e sobre a cena fiscal brasileira, após entrevista do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) à Record na noite de ontem.

O avanço esteve em linha com a força da divisa em mercados emergentes, em especial ante o rand sul-africano e o peso mexicano.

Já a Bolsa subiu 0,27%, a 129.465 pontos, segundo dados preliminares.

Investidores também reagem à entrevista de Lula na Record; parte do conteúdo foi a público antes da divulgação na íntegra e afetou o mercado - Folhapress

O mercado segue atento ao rumo das eleições norte-americanas, em especial sobre a futura política comercial do país caso o ex-presidente Donald Trump —defensor vocal de mais protecionismo econômico— volte à Casa Branca.

Na segunda-feira, o candidato republicano confirmou o senador J.D. Vance como companheiro de chapa, que disse ver a China como a "maior ameaça" aos Estados Unidos no momento.

A China sempre foi alvo de Trump em seus discursos, com ameaças frequentes de imposição de tarifas sobre a segunda maior economia do mundo.

Contribuindo para as preocupações, reportagem da Bloomberg relatou que o governo do presidente Joe Biden está considerando novas restrições para afetar a indústria chinesa de chips, mostrando que os EUA devem apertar a política comercial mesmo com a reeleição do democrata.

Em resposta, o índice Nasdaq perdeu mais de 2% nesta quarta, puxado pelo derretimento de ações ligadas a empresas de tecnologia e chips.

O dólar ainda acelerou a alta em relação ao real após a divulgação do Livro Bege do Fed (Federal Reserve, o banco central dos Estados Unidos), um relatório sobre as condições da economia norte-americana.

O documento constatou que a atividade e o nível de emprego cresceram em um ritmo lento no começo do terceiro trimestre. A inflação, por sua vez, foi contida após um aumento inesperado nos primeiros três meses de 2024.

"O movimento de alta frente às moedas emergentes reflete uma aversão a risco entre os investidores, principalmente em relação à Bolsa americana, visto que indicadores econômicos vem apresentando uma desaceleração na atividade dos EUA", diz Andre Fernandes, chefe de renda variável e sócio da A7 Capital.

"Outro ponto mais específico em relação ao real é que o segundo semestre é reconhecido por sua sazonalidade, em que o número de remessas para fora do país é maior."

O mercado aguarda por sinais de que a autarquia poderá iniciar o ciclo de cortes na taxa de juros dos EUA —atualmente na faixa de 5,25% e 5,50%— nas próximas reuniões de política monetária.

Operadores passaram a precificar a possibilidade de três cortes neste ano, sendo o primeiro na reunião de setembro, seguido de outros dois adicionais em novembro e dezembro. Eles apostam em 68 pontos-base de afrouxamento ainda em 2024, de acordo com a ferramenta FedWatch da CME.

A expectativa segue a esteira de declarações recentes de Jerome Powell, presidente do Fed, e de outras autoridades da autarquia. O diretor Christopher Waller afirmou nesta quarta que o primeiro corte na taxa de juros "está se aproximando", embora não tenha fornecido mais detalhes sobre quando isso poderá acontecer.

Na cena doméstica, os agentes financeiros digeriam as falas de Lula à Record. Trechos da entrevista chegaram ao conhecimento do mercado antes da divulgação pela emissora e geraram ruídos sobre a política fiscal do país.

O petista afirmou que não é obrigado a cumprir a meta fiscal se tiver "coisas mais importantes para fazer".

Por outro lado, disse que a meta de déficit zero para este ano não está rejeitada e se comprometeu a fazer o necessário para cumprir arcabouço fiscal.

Lula ainda afirmou que precisa ser convencido de corte de gastos em 2024. As contenções devem ser formalizadas no próximo dia 22 de julho, quando será divulgado o próximo relatório de avaliação do Orçamento deste ano.

O ministro Fernando Haddad (Fazenda), por outro lado, afirmou que é possível que haja bloqueio e contigenciamento no Orçamento deste ano no relatório bimestral de receitas e despesas que será publicado na próxima segunda-feira (22).

"Passado os 2,5% [do teto de despesa do arcabouço], tem que haver contrapartida de bloqueio, e contingenciamento no caso de receita [abaixo do esperado]. Nós estamos com essa questão pendente, ainda, do cumprimento da decisão do STF sobre a compensação [da desoneração da folha de salários]", disse.

Na próxima segunda, o governo terá de enviar ao Congresso o documento que aponta a necessidade de fazer ou não tanto um bloqueio para o cumprimento do teto de despesas do arcabouço fiscal quanto um contingenciamento para não estourar a regra da meta.

O relatório da próxima semana é visto como teste do compromisso da equipe econômica com a meta para as contas públicas e a busca do equilíbrio fiscal.

"Alguns reflexos (da entrevista de Lula) podem vir de ainda alguma insegurança com o arcabouço fiscal... Lula deixou margem para a interpretação de que a flexibilidade que ele espera pode ser maior do que o mercado está disposto a tomar", disse Matheus Massote, especialista em câmbio da One Investimentos.

No ambiente corporativo, Vale e Petrobras, as duas empresas de maior peso no Ibovespa, operaram em sinais opostos. A mineradora perdeu cerca de 1% diante da fraqueza do minério de ferro no exterior, enquanto a petroleira avançou 0,65% por causa da alta do petróleo tipo Brent.

Bancos operaram no positivo, e Sabesp subiu 2%, um dia depois do final do período de reservas de ações.

Na terça-feira, a Bolsa se firmou no campo negativo com a repercussão das falas de Lula, ainda que em leve queda de 0,16%, a 129.110 pontos. Já o dólar fechou em queda de 0,31%, a R$ 5,428 na venda.

Receba notícias da Folha

Cadastre-se e escolha quais newsletters gostaria de receber

Ativar newsletters

Relacionadas