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Fed envia sinais claros de que em breve vai cortar os juros

Banco central dos EUA procura aliviar a carga dos tomadores de empréstimos em meio a sinais de que a economia está esfriando

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Colby Smith Claire Jones
Nova York e Londres | Financial Times

Autoridades do Fed (Federal Reserve), o banco central americano, enviaram os sinais mais fortes até agora de que se preparam para cortar as taxas de juros. A medida vai aliviar os sofridos tomadores de empréstimos americanos pela primeira vez desde que a inflação explodiu na maior economia do mundo, após a pandemia do coronavírus.

Em aparições públicas nesta semana —incluindo duas audiências do presidente do Fed, Jay Powell, no Congresso—, o banco central americano expressou segurança sobre o controle da inflação e prontidão para embarcar em uma mudança de política.

Para apoiar esta convicção, contam dados econômicos melhores do que o esperado, que indicam uma redução contínua nas pressões de preços ao consumidor. O resultado veio junto com um abrandamento do mercado de trabalho.

Ao mesmo tempo, os bancos dos EUA alertaram que os clientes de baixa renda estão mostrando sinais de estresse financeiro após um longo período de preços altos.

O presidente do Federal Reserve Bank, Jerome Powell. - Getty Images via AFP

Embora os formuladores de políticas tenham parado de fornecer detalhes sobre quando e em que magnitude planejam reduzir os custos de empréstimos, o seu discurso deixou claro que uma nova era está a caminho. Integrantes do mercado financeiro e economistas esperam amplamente a primeira redução em setembro —algo que Tiffany Wilding, economista da Pimco, disse ser um "negócio certo" após os dados desta semana.

O presidente do Fed de Chicago, Austan Goolsbee, disse ao Financial Times na sexta-feira (12) que foi uma "boa semana" para um banco central, que tem como objetivo reduzir a inflação sem desencadear uma recessão nos EUA.

"Definitivamente me sinto melhor [agora do que na segunda-feira]", disse Goolsbee. "Não é só esta semana, mas os dados dos últimos dois a três meses apontam para uma continuação do que aconteceu em 2023, que foi uma queda rápida e muito significativa na inflação."

Goolsbee acrescentou que a queda na inflação significava que as taxas de juros reais agora eram automaticamente mais restritivas. "Nós apertamos bastante em termos reais enquanto estávamos sentados e esperando. Você só quer ser tão restritivo pelo tempo que for preciso. Se não for preciso, na minha opinião, é apropriado voltar a uma postura mais normalizada."

Desde julho passado, o Fed manteve sua taxa básica de juros no patamar mais alto dos últimos 23 anos, entre 5,25% e 5,5%.


Powell expôs o caso aos legisladores no início da semana, dizendo a eles que o Fed não precisa se concentrar na inflação, tendo em vista o "progresso considerável" na redução da pressão sobre os preços, enquanto o mercado de trabalho dá sinais claros de esfriamento.

Em vez disso, o banco central enfrentou "riscos bilaterais" e teve que estar ciente de que poderia causar perdas excessivas de empregos se mantivesse taxas de juros elevadas na maior economia do mundo.

Seus comentários foram apoiados pelos de Mary Daly, presidente do Fed de São Francisco e membro votante durante todo o ano de 2024, que disse aos repórteres no final da semana que uma redução nas taxas de juros seria "justificada".

Apoiando o corte, com a inflação agora mais firmemente sob controle, está o mercado de trabalho, que Powell disse estar forte, mas não "superaquecido".

Com a taxa de desemprego subindo acima de 4% e os ganhos salariais desacelerando, não apenas o mercado de trabalho não estava mais contribuindo para a pressão sobre os preços –sem uma calibração cuidadosa da política de juros, os ganhos acumulados após a pandemia também poderiam ser comprometidos.

Evitar esse resultado é "a principal coisa que me mantém acordado à noite", disse Powell aos membros do comitê de serviços financeiros da Câmara.

"Eu diria que é um sinal bastante forte quando tanto nós agora, quanto o presidente Powell, abordamos a importância do mercado de trabalho", enfatizou Daly aos repórteres.

Essa ênfase também foi feita por Lisa Cook, uma governadora do Fed, em um discurso esta semana, dizendo que o banco central estava "muito atento" às mudanças na taxa de desemprego e seria "responsivo".

O Fed está tentando alcançar um "pouso suave", no qual a inflação caia de volta à meta sem um aumento acentuado das demissões.

Esse resultado depende de o Fed começar a flexibilizar a política monetária em breve e, com o tempo, reduzir a taxa básica de juros para mais perto de 3%, disse Priya Misra, da JPMorgan Asset Management.

"A economia realmente está desacelerando e parece que o mercado de trabalho está desacelerando por causa disso", acrescentou Jonathan Pingle, que trabalhou no Fed e agora é economista-chefe do UBS.

"Em algum momento, eles vão querer que a desaceleração pare e se estabilize, mas o risco é que ela continue."

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