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Alívio americano

Queda da inflação nos EUA eleva chance de superar tensão aqui, se Lula colaborar

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Fachada do prédio do Federal Reserve (Fed), em Washington (EUA) - Jonathan Ernst/Reuters

Os juros no Brasil dependem em boa parte das taxas dos EUA, que por sua vez dependem das perspectivas para a inflação lá. Na semana que passou, soube-se que os preços para o consumidor americano avançaram menos que o esperado, e o índice caiu para 3% ao ano.

Além do mais, o presidente do banco central dos Estados Unidos, Jerome Powell, disse ao Congresso que o mercado de trabalho do país está menos aquecido.

Haveria indícios, portanto, de que a inflação tende a se aproximar da meta de 2% anuais. Com isso, intensificou-se o debate sobre a possibilidade de o Fed começar a cortar sua taxa básica a partir de setembro. Na reunião do final deste julho, ou mesmo antes, o BC americano já poderia dar sinais de que planeja aliviar as condições financeiras.

Trata-se de uma mudança em relação às expectativas negativas firmadas a partir de março, quando a percepção de subida de preços mais duradoura nos EUA provocou alta do dólar e dificuldades para o afrouxamento da política monetária no mundo e no Brasil.

Aqui a situação se agravou com a mudança da meta fiscal em abril, com o voto dividido do BC em maio e com os reiterados ataques de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) aos juros e às propostas de contenção de despesas de seu governo.

A nova posição da biruta inflacionária americana pode vir a trazer alívio ao Brasil. Para aproveitar o vento eventualmente favorável, é preciso que Lula reposicione o barco da política fiscal.

No final deste julho, o governo apresentará sua revisão bimestral de receitas e despesas para o ano. Também aí deve anunciar as providências para cumprir a meta de saldo primário e o limite de crescimento de gastos. Dada a situação das contas públicas, será necessário bloquear despesas.

Caso o governo aja de modo a dirimir as dúvidas a respeito do seu compromisso fiscal, recuperará parte do crédito. Em agosto, com o envio ao Congresso do projeto de Orçamento de 2025, tal mensagem poderia ser reforçada. É possível que seja uma grande oportunidade para se deixar para trás a crise financeira de junho.

editoriais@grupofolha.com.br

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