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Incerteza fiscal faz Brasil sofrer mais com volatilidade, diz Zeina Latif

Economista diz ser cedo para cravar recessão da economia americana, mas que desempenho do real está pior que o esperado

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São Paulo

O Brasil seguirá sofrendo mais do que outros países emergentes durante instabilidades globais enquanto não mostrar que seguirá novo arcabouço fiscal, na visão de Zeina Latif, sócia da Gibraltar Consulting e ex-economista chefe da XP.

Nesta segunda-feira (5), o dólar teve alta de 0,53% e fechou cotado a R$ 5,73, enquanto a Bolsa caiu 0,46%, acompanhando índices estrangeiros em meio a temores de uma recessão nos Estados Unidos. Dados de mercado de trabalho da maior economia do mundo mostraram piora nas contratações e aumento no desemprego.

No ano, a moeda americana acumula alta de 18% em relação ao real, e a divisa brasileira tem o pior desempenho numa cesta de 23 moedas de países emergentes compiladas pela Bloomberg.

"Se o governo está preocupado com a repercussão disso na inflação e na taxa Selic, seria importante vencer a resistência politica para ajustes nas contas públicas. Mesmo que não tenha efeito imediato ou suficiente, mostraria compromisso. O fiscal é variável-chave", diz Latif.

Ex-economista chefe da XP, Zeina Latif, 56, no Complexo Ache Cultural, em março de 2024 - Folhapress

Na visão da economista, a dificuldade do governo em cumprir as regras do arcabouço fiscal penaliza o Brasil, que acaba performando pior que outros países emergentes. Por essa mesma razão, o câmbio se manteria em um patamar descolado na normalidade, mesmo considerando a tendência natural da volatilidade mais elevada do real.

"O real está pior do que seria o esperado, pior do que o passado recente."

A economista acredita ser cedo para cravar uma recessão norte-americana. A repercussão exageradamente negativa com os dados dos EUA mostra baixa tolerância à volatilidade, movimento natural dos mercados, segundo Latif.

"É importante não tirar esse movimento como consolidação do cenário econômico. Você tem operadores mudando de posição em um efeito manada, no qual nem eles acham que a situação é tão grave, mas acompanham o fluxo para evitar perdas", diz.

"Estávamos mal acostumados, porque tínhamos baixa volatilidade, mas as notícias foram se acumulando e o mercado virou."

Além do temor quanto aos EUA, também interferiu no mercado o aumento das taxas de juros pelo banco central do Japão, em resposta à elevação da inflação no país. A sinalização de novos aumentos fez com que o principal índice acionário do país, o Nikkei 225, encerrasse as negociações com perdas por três dias consecutivos.

Os mercados também consideram um possível alastramento do conflito no Oriente Médio, que poderia afetar a produção e venda de petróleo e tensões comerciais entre EUA e China.

Um ataque matou Ismail Haniyeh, líder político do Hamas, em Terãa, na última quarta-feira (31). Um dia depois, o governo de Israel anunciou a morte do chefe da ala militar do grupo terrorista da Faixa de Gaza. Mohammed Deif morreu, segundo o Estado judeu, em um bombardeio no mês passado.

No cenário local, um controle preventivo de despesas adotado pelo governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) elevou a R$ 46,6 bilhões o esforço fiscal total que os ministérios precisarão fazer entre agosto e setembro para evitar o estouro das regras fiscais em 2024.

O valor inclui o congelamento de R$ 15 bilhões para compensar o aumento de despesas obrigatórias e a frustração de receitas, além de outros R$ 31,6 bilhões que o governo travou de forma preventiva e vai liberar só a partir de outubro.

Os bloqueios, apesar de positivos, ainda são tímidos, na visão da economista, que vê necessidade de reformas constitucionais. Ela também cita a incerteza sobre a transição da chefia do Banco Central.

No fim de junho, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) teceu críticas à atuação do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto. Em entrevista à rádio Mirante News FM, em São Luís, por exemplo, o petista disse que o chefe da autoridade monetária é um adversário político e ideológico, e acrescentou que o BC deve voltar à "normalidade" após a troca no comando prevista para o fim do ano.

"O mercado está em um momento em que não dá para ser mais só discurso. Discurso no é primeiro ano de governo. Agora, tem que acabar lua de mel", diz Latif.

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