O dólar apresenta forte alta nesta segunda-feira (5), com investidores temendo uma recessão na economia dos Estados Unidos.
Por volta das 10h41, a divisa norte-americana subia 1,20%, cotada a R$ 5,777, em meio a um cenário de aversão ao risco generalizado. Na máxima da sessão, chegou a R$ 5,865. Já a Bolsa brasileira operava em queda firme de 1,82%, aos 123.567 pontos.
Os mercados globais amanheceram pressionados pela desaceleração da economia dos Estados Unidos.
A Bolsa do Japão despencou mais de 12%, no pior resultado em um dia em 37 anos. Em um ponto, a queda nas ações acionou um mecanismo de "disjuntor" —o circuit breaker— que interrompe as negociações para permitir que os mercados digiram grandes flutuações.
Mas, mesmo depois das pausas obrigatórias, a liquidação de ações pareceu acelerar. O nervosismo se espalhou para o mercado de dívida, provocando uma interrupção nas negociações de títulos do governo japonês também.
"A resposta do mercado é um reflexo da deterioração da perspectiva econômica dos EUA", disse Jesper Koll, diretor da empresa de serviços financeiros Monex Group. "Foi um espirro de Nova York que provocou uma pneumonia japonesa."
O derretimento da Bolsa japonesa se estendeu por outros mercados, como Coreia do Sul (-8,8%), Taiwan (8,35%), Singapura (-4,07%) e Índia (-2,6%). Na Europa, o índice STOXX 600 abriu com queda de 3,1%, atingindo o nível mais baixo desde 13 de fevereiro. O valor de referência configurou o pior dia em 2 anos de meio.
"O 'crash' da Bolsa japonesa já contamina vários mercados pelo mundo, com o aumento da percepção de risco global depois de dados de emprego dos EUA na sexta-feira levantarem temores de uma recessão", diz Caio Tonet, diretor de operações da W1 Capital.
O "payroll" (folha de pagamento, em inglês) mostrou que os EUA criaram 114 mil vagas no mês passado, ante expectativa de 175 mil, e a taxa de desemprego cresceu para 4,3%, quando agentes financeiros esperavam manutenção em 4,1%.
Os novos dados acionaram a chamada Regra de Sahm, que vincula o início de uma recessão ao momento em que a média móvel de três meses da taxa de desemprego sobe pelo menos 0,5 ponto percentual acima da mínima de 12 meses. Em agosto do ano passado, o índice estava em 3,8%, o que coloca a taxa atual exatamente no gatilho.
O payroll vem na esteira da manutenção dos juros na taxa de 5,25% e 5,50% pelo Fed (Federal Reserve, o banco central dos EUA) na última quarta-feira (31). A decisão já era amplamente esperada, mas o comunicado que a sucedeu deu fôlego à tese de que a autarquia poderá iniciar o ciclo de afrouxamento monetário já no próximo encontro, em setembro.
Com os novos números, a tese se tornou uma aposta unânime entre os agentes financeiros. E, se antes a dúvida era sobre a possibilidade de corte, agora a discussão é sobre a magnitude.
Alguns dos grandes bancos de Wall Street, como JPMorgan e Citigroup, revisaram as previsões para o ano, antevendo, agora, um corte de 0,50 ponto percentual na taxa de juros na próxima reunião.
É o que também aparece na ferramenta CME FedWatch, que colhe estimativas de investidores sobre a política monetária norte-americana: 85,5% deles estimam que os juros irão cair em 0,5 p.p, enquanto os 14,5% restantes esperam 0,25.
Os temores de uma recessão na maior economia do mundo também afetaram os mercados na sexta-feira (2). Em sessão marcada por alta volatilidade, o dólar fechou em queda de 0,44%, aos R$ 5,709, um dia depois de atingir R$ 5,734, a maior cotação desde 21 de dezembro de 2021.
A moeda norte-americana oscilou entre os sinais e chegou a atingir a máxima de R$ 5,793, até firmar queda no final da tarde.
Já a Bolsa recuou 1,21%, aos 125.854 pontos. O Ibovespa acompanhou os índices de Wall Street e foi pressionado por uma forte queda nos papéis da Petrobras, afetados pelo recuo dos preços do barril de petróleo no exterior.
Com informações do The New York Times e da Reuters
Comentários
Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.