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Sem o Brasil, X de Musk perderia 20 milhões de usuários enquanto tenta arrumar as finanças

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Victor Sena
São Paulo

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Brasil sem o X ou X sem o Brasil?

Elon Musk, o bilionário rival do ministro Alexandre de Moraes, pode ver as finanças do X (antigo Twitter) entrarem em situação ainda mais complicada em caso de bloqueio da rede social no Brasil pelo STF (Supremo Tribunal Federal).

↳ O país é um dos maiores mercados da plataforma, com mais de 20 milhões de contas, ocupando a sexta posição no ranking global. Ontem, a noite foi de memes com a possível saída.

↳ No mundo, a rede possui 550 milhões de usuários.

Na corda bamba. A empresa tem lutado para atrair anunciantes desde a aquisição conturbada pelo bilionário.

Em 2022, os anúncios na plataforma foram estimados em aproximadamente US$ 2,5 bilhões (R$ 13,9 bilhões), aquém da meta de US$ 3 bilhões (R$ 16,7 bilhões), segundo a agência Bloomberg.

Mesmo antes da compra por Musk, o antigo Twitter já enfrentava dificuldades financeiras. A grande promessa do empresário era tornar a empresa lucrativa.

↳ Uma das estratégias foi a implementação de assinaturas pagas para usuários verificados.

Sim, mas… Analistas estimam que o valor de mercado do X esteja atualmente 72% abaixo dos US$ 44 bilhões (R$ 246,9 bilhões) avaliados na venda em 2022. No final de 2023, uma queda de 50% no valor já havia sido confirmada pelo próprio Musk.

O desempenho financeiro fraco da plataforma e as tensões entre Musk e os reguladores são apontados como os principais motivos.

Mau negócio. De acordo com reportagem do Wall Street Journal, o empréstimo para a compra do Twitter foi o pior negócio do tipo para os bancos desde a crise de 2008.

Dos US$ 44 bilhões, US$ 13 bilhões (R$ 72,9 bilhões) foram emprestados para que o bilionário comprasse a maior parte da empresa. Entre os bancos envolvidos estão Morgan Stanley, Bank of America, Barclays e BNP Paribas.

↳ Normalmente esses bancos revendem rapidamente essas dívidas para outros investidores, que terão no futuro o direito de receber o pagamento.

↳ No entanto, poucos investidores querem assumir esse risco à espera dos pagamentos do X, deixando com os bancos as dívidas.

↳ Musk revelou que os pagamentos anuais de juros do X somam cerca de US$ 1,5 bilhão (R$ 8,4 bilhões), segundo o Wall Street Journal.

↳ A participação de Musk no X vale mais de US$ 7 bilhões (R$ 39,4 bilhões), segundo o Bloomberg Billionaires Index, uma fração de seu patrimônio de US$ 202,1 bilhões (R$ 1,14 trilhão).

Entenda o processo no Brasil: a suspensão do X no Brasil é iminente porque a empresa desrespeitou uma decisão do ministro do STF, Alexandre de Moraes, que exigia a indicação de um representante legal no país.

O bilionário decidiu fechar os escritórios no Brasil após o ministro determinar a derrubada de contas e aplicar multas diárias de mais de R$ 1 milhão por descumprimento.

Moraes afirmou que a pena pela falta de representação legal seria a "imediata suspensão das atividades da rede social X até que as ordens judiciais sejam efetivamente cumpridas e as multas diárias quitadas."

Relembre: a rixa começou com a divulgação do "Twitter Files Brazil", que revelou e-mails trocados por funcionários da rede, criticando decisões da Justiça brasileira sobre a propagação de notícias falsas e ataques ao sistema eleitoral.

Desde então, Musk passou a criticar Moraes no X, acusando-o de censura e ameaçando descumprir decisões judiciais, o que deteriorou ainda mais a relação entre a empresa e o STF.


Casos de família

A XP Investimentos enfrenta uma acusação judicial por supostamente ter pressionado um funcionário a convencer o próprio pai a realizar uma operação financeira que resultou em prejuízo.

O empresário Marco Antonio Puerta exige que a corretora devolva os valores perdidos em uma transação de R$ 15 milhões, alegando que os riscos não foram informados.

↳ Ele afirma que a XP prometeu bônus a seu filho, Gabriel Puerta, se ele incentivasse o investimento. Gabriel teria sofrido até ameaças para cumprir a tarefa.

↳ Na última quinta-feira (22), o juiz André Augusto Salvador Bezerra concedeu uma liminar que suspende a cobrança de juros relacionados à operação.

O investimento. Marco Antonio Puerta tinha R$ 22 milhões investidos na XP. Ele foi induzido a retirar R$ 15 milhões de um fundo exclusivo, que conta com analistas dedicados, e aplicá-los em COEs (Certificados de Operações Estruturadas) por cinco anos.

Apesar dos bons rendimentos, o empresário passou a receber propostas para realocar os recursos logo após a contratação de seu filho pela empresa, no final de 2021.

A operação também envolveu um empréstimo também de R$ 15 milhões, com parcelas semestrais, na expectativa de que os rendimentos do COE cobrissem os juros e ainda gerassem lucro.

↳ A defesa do empresário solicita a anulação da operação, a devolução dos valores e uma indenização de R$ 3 milhões.

↳ O caso foi encaminhado à CVM (Comissão de Valores Mobiliários), que regula as corretoras de investimentos e empresas de capital aberto.

Entenda: os COEs não são o tipo de investimento mais popular no Brasil, mas uma opção interessante para quem desejar diversificar e tentar alcançar rentabilidade alta. Alguns modelos, porém, têm bastante risco.

Ele mistura características da renda fixa, como prazo de validade, à oscilação da renda variável, como o movimento do ouro, moedas, de ações…

↳ Veja se o investimento vale a pena nesta coluna de Bernardo Guimarães.

Evidências. Mensagens anexadas ao processo revelam trocas de conversas entre Gabriel e seu superior, evidenciando a pressão para a conclusão da operação.

Em uma das mensagens, o chefe pergunta se Gabriel acredita que a operação seria finalizada no mês, ao que ele responde: "Ansioso por isso. Tô precisando de bônus mais gordo."

↳ O advogado do empresário afirmou à Folha que a relação entre pai e filho não foi afetada, e que Gabriel está colaborando com as investigações.

Outro lado. A XP declarou que não comenta casos em andamento na Justiça, mas alegou que os "poucos fatos publicados estão fora de contexto" e que pretende recorrer da decisão.


2025 já começou

O governo federal apresenta nesta sexta (30) o que planejou em gastos para o ano que vem. O Orçamento federal será enviado ao Congresso e precisará de aprovação porque tem peso de lei.

↳ Ele inclui informações como a previsão de arrecadação, despesas em cada ministério, valor do salário mínimo e uma nova projeção para o crescimento do PIB (Produto Interno Bruto).

Trilhões. A lei exige que o governo feche 2024 e 2025 sem déficit, com as contas pelo menos no zero a zero. E as despesas totais só podem crescer até 2,5% acima da inflação.

O que tem de novo. O projeto de lei do Orçamento propõe aumento de dois impostos: CSLL (Contribuição Social sobre Lucros e Dividendos) e do JCP (Juros sobre Capital Próprio).

↳ A alta só entrará em vigor caso o governo não consiga compensar a desoneração da folha de empresas de 17 setores e de municípios.

Enxuga. Para 2025, o governo prevê um corte de R$ 25,9 bilhões em despesas obrigatórias, principalmente com a revisão de benefícios indevidos.

Os números representam a primeira versão do Orçamento, que será revisado e discutido nos próximos meses. A área econômica discute mais reduções de despesas para 2025.

Entenda: os cortes têm o objetivo de liberar espaço para outros gastos.

O problema é que várias áreas têm aumentado seus custos acima desse ritmo dentro do Orçamento devido às suas regras de reajuste. Entre elas: saúde e educação, aposentadorias e beneficiários do BPC.

Mas… Como são gastos obrigatórios só podem ser revisados com amplas reformas.

↳ A cúpula econômica discute propostas para conter esse ritmo de crescimento, mas a pauta enfrenta resistências da ala política e do presidente Lula.

↳ O crescimento acima do previsto em 2024 exigiu que o governo congelasse cerca de R$ 15 bilhões em gastos livres para acomodar o aumento das despesas obrigatórias.


Para ler:

"Extremos — Quem são os culpados pela desigualdade no Brasil?, 368 páginas, Pedro Fernando Nery

Apesar de estar entre as dez maiores economias do mundo, o Brasil segue como um dos países mais desiguais. Estamos na 14ª posição, à frente de vizinhos como Paraguai, Argentina e Peru no ranking medido pelo Índice de Gini.

Os motivos são muitos, e foram alvo de estudos do economista Pedro Fernando Nery, que lançou o livro "Extremos — Quem são os culpados pela desigualdade no Brasil?" alguns meses atrás.

Na obra, ele mostra as diferenças entre algumas regiões do país, e entre os brasileiros que vivem nos lugares que visitou para fazer o livro.

Um dos contrastes está entre o distrito paulistano de Pinheiros, o lugar com o mais alto índice de desenvolvimento, e a amazonense Ipixuna, a cidade com pior colocação.

Nery tem doutorado pela Universidade de Brasília e é consultor legislativo do Senado para assuntos como "Economia do Trabalho, Renda e Previdência".

Para aprofundar: o sociólogo e pesquisador Pedro H. G. Ferreira de Souza fez uma crítica do livro na Folha.

"Abordagem do economista funciona tão bem que surpreende ninguém ter pensado nela antes", escreve. Leia o texto completo aqui.

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