Descrição de chapéu PIB indústria

PIB do Brasil cresce acima do esperado no 2º trimestre com impulso de consumo e investimento

Economia tem alta de 1,4%, a maior desde o final de 2020, diz IBGE; analistas projetavam taxa de 0,9%

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Rio de Janeiro e São Paulo

Com o impulso da demanda interna, a economia brasileira cresceu 1,4% no segundo trimestre deste ano, na comparação com os três meses iniciais de 2024. É o que apontam dados do PIB (Produto Interno Bruto) divulgados nesta terça-feira (3) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

A alta mostra uma aceleração da economia após avanço de 1% no primeiro trimestre. O desempenho de janeiro a março foi revisado para cima nesta terça pelo IBGE —de 0,8% para 1%.

O crescimento de 1,4% é o maior desde o quarto trimestre de 2020, quando a variação havia sido de 3,7%, sob impacto da base de comparação fragilizada pela pandemia.

O novo resultado veio acima da mediana das projeções do mercado financeiro. Analistas consultados pela agência Bloomberg esperavam taxa de 0,9%.

O PIB está no maior nível da série histórica do IBGE, iniciada em 1996. "O crescimento do segundo trimestre está totalmente concentrado na demanda interna, especialmente em consumo e investimentos", disse Rebeca Palis, coordenadora de Contas Nacionais do instituto.

O resultado ocorreu em meio a um contexto de mercado de trabalho aquecido e transferências governamentais. O cenário, conforme analistas, estimula a demanda por bens e serviços.

O IBGE disse que tanto o consumo das famílias quanto o do governo cresceram 1,3% ante o primeiro trimestre.

No caso do segundo componente, Palis lembrou que a proximidade das eleições municipais costuma impulsionar gastos públicos nos anos de pleito.

Ela também disse que o consumo do governo pode refletir ações de reconstrução do Rio Grande do Sul após as enchentes de proporções históricas em maio.

Pessoas circulam em mercado no centro histórico de São Paulo
Pessoas circulam em mercado no centro histórico de São Paulo - Pedro Affonso - 28.ago.24/Folhapress

Os investimentos produtivos na economia brasileira, medidos pela FBCF (Formação Bruta de Capital Fixo), avançaram 2,1%.

O IBGE associou o resultado a fatores como a ampliação do crédito e o desempenho da construção. Obras no Rio Grande do Sul também podem ter influenciado, conforme o instituto.

Ao contrário de período recentes, o setor externo agora teve influência negativa para o desempenho da economia. Isso ocorreu porque as importações (7,6%) avançaram mais do que as exportações (1,4%).

Pelo lado da oferta, os serviços (1%) e a indústria (1,8%) contribuíram para o crescimento do PIB no segundo trimestre.

A agropecuária (-2,3%), por outro lado, teve queda após registros de problemas climáticos. Ondas de calor e enchentes no Rio Grande do Sul fazem parte dessa lista.

De acordo com o IBGE, o efeito negativo da tragédia gaúcha ficou mais concentrado no campo. Em outros setores, indicadores econômicos já indicaram uma espécie de recuperação em "V", segundo Palis.

"Teve queda forte em maio e recuperação em junho", afirmou a técnica.

A expectativa do mercado financeiro para o PIB no acumulado deste ano é de avanço de 2,46%, conforme a mediana da edição mais recente do boletim Focus, divulgada pelo BC (Banco Central) na segunda (2). Ao final de 2023, a previsão para 2024 era menor, de 1,52%.

Parte dos economistas ainda se questiona sobre a sustentabilidade do ritmo de crescimento do PIB com o impulso do aumento da renda via mercado de trabalho e transferências governamentais. A incerteza fiscal segue como um ponto de atenção.

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