Descrição de chapéu newsletters da folha

O 'ok' de Lula na Vale, Americanas multiplica os centavos e o que importa no mercado

Leia edição da newsletter FolhaMercado desta quarta-feira (28)

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Victor Sena
São Paulo

Esta é a edição da newsletter FolhaMercado desta quarta-feira (28). Quer recebê-la de segunda a sexta, às 7h, no seu email? Inscreva-se abaixo:


O ‘ok’ de Lula na Vale

O Palácio do Planalto foi informado na semana passada sobre o favoritismo de Gustavo Pimenta na disputa pelo comando da Vale. Apuração da Folha afirma que o presidente Lula (PT) não fez objeções.

Pimenta, 46, é o atual vice-presidente financeiro e foi escolhido por unanimidade nesta segunda-feira (26).

↳ Ele é formado em economia pela Universidade Federal de Minas Gerais e tem mestrado em finanças e economia pela Fundação Getúlio Vargas. Antes, trabalhou na empresa de energia AES e no Citigroup. Está na Vale desde 2021.

Ponto final? A escolha do novo CEO encerra um processo conturbado, que teve pressão de Brasília. No começo do ano, Lula tentou colocar o ex-ministro Guido Mantega no comando da companhia. A ideia, no entanto, se mostrou inviável.

Fontes disseram à reportagem que o governo tinha preferência pelo nome, mas que a decisão não sofreu tentativa de interferência.

Boa vizinhança. Apesar da fatia pequena nas ações da companhia, o governo ainda pode intervir indiretamente na legislação e no setor de mineração. Isso tende a fazer com que os acionistas desejem boas relações com Brasília.

↳ Eduardo Bartolomeo, atual presidente da empresa, não é bem-visto pelo Palácio do Planalto. Ele tentou se reeleger, mas não teve apoio.

↳ As ações da Vale subiram 3% nesta terça depois da indicação.

Menos influência. O governo já teve mais força na mineradora, mas hoje possui "apenas" 9,7% das ações. Nos primeiros mandatos do petista, pouco após sua privatização, o controle era dividido com o banco Bradesco e a japonesa Mitsui.

Isso mudou com a venda de ações na gestão Bolsonaro (PL) e com a transformação em "corporation", modelo em que o comando é diluído.

↳ As cadeiras do governo no conselho caíram de 4 para 2, de um total de 13.

↳ Nas "corporations" até os maiores investidores têm pequenas fatias.

"Cachorro com muito dono". O presidente Lula criticou justamente esse modelo em evento nesta terça (27). Para ele, a Vale tem acionistas demais, e isso é um problema.

  • "[É] uma tal de corporate que não tem dono, monte de gente com 2%, 3%. É que nem cachorro de muito dono. Morre de fome, de sede porque todo mundo pensa que colocou água, todo mundo pensa que deu comida e ninguém colocou", disse Lula.

O governo está em uma negociação difícil com a empresa para a reparação dos danos às vítimas da tragédia de Mariana (MG).

No início do ano, Lula defendeu publicamente a ideia de que empresas brasileiras deveriam seguir a "visão do governo".

Por que importa: a Vale é a empresa com mais peso na Bolsa brasileira e impacta o movimento geral do índice de ações no dia a dia.

Ela também é responsável por grande parte da força do Brasil nas exportações de minério de ferro, contribuindo para a entrada de dólares no país.

Desafios à frente. Gustavo Pimenta assume a empresa em um momento desafiador para o mercado de minério de ferro, que passa por uma queda nos preços.

  • A médio prazo, a Vale quer ampliar a mineração de matérias-primas voltadas para a transição energética, como cobre e níquel.
  • Em sabatina com conselheiros antes da eleição, o executivo propôs enxugar a estrutura corporativa da empresa.

A multiplicação dos centavos

As ações da Americanas tiveram alta de 40% nesta terça-feira (27), uma verdadeira disparada. Elas começaram o dia a R$ 5 e terminaram a R$ 7.

Por trás dessa valorização está o grupamento das ações, que transformou R$ 0,05 em R$ 5 na segunda-feira.

↳ Esse salto atraiu rapidamente os investidores.

O que muda? Na prática, o grupamento apenas altera o valor nominal da ação. O valor de mercado da Americanas permanece inalterado.

O processo converte 100 papéis em um só, uma medida necessária porque ações listadas na Bolsa não podem permanecer abaixo de R$ 1 por mais de seis meses.

↳ Ações de centavos, as chamadas "penny stocks", são normalmente ignoradas pelos investidores, mesmo quando seu preço é "justo". Esse era o caso da Americanas.

↳ O ajuste busca reduzir as fortes oscilações e, ao mesmo tempo, estimular as negociações na Bolsa.

Relembre: a Americanas enfrenta uma crise desde o início do ano passado, quando foi revelado que a gestão anterior havia cometido fraudes de aproximadamente R$ 25 bilhões.

A empresa entrou em recuperação judicial, renegociando dívidas e passando por uma profunda mudança na estratégia de negócios.

Ousadia. Investir na Americanas é uma aposta para quem tem apetite por risco. O advogado pernambucano Inácio Melo Neto, maior acionista individual da empresa, chamou a atenção recentemente ao defender essa estratégia.

Ele possui 12,5% das ações da Americanas e acredita na recuperação a longo prazo. Inácio confia nos investidores de referência Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Carlos Sicupira, que recentemente injetaram R$ 12 bilhões no caixa da empresa.


Um iPhone novo de verdade

A Apple apresentará o iPhone 16 no dia 9 de setembro, menos de um ano depois de a versão atual ter sido lançada.

A marca costuma ser criticada por aplicar poucas novidades aos celulares dos últimos anos, mas desta vez as mudanças são grandes.

↳ A expectativa é forte porque os celulares terão funções únicas de inteligência artificial.

↳ Analistas afirmam que a nova geração demarca uma atualização de verdade.

Vem aí. Segundo a agência Bloomberg, a nova linha de celulares deve ter uma tela maior nos modelos Pro e um botão dedicado para tirar fotos. As câmeras também deverão mudar de posição, ficando alinhadas na vertical.

Hoje, os iPhones são vendidos principalmente em quatro versões —básico, Plus, Pro e Pro Max. O básico e o Pro têm 6,1 polegadas, enquanto o Plus e o Pro Max têm 6,7.

↳ Em 2023, a inclusão do titânio como substituição ao alumínio deixou os modelos Pro mais leves e resistentes.

↳ O material deverá se manter exclusivo nessa linha mais cara, agora com novas cores.

A grande novidade. Os fãs da Apple estão ansiosos para ver como o novo sistema operacional iOS 18 rodará nos celulares.

Algumas funções já foram mostradas, e a versão beta está disponível para download de desenvolvedores.

A versão final, no entanto, acompanhará o lançamento dos novos celulares.

A experiência completa estará disponível apenas nos modelos 15 Pro, 15 Pro Max e nova linha 16.

O Apple Intelligence oferecerá:

  • Edição de texto, com funções para resumir, revisar e melhorar a escrita com IA ao escrever em qualquer aplicativo do iPhone.
  • A Siri vai entender melhor os comandos por voz e ficar mais parecida com a Alexa e o ChatGPT. A Apple chama a atualização como o "o começo de uma nova era".
  • Funções inteligentes como as novas notificações, que passarão a "entender" a importância do conteúdo.

    Tem mais: transcrição de áudios nas mensagens, respostas em e-mails e criação de imagens digitais a partir de esboços e desenhos.

Em números

Um gráfico semanal explica o que acontece na economia

População brasileira deve começar a cair em 2042
Em milhões de habitantes

newsletter do censo IBGE
newsletter do censo IBGE - Núcleo de Imagem

A população do Brasil atingirá 220,4 milhões de habitantes em 2042, de acordo com o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), seis anos antes do previsto anteriormente pelo próprio instituto. Hoje, o país conta com 212,6 milhões de pessoas.

Mas… Depois de 2042, a tendência é de declínio populacional.

↳ A queda reflete, principalmente, a baixa taxa de fecundidade (1,58 filhos por mulher) e o envelhecimento da população.

País de idosos. Além de menor, a população do Brasil se tornará mais velha. Em 2070, cerca de 40% das pessoas serão idosos, contra 15% hoje.

↳ Os mais velhos já superam os jovens de 15 a 24 anos, que representam 14,8% da população.

A mudança demográfica reflete o aumento da expectativa de vida, os avanços na ciência e na saúde, além de maior planejamento familiar e gestacional.

Desafio para ficar rico. Economistas alertam que o Brasil enfrenta um problema porque está "envelhecendo antes de enriquecer".

Países emergentes expandem suas economias mais facilmente quando têm uma população jovem, apta para produzir e inovar—um fenômeno conhecido como "bônus demográfico".

Além da baixa taxa de natalidade, a economia brasileira é impactada pela crescente necessidade de cuidados com idosos, que leva familiares a deixarem o mercado de trabalho.

Déficit da Previdência. Outro desafio significativo são as contas públicas devido aos gastos com aposentadorias.

Mesmo após a reforma de 2019, o envelhecimento acelerado pressiona por novas mudanças nas regras do INSS (Instituto Nacional do Seguro Social) e de regimes próprios.

↳ Em 2023, a Previdência arrecadou R$ 1,2 trilhão, mas pagou R$ 1,6 trilhão em benefícios, resultando em um déficit de R$ 429 bilhões, equivalente a 2,32% do PIB.

Embora esse percentual deva cair nos próximos anos, ele deverá subir novamente na próxima década e atingir 5,48% do PIB em 2060 se reformas não forem implementadas

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.