Durante uma aula do programa de mestrado sobre a relação de questões raciais com a desigualdade no mercado de trabalho, o dentista Arthur Lima, 29, acabou encontrando uma oportunidade de negócio.

Na época, em 2019, ele recebeu a mensagem de uma amiga procurando outro dentista negro para fazer um tratamento de canal —o contato seria enviado a uma paciente vítima de discriminação, que buscava um profissional negro para se sentir mais confortável na consulta.

A história é tema do sétimo episódio da série Negócios Plurais, sobre empreendedorismo e diversidade, realizada pela Folha em parceria com o Instagram. Toda semana, o jornal publica em seu perfil na rede social relatos em vídeo de empreendedores de todas as regiões do país.

Mesmo depois de buscas em grupos de WhatsApp, Arthur não conseguiu encontrar a recomendação de dentista —e comentou o assunto com seu marido, o jornalista Igor Leonardo Rocha, 34, que também é negro. “Eu enxerguei que vivia aquele problema, identifiquei que nunca havia sido atendido até aquele momento por um médico negro”, diz Igor.

Foi assim que Arthur e Igor começaram, juntos, a enxergar que o problema poderia dar origem a um negócio para solucionar a dificuldade de pacientes encontrarem profissionais de sáude negros.

Para isso, começaram a validar a proposta do negócio de forma digital, perguntando por meio de um formulário online se possíveis usuários utilizariam os serviços de uma plataforma que conecta pessoas a profissionais negros de saúde e bem-estar. Durante o processo, os empreendedores conseguiram colher informações que confirmavam a ideia da criação da empresa —além de identificar outros casos de racismo. Assim surgiu a AfroSaúde.

Para se comunicar com o público, a empresa, que hoje já tem dois anos e 900 profissionais cadastrados, usa como estratégia construir, nas redes sociais, um conteúdo com linguagem acessível e usando imagens que refletem a atividade de profissionais negros em diferentes áreas da saúde.

Assista ao depoimento: