Discurso de ódio passa à prática, diz Anistia Internacional
ONG acusa Trump de discriminação e de dar pretexto a violadores de direitos humanos
Já é assinante? Faça seu login
Continue lendo com acesso ilimitado.
Aproveite esta oferta especial:
Oferta Exclusiva
6 meses por R$ 1,90/mês
SOMENTE ESSA SEMANA
ASSINE A FOLHACancele quando quiser
Notícias no momento em que acontecem, newsletters exclusivas e mais de 200 colunas e blogs.
Apoie o jornalismo profissional.
Um ano em que o discurso de ódio passou à prática. Foi assim que 2017 foi descrito em um relatório da Anistia Internacional, "O Estado dos Direitos Humanos no Mundo", publicado nesta quinta (22).
Não por acaso, tratou-se da primeira vez em 56 anos que o lançamento do documento ocorreu em Washington —forma de reforçar o recado contra políticas de Donald Trump que o órgão considera discriminatórias.
Entre elas, o relatório destaca o veto a viajantes de países islâmicos, a suspensão de vistos temporários para populações afetadas pela violência ou por desastres naturais, a redução do número de refugiados abrigados pelos EUA, a manutenção da prisão de Guantánamo e o corte de verbas para ajuda humanitária pelo mundo.
"Infelizmente, o discurso de ódio passou à realidade de ódio", afirmou Salil Shetty, secretário-geral da Anistia Internacional. O documento avaliou a situação de 159 países.
A organização concluiu que a retórica de Trump contra imigrantes e minorias se refletiu nas políticas e prioridades de seu primeiro ano de governo e, em função da influência dos EUA no cenário internacional, está estimulando outros líderes mundiais a agirem de forma semelhante.
"Se o presidente americano legitima violações aos direitos humanos, imagine as consequências disso ao redor do mundo", afirmou Shetty. "Há líderes que só esperavam por um pretexto para agir."
No cenário internacional, o relatório destaca a Polônia, cujo governo nacionalista tentou reformar o Judiciário e apertou o controle da mídia; Mianmar, que vive campanha de limpeza étnica contra a minoria muçulmana rohingya; as Filipinas, onde a guerra às drogas do presidente Rodrigo Duterte provocou milhares de mortes pela polícia e grupos de extermínio; e a Venezuela, cuja situação é qualificada como "a pior crise humanitária da sua história".
"É como se essa retórica estivesse formalizada, institucionalizada", afirmou à Folha Erika Guevara Rosas, diretora da Anistia Internacional para as Américas. "E isso está ganhando impulso e apoio popular."
Ela avalia que o discurso nacionalista ganha especial força na América Latina, cuja população sofre com altos índices de violência, desigualdade e pobreza.
O órgão manifesta preocupação com as consequências dessa retórica nas eleições gerais deste ano, com possibilidades de protesto e repressão policial.
Receba notícias da Folha
Cadastre-se e escolha quais newsletters gostaria de receber
Ativar newsletters