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Discurso de ódio passa à prática, diz Anistia Internacional

ONG acusa Trump de discriminação e de dar pretexto a violadores de direitos humanos

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Supremacista ferido é cercado por militantes negros durante protesto contra palestra do ultranacionalista Richard Spencer na Flórida, em outubro - Shannon Stapleton - 19.out.2017/Reuters

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Washington

Um ano em que o discurso de ódio passou à prática. Foi assim que 2017 foi descrito em um relatório da Anistia Internacional, "O Estado dos Direitos Humanos no Mundo", publicado nesta quinta (22).

Não por acaso, tratou-se da primeira vez em 56 anos que o lançamento do documento ocorreu em Washington —forma de reforçar o recado contra políticas de Donald  Trump que o órgão considera discriminatórias.

Entre elas, o relatório destaca o veto a viajantes de países islâmicos, a suspensão de vistos temporários para populações afetadas pela violência ou por desastres naturais, a redução do número de refugiados abrigados pelos EUA, a manutenção da prisão de Guantánamo e o corte de verbas para ajuda humanitária pelo mundo.

"Infelizmente, o discurso de ódio passou à realidade de ódio", afirmou Salil Shetty, secretário-geral da Anistia Internacional. O documento avaliou a situação de 159 países.

A organização concluiu que a retórica de Trump contra imigrantes e minorias se refletiu nas políticas e prioridades de seu primeiro ano de governo e, em função da influência dos EUA no cenário internacional, está estimulando outros líderes mundiais a agirem de forma semelhante.

"Se o presidente americano legitima violações aos direitos humanos, imagine as consequências disso ao redor do mundo", afirmou Shetty. "Há líderes que só esperavam por um pretexto para agir."

No cenário internacional, o relatório destaca a Polônia, cujo governo nacionalista tentou reformar o Judiciário e apertou o controle da mídia; Mianmar, que vive campanha de limpeza étnica contra a minoria muçulmana rohingya; as Filipinas, onde a guerra às drogas do presidente Rodrigo Duterte provocou milhares de mortes pela polícia e grupos de extermínio; e a Venezuela, cuja situação é qualificada como "a pior crise humanitária da sua história".

"É como se essa retórica estivesse formalizada, institucionalizada", afirmou à Folha Erika Guevara Rosas, diretora da Anistia Internacional para as Américas. "E isso está ganhando impulso e apoio popular."

Ela avalia que o discurso nacionalista ganha especial força na América Latina, cuja população sofre com altos índices de violência, desigualdade e pobreza.

O órgão manifesta preocupação com as consequências dessa retórica nas eleições gerais deste ano, com possibilidades de protesto e repressão policial.

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