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Papa desfaz 'panelinha' europeia com novos cardeais em colégio

África e Ásia/Oceania ganham espaço entre potenciais eleitores em conclave

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São Paulo

Enquanto enfrenta resistências internas a seu estilo populista e popular, o papa Francisco ganha espaço na composição do Colégio Cardinalício, instância máxima da Igreja Católica, responsável pela eleição dos pontífices.

No domingo passado (20), Francisco surpreendeu ao anunciar que iria nomear 14 novos cardeais, 11 deles com menos de 80 anos e portanto eleitores potenciais no conclave que escolherá seu sucessor.

Quando a nova composição for confirmada, em fins de junho, Francisco se tornará o pontífice recordista em indicações de eleitores.

Cercado por cardeais, o papa Francisco agradece multidão reunida na praça de São Pedro após ser escolhido pontífice no conclave de 2013 - Lalo de Almedia - 13.mar.2013/Folhapress

Terá nomeado 59 detentores do chapéu vermelho usado pelos “príncipes da igreja”, contra 47 do papa emérito Bento 16, e 19 de João Paulo 2º.

Os números são mais reveladores quando se analisa o perfil dos cardeais escolhidos pelo argentino Jorge Mario Bergoglio. Francisco não tornou o colégio uma panelinha regional, como fizeram seus antecessores. Diversificou o elenco e já nomeou cardeais de 15 países que nunca haviam sido representados no órgão.

África e Ásia/Oceania são favorecidos. No conclave que elegeu Francisco, havia 22 integrantes dessas regiões (11 de cada). A partir de junho, serão 16 do primeiro time, e 21 do segundo. A América do Sul seguirá com 13 representantes.

O bastião conservador da América do Norte mantém seus 17 assentos, sem ganhos. Após os anos eurocêntricos do alemão Bento 16 (2005-2013), o continente mais representado perdeu espaço.

A Itália, berço da denominação, segue sendo o país mais forte, com 23 cardeais. Porém, eram 28 em 2013, assim como eram 32 os europeus de outros países —agora serão 30.

Há também sinais claros de que Francisco, criticado na Europa e na América do Norte pelo liberalismo de suas posições e pela confusão que criou ao editar um documento no qual abria espaço para a comunhão de divorciados, também sabe assoprar.

Em junho serão designados dois novos cardeais italianos com bastante poder potencial —e aliados de Francisco. Um é Angelo Becciu, adjunto do número 2 do Vaticano, o secretário de Estado Pietro Parolin.

“É inusual ter um cardeal servindo a outro, então será fascinante ver o que ocorrerá com ele. Todos esperam uma nova indicação”, diz o vaticanista americano John Allen Jr., que aponta também a indicação de Angelo de Donatis como importante. Vigário de Roma, De Donatis é jovem para os padrões cardinalícios (64 anos) e é apontado como um dos preferidos do papa.

De resto, se Francisco é aberto a gestos como dizer recentemente que um homem gay assim é porque Deus o criou assim, ao mesmo tempo não há sinal de que algo mudará na doutrina católica em relação a casamentos homossexuais ou a contracepção.

Chama a atenção também uma indicação bastante pessoal do papa, a do arcebispo polonês Konrad Krajevski, 54.

Ele é o responsável pelos trabalhos de caridade em nome de Francisco. Criticado nos círculos conservadores, é visto como alguém que pode estar sendo preparado para ascender na hierarquia.

Francisco terá em 29 de junho 125 eleitores. São cinco nomes a mais do que o limite estabelecido em 1975 por Paulo 6º, mas em 2019 dez cardeais irão passar para a “reserva” composta por 101 religiosos acima da idade limite de voto.

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