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Ações de Suu Kyi em Mianmar são 'lamentáveis', mas Nobel será mantido, diz fundação

Vencedora do Nobel da Paz, líder do país é acusada de não proteger minoria vítima de massacre

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Estocolmo | Reuters

Algumas das ações tomadas por Aung San Suu Kyi como líder civil de Mianmar são "lamentáveis", mas o Prêmio Nobel da Paz concedido a ela não será retirado, disse o chefe da Fundação Nobel à Reuters.

Lars Heikensten, que se pronunciou dias antes da concessão do prêmio deste ano, disse não fazer sentido retirar prêmios em reação a coisas que aconteceram após sua entrega, já que os juízes teriam de debater os méritos dos laureados constantemente.

A líder de Mianmar Aung San Suu Kyi em foto de 13 de setembro - Kham via AP

Investigadores da Organização das Nações Unidas (ONU) emitiram um relatório em agosto acusando os militares de Mianmar de realizar execuções em massa de muçulmanos rohingyas com "intenção genocida" em uma operação que levou mais de 700 mil refugiados a fugirem para Bangladesh pela fronteira.

Suu Kyi, que recebeu o Prêmio Nobel da Paz em 1991 por fazer campanha pela democracia e hoje lidera o governo de Mianmar, foi acusada no mesmo relatório de não usar sua "autoridade moral" para proteger civis.

"Vemos que o que ela tem feito em Mianmar vem sendo muito questionado e defendemos os direitos humanos, este é um dos nossos valores centrais", disse Heikensten em entrevista na sexta-feira. "Então é claro que, tanto quanto ela é responsável por isso, é muito lamentável", acrescentou.

O porta-voz do governo de Mianmar, Zaw Htay, não respondeu a ligações pedindo comentários na segunda-feira. No mês passado, ele disse que não conversará mais com a imprensa por telefone, mas só em uma coletiva duas vezes por semana.

Mianmar rejeitou as conclusões da ONU, que classificou como "unilaterais", e disse que a ação militar, ocorrida após ataques de militantes às forças de segurança em agosto do ano passado, foi uma operação de contrainsurgência legítima.

No mês passado Suu Kyi disse que, em retrospecto, seu governo poderia ter lidado melhor com a situação no estado de Rakhine, mas não reconheceu nenhum crime grave.

"Não acreditamos que faria sentido tentar retirar prêmios... isso nos envolveria em discussões constantes sobre os méritos do que as pessoas estão fazendo mais tarde, depois de terem recebido o prêmio", disse Heikensten.

"Sempre houve e haverá laureados do Nobel que estão fazendo coisas depois de terem recebido o prêmio que não aprovamos ou que não achamos ser corretas. Isso não podemos evitar, acho", acrescentou.

O Prêmio Nobel da Paz de 2018 será anunciado em Oslo na sexta-feira (5).

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