Siga a folha

Descrição de chapéu Governo Bolsonaro

Após crise na Lava Jato do Peru, presidente desiste de ir a posse de Bolsonaro

Martín Vizcarra decidiu retornar a seu país depois do afastamento dos procuradores do caso

Continue lendo com acesso ilimitado.
Aproveite esta oferta especial:

Oferta Exclusiva

6 meses por R$ 1,90/mês

SOMENTE ESSA SEMANA

ASSINE A FOLHA

Cancele quando quiser

Notícias no momento em que acontecem, newsletters exclusivas e mais de 200 colunas e blogs.
Apoie o jornalismo profissional.

Lima e São Paulo | AFP

O procurador-geral do Peru anunciou nesta segunda (31) o afastamento dos dois principais procuradores que comandavam a versão local da Operação Lava Jato. A medida causou uma crise no país e obrigou o presidente Martín Vizcarra a desistir de comparecer a posse de Jair Bolsonaro em Brasília e a retornar a Lima. 

Vizcarra deixou Brasília, onde já estava para assistir a posse, na manhã desta terça-feira (1º), informou o Ministério de Relações Exteriores peruano. 

O presidente peruano Martin Vizcarra durante discurso na televisão - Andres Valle - 12.dez.18/AFP

"Em vista dos novos acontecimentos, decidi adiantar meu retorno ao país para continuar liderando a luta contra a corrupção e a impunidade", escreveu o presidente nas redes sociais na noite de segunda, logo após o anúncio do procurador-geral, Pedro Chavarry, de que afastaria os dois procuradores.

Rafael Vela, um dos afastados, chefiava a força-tarefa do Ministério Público que investigava os casos de corrupção envolvendo a construtora brasileira Odebrecht no Peru. O outro procurador é José Domingo Pérez. 

A equipe comandada por eles é responsável por analisar as acusações contra quatro ex-presidentes do país: Alejandro Toledo (2001-2006), que fugiu para os Estados Unidos e enfrenta um pedido de extradição; Ollanta Humala (2011-2016), que ficou preso por nove meses com sua esposa Nadine; Alan García (1985-1990, 2006-2011), que pediu asilo na embaixada do Uruguai e teve o pedido negado; e Pedro Pablo Kuczynski (2016-2018), que renunciou em março, alvo de denúncias de corrupção.

"Achei necessário anular a nomeação de Rafael Vela e José Domingo Pérez", anunciou Chavarry, inesperadamente, na noite desta segunda, afirmando ter perdido a confiança na equipe por quebra de hierarquia, segundo o jornal local El Comercio. 

Há uma semana, José Domingo Perez pediu para denunciar o próprio Chavarry por encobrir e obstruir investigações contra Keiko Fujimori, a principal líder da oposição, também acusada de receber propina da empresa brasileira.  

Chavarry argumentou que, por isso, "decidiu reformular a equipe especial de promotores que deve dirigir e investigar os casos", ligados ao escândalo da Odebrecht.

No lucar de Vela, nomeou o promotor Frank Almanza como coordenador da equipe, enquanto o promotor Marcial Paúcar ocupará o cargo de José Domingo Pérez.

A medida provocou reações imediatas nas redes sociais, onde grupos de direitos humanos lançaram chamadas para partir hoje à noite marchar em apoio aos procuradores demitidos.

O governo peruano também criticou a decisão. "Expresso energicamente minha discordância com a remoção dos procuradores responsáveis pelos mais importantes casos de investigação da corrupção", escreveu o presidente Vizcarra. "A luta frontal contra a corrupção e a impunidade é uma política prioritária do governo, uma necessidade urgente e uma causa cidadã", afirmou ele. 

Segundo a lei peruana, o procurador-geral é indicado diretamente pela cúpula do Ministério Público,s em a participação do presidente, que assim não pode afastar Chavarry. Vizcarra era vice de  Kuczynski e assumiu o comando do país em março, após a renúncia do titular. 

Receba notícias da Folha

Cadastre-se e escolha quais newsletters gostaria de receber

Ativar newsletters

Relacionadas