Siga a folha

Descrição de chapéu Fórum Econômico Mundial

Na estreia, Davos cobra de Bolsonaro agenda econômica e democrática

Fórum Econômico Mundial, nesta semana, tratará de finanças, tecnologia, clima e migração

Continue lendo com acesso ilimitado.
Aproveite esta oferta especial:

Oferta Exclusiva

6 meses por R$ 1,90/mês

SOMENTE ESSA SEMANA

ASSINE A FOLHA

Cancele quando quiser

Notícias no momento em que acontecem, newsletters exclusivas e mais de 200 colunas e blogs.
Apoie o jornalismo profissional.

São Paulo

O presidente Jair Bolsonaro estreará no Fórum Econômico Mundial em Davos com um “plano de negócios” que vai expor suas ideias de reformas econômicas e o seu roteiro de privatizações, mas à sombra de temas nos quais tem sido questionado, como clima e migração.

Há expectativa crescente para saber como o presidente, que terá na cidade suíça de 11 mil habitantes seu primeiro palco internacional, se sairá em ambas as searas.

A agenda de Bolsonaro estava sendo afinada até as últimas horas antes de ele embarcar rumo aos Alpes, na noite deste domingo (20), com uma comitiva de cinco ministros.

A cidade de Davos, na Suíça, que recebe o Fórum Econômico Mundial nesta semana - Arnd Wiegmann/Reuters

As estrelas são Paulo Guedes (Economia), encarregado de convencer os investidores de que as reformas prometidas serão implementadas, e Sergio Moro (Justiça e Segurança), convidado para dois painéis do Fórum sobre integridade e crimes globais. 

Augusto Heleno (GSI), Gustavo Bebianno (Secretaria Geral) e o chanceler Ernesto Araújo completam o time, que inclui Mario Vilalva, da Apex, o secretário de comércio Marcos Troyjo, o deputado Eduardo Bolsonaro e o assessor internacional Filipe Martins.

O tamanho da comitiva do governo é inversamente proporcional ao quórum desta 49ª edição do evento, que sofreu defecções como Donald Trump, Emmanuel Macron, Mauricio Macri e Theresa May. Em 2018, foram mais de 70 chefes de Estado, tornando concorrida a plenária.

Neste ano, o palco mais prestigiado deve assistir a apenas cinco discursos de governantes, segundo constava na programação de sexta (18): Bolsonaro, Angela Merkel (Alemanha), Shinzo Abe (Japão), Giuseppe Conte (Itália) e Pedro Sánchez (Espanha).

Todos, além do vice do regime chinês, Wang Qixan, falam na quarta (23), exceto o brasileiro, que discursa às 15h (12h no Brasil) de terça, quatro horas após a cerimônia de abertura com o fundador e chairman do Fórum, Klaus Schwab.

O tema desta edição é “Globalização 4.0: Moldando uma Arquitetura Global na Era da Quarta Revolução Industrial”.

O pronunciamento do presidente deve sinalizar a disposição do Brasil para fazer comércio e atrair investimentos do mundo, como fizeram, em suas estreias em Davos, Michel Temer (2018), Dilma Rousseff (2014), Luiz Inácio Lula da Silva (2003) e Fernando Henrique Cardoso (1998).

Mas Bolsonaro quer também certificar as credenciais democráticas do país, falar da integração à região e ao Mercosul e mostrar seu plano para modernizar a economia.

A reforma da Previdência é o principal item na pauta da comitiva econômica, e, a princípio, seria abordada a partir de cinco vértices: demografia, privilégios, diferenças entre trabalhadores do campo e da cidade, diferenças de categorias profissionais e vinculação de benefícios assistenciais.

Mas as notícias mais esperadas devem vir das privatizações, apurou a Folha, com a apresentação das estatais a vender e da projeção do impacto na economia do país.

Venda de imóveis públicos, concessões, inserção do Brasil nas cadeias de produção globais e desburocratização do ambiente de negócios também estão na pauta.

No setor privado, o Brasil estará representado pelos presidentes do Itaú, Candido Bracher, e do Bradesco, Luiz Trabuco, que vão a Davos com alguns dos principais executivos e economistas dos dois bancos, e pelos CEOs da Embraer, Paulo César de Souza Silva, e da Vale, Fabio Schvartsman.

Bolsonaro chega nesta segunda (21) e parte na quinta, um dia antes de o evento terminar. Na longa estada, participará de um jantar com presidentes latino-americanos e convidados, de um almoço sob o tema “O Futuro do Brasil”, na agenda paralela ao programa oficial, de um painel sobre a Venezuela (todos na quarta) e de reuniões bilaterais que seriam alinhavadas.

Se o trilho econômico do evento parece promissor para o presidente, o trilho social, que vem ganhando dimensão no Fórum nos últimos anos, pode apresentar obstáculos. 

Sob Bolsonaro, o Brasil deixou o pacto da ONU sobre migrações (conjunto de diretrizes para coordenar experiências no tema) e ameaçou sair do Acordo de Paris sobre o Clima. Os dois assuntos são objeto de vários painéis em Davos, que além de políticos, empresários e executivos reúne acadêmicos, ativistas, empreendedores e artistas.

A exposição a questões que o governo considera secundárias em um ambiente onde o liberalismo que o Planalto prega é levado a sério pode convencer Bolsonaro e seu gabinete a repensarem a ojeriza àquilo que consideram parte da agenda da esquerda, mas que tem atraído a preocupação de empresas e governos de centro-direita responsáveis.

 

Veja os discursos:

Dia 22
12h Jair Bolsonaro

Dia 23
8h Shinzo Abe (Japão)
11h15 Angela Merkel (Alemanha)
12h Wang Qixan (China, vice-presidente)
14h30 Giuseppe Conte (Itália)
15h Pedro Sánchez (Espanha)

https://www.weforum.org/events/world-economic-forum-annual-meeting

Receba notícias da Folha

Cadastre-se e escolha quais newsletters gostaria de receber

Ativar newsletters

Relacionadas