Distância e boas relações justificam escolha do Vietnã para cúpula Trump-Kim
Segundo encontro entre os dois líderes acontecerá no país no fim de fevereiro
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Unindo uma ditadura do Partido Comunista com economia de mercado e com boas relações com Estados Unidos e Coreia do Norte, o Vietnã foi escolhido para sediar a próxima cúpula entre o presidente Donald Trump e o ditador Kim Jong-un, em 27 e 28 de fevereiro.
Assim como a Coreia do Norte, o Vietnã também travou uma sangrenta guerra com os Estados Unidos. Mas, diferentemente de Pyongyang, Hanói agora conta com Washington entre seus aliados mais próximos.
Após se recuperar dos estragos da guerra, o país se tornou uma das economias de mais rápido crescimento na Ásia, apesar de politicamente se manter como uma ditadura de partido único.
Conheça as razões pelas quais o Vietnã foi escolhido para sediar a segunda cúpula entre Trump e Kim —a primeira, em 2018, foi em Singapura.
A escolha do país para receber o evento foi anunciada pelo presidente americano nesta terça (5) durante seu discurso do Estado da União.
Questão logística é uma vantagem
O Vietnã preenche muitos requisitos, a começar pela distância para Pyongyang (2,700 quilômetros). Como os aviões norte-coreanos tem pouca autonomia de voo, o local do encontro não poderia ser muito longe de suas fronteiras, o que já descarta a maior parte do planeta.
Hanói também abriga embaixadas dos Estados Unidos e da Coreia do Norte. Ambas poderão se ocupar dos acertos prévios à cúpula.
O Vietnã tem ainda laços amistosos com ambos os países e se considera um território "neutro". Diferentemente, por exemplo, do estado americano do Havaí, também apontado como uma opção.
Além disso, o país conta com forte esquema de segurança e com um aparato repressivo para impedir protestos contra o encontro.
Faz sentido para Kim
O Vietnã é um dos poucos países, com os quais a Coreia do Norte tem boas relações.
Os laços diplomáticos entre Hanói e Pyongyang remontam a 1950. A Coreia do Norte enviou militares da Força Aérea para o norte comunista durante a Guerra de Vietnã.
Apesar do comércio entre os dois ter diminuído após as sanções da ONU contra Pyongyang, ele alcançou US$ 7 milhões (R$ 25,6 milhões) em 2017.
Apesar disso, o último líder norte-coreano a visitar o Vietnã foi o avô de Kim Jong-un, Kim Il-sung, em 1958.
Assim, Kim poderá usar sua primeira viagem ao país para aprender com a transformação econômica do Vietnã.
O ditador pode estar "interessado em ver pessoalmente o caso do Vietnã, pode ser uma boa fonte de inspiração e reflexão para que pense em como a Coreia do Norte deveria avançar", disse à agência de notícias AFP Le Hong Hiep, um especialista em Vietnã do ISEAS-Yusof Ishak Institute, de Singapura.
Pode ajudar Washington
O Vietnã também pode ser um lugar de importância estratégica para os Estados Unidos, que atualmente se encontra em uma guerra comercial com China —principal aliado da Coreia do Norte e que tem um histórico conturbado com Hanói.
Trump pode usar o Vietnã para "sinalizar para Pequim que a Coreia do Norte não está em suas mãos. Temos um contrapeso à influência chinesa nesta área", disse Cheon Seong Whun, pesquisador visitante do Instituto Asan de Estudos Políticos de Seul.
Além disso, Washington está disposto a destacar a história do sucesso econômico do Vietnã, como já fez o secretário de Estado americano, Mike Pompeo, durante uma visita à Coreia do Norte.
"Seu país pode copiar este caminho. É seu, se aproveitar o momento", disse Pompeo em comentários dirigidos a Kim.
Vietnã também vai se beneficiar
O Vietnã está ansioso para mostrar seu peso diplomático, após organizar a cúpula de Cooperação Econômica Ásia-Pacífico (Apec) em 2017 e uma reunião regional do Fórum Econômico Mundial no ano passado.
A reunião de Trump-Kim pode dar resultados em mais de um sentido.
Organizar a cúpula pode impulsionar "o status do Vietnã na comunidade internacional, o que ajudaria o país a atrair turismo e investimento estrangeiro", disse Vu Minh Khuong, analista da Escola de Políticas Públicas Lee Kuan Yew, de Singapura.
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