Siga a folha

Brasil apoia candidato chinês para comando de órgão de agricultura da ONU

Ministério da Agricultura endossa Qu Dongyu, mas Itamaraty preferia concorrente da Geórgia

Continue lendo com acesso ilimitado.
Aproveite esta oferta especial:

Oferta Exclusiva

6 meses por R$ 1,90/mês

SOMENTE ESSA SEMANA

ASSINE A FOLHA

Cancele quando quiser

Notícias no momento em que acontecem, newsletters exclusivas e mais de 200 colunas e blogs.
Apoie o jornalismo profissional.

São Paulo

O Ministério da Agricultura venceu a queda de braço com o Itamaraty, e o Brasil vai apoiar o candidato chinês para o comando da FAO (Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação)

A eleição para a diretoria-geral do órgão —que é presidido pelo brasileiro José Graziano da Silva, indicado pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva— ocorrerá em 23 de junho.

Nesta semana, a ministra da Agricultura, Tereza Cristina, comunicou ao governo chinês o endosso brasileiro ao nome do vice-ministro de Agricultura da China, Qu Dongyu, durante viagem ao país asiático.

Cristina manifestou sua posição numa reunião bilateral na cidade de Guangzhou com outra autoridade chinesa, o ministro de Administração Geral da Aduana, Ni Yueng.

A ministra da Agricultura, Tereza Cristina - Adriano Machado/REUTERS

Questionado pela Folha sobre o fato, o Itamaraty respondeu por meio de nota que “esta também é a posição oficial do Ministério das Relações Exteriores” e que “o apoio ao candidato chinês será oficializado em breve”.

A China é o mais importante cliente do agronegócio brasileiro. No ano passado, os chineses compraram US$ 35,59 bilhões (R$ 137,56 bilhões) em produtos agrícolas do país, ou 35% do total.

Esta é a primeira vitória na área de política externa do setor agrícola contra o chanceler Ernesto Araújo, que vinha adotando uma posição de confronto em relação a China e que chegou a afirmar que o Brasil “não venderá a alma para exportar minério de ferro e soja” para o país.

O ministro também desagradou ao setor agrícola ao apoiar a transferência da embaixada brasileira em Israel de Tel Aviv para Jerusalém, que chegou a ser anunciada pelo presidente Jair Bolsonaro, mas acabou não se confirmando. A notícia desagradou ao mundo árabe, importante comprador de carnes do Brasil.

Segundo informações de bastidores, Araújo preferia apoiar o candidato da Geórgia, Davit Kirvalidze, para a presidência da FAO. Ex-ministro da Agricultura de seu país, Kirvalidze está sendo apadrinhado pelo governo Donald Trump, dos Estados Unidos.

No entanto, a posição do chanceler não encontrava respaldo nem mesmo dentro do Ministério das Relações Exteriores. A visão da área técnica é que Kirvalidze não tem chance de vitória.

Além do chinês, outra candidata viável é Catherine Geslain-Lanéelle, da França. O Brasil, contudo, não poderia se alinhar aos franceses, tradicionalmente protecionistas no setor agrícola. Também concorrem um candidato do Camarões e outro da Índia.

Um eventual apoio brasileiro ao candidato da Geórgia poderia melindrar ainda a Rússia, outro importante comprador de carne brasileira. Os dois países fazem fronteira e estiveram em guerra em 2008.

Receba notícias da Folha

Cadastre-se e escolha quais newsletters gostaria de receber

Ativar newsletters

Relacionadas