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Ex-presidente da Colômbia Álvaro Uribe deixa prisão domiciliar após dois meses

Juíza aceita argumento de que prisões preventivas não podem ser realizadas sem formalização de denúncia

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Buenos Aires

O ex-presidente da Colômbia Álvaro Uribe, 68, foi liberado da prisão domiciliar neste sábado (10). O ex-mandatário cumpria a determinação desde o começo de agosto numa fazenda em Antioquia.

Em audiência que teve início na noite de quinta-feira (8), a juíza Clara Ximena Salcedo aceitou o argumento da defesa, de que, segundo a lei, para condenar um acusado à prisão preventiva, é necessária a realização prévia de uma sessão apenas para formalizar a denúncia, o que ainda não ocorreu.

Uribe celebrou a decisão com uma mensagem nas redes sociais: "Graças a Deus".

O processo, porém, continuará. Nele, o ex-presidente se defende da acusação de ter manipulado testemunhas num caso que envolve a criação de uma milícia paramilitar.

O ex-presidente, que governou a Colômbia entre 2002 e 2010, é um dos políticos mais influentes do país. Sua força ajudou a eleger dois sucessores: o primeiro, Juan Manuel Santos, logo virou inimigo político, e o segundo é o atual presidente, Iván Duque.

Uribe lidera o partido de centro-direita Centro Democrático e ocupou o cargo de senador até 18 de agosto, quando renunciou para que seu caso saísse da esfera de atuação da Corte Suprema.

Mural com imagem do ex-presidente colombiano Álvaro Uribe em rua de Bogotá - Juan Barreto - 21.ago.20/AFP

A juíza afirmou que, agora, a Procuradoria deve continuar as investigações e apresentará a acusação de modo formal. Acrescentou que a decisão dela é parte das garantias que devem ser dadas ao investigado.

No Twitter, em um aceno a eleitores latinos conservadores da Flórida, o presidente Donald Trump comemorou a decisão. Sem citar o fim da prisão domiciliar, o republicano chamou Uribe de "um aliado na luta contra o Castro-Chavismo", em referência aos regimes ditatorias em Cuba e na Venezuela.

A detenção de Uribe, a primeira de um ex-presidente do país, foi uma reviravolta em um processo movido por ele mesmo em 2012, contra um de seus maiores adversários, o senador esquerdista Iván Cepeda.

Segundo o ex-mandatário, Cepeda teria contatado ex-paramilitares para que envolvessem seu nome em atividades criminosas de grupos de extrema direita que combateram guerrilhas de esquerda do país.

As autoridades, no entanto, abstiveram-se de acusar Cepeda e, em 2018, decidiu abrir uma investigação contra o ex-presidente, sob a mesma suspeita: a de manipular testemunhos contra seu opositor.

Caso condenado, Uribe pode pegar até oito anos de prisão.

O ex-mandatário também é acusado de ter apoiado paramilitares contra guerrilhas, estimulando a prática dos chamados “falsos positivos” —assassinatos de civis para atingir metas de mortes de guerrilheiros.

Segundo essa estratégia, as Forças Armadas distribuíam premiações em dinheiro, promoções e outros benefícios para os oficiais que apresentassem grande eficácia na eliminação de guerrilheiros.

Para receber esses prêmios, militares armavam arapucas no interior do país. Mas, em vez de guerrilheiros, civis eram mortos e vestidos de combatentes em cenários montados para simular os conflitos. Segundo a ONG Human Rights Watch, essa prática fez ao menos 2.500 vítimas.

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