Kamala como vice prova que 2020 é ano das mulheres negras americanas
Democrata é a primeira mulher à chegar ao cargo de vice-presidente dos EUA
Já é assinante? Faça seu login
Continue lendo com acesso ilimitado.
Aproveite esta oferta especial:
Oferta Exclusiva
6 meses por R$ 1,90/mês
SOMENTE ESSA SEMANA
ASSINE A FOLHACancele quando quiser
Notícias no momento em que acontecem, newsletters exclusivas e mais de 200 colunas e blogs.
Apoie o jornalismo profissional.
A eleição de Kamala Harris é histórica em muitos aspectos. Filha de imigrantes, pai jamaicano e mãe indiana, Kamala é a primeira mulher, mulher negra, indiano-americana e asiática-americana a ser eleita vice-presidente dos EUA.
Além disso, a vice-presidente eleita é a primeira graduada em uma universidade de elite negra, a Howard, e membro de uma sororidade negra a chegar à Casa Branca.
A eleição de Joe Biden e Kamala Harris traz componentes importantes à discussão de organização e disputas políticas cotidianas. Não à toa, Biden apresentou entre as principais agendas, como a econômica e a do ambiente, a do combate ao racismo sistêmico.
Kamala representa um processo que explicitou como nunca o quanto mulheres negras são o mais poderoso grupo de votantes do Partido Democrata. A votação e o engajamento de mulheres negras foram cruciais para a indicação de Biden como candidato; e 91% delas votaram no presidente eleito.
Mulheres negras foram linha de frente em todo o processo eleitoral, bem como têm sido as lideranças mais importantes de diversos grupos organizados nos EUA, basta ver como se deu a disputa em condados-chave, de maioria de eleitores negros.
Conforme aponta Barbara Lee, deputada pela Califórnia e copresidente da candidatura de Kamala nas prévias democratas, mulheres negras mostram que não são apenas um eleitorado que ajuda outros a se elegerem, mas que se colocam como as que governarão e liderarão processos políticos.
Um exemplo é Stacey Abrams, responsável pelo cadastramento de mais de 800 mil eleitores para o processo eleitoral na Geórgia, trazendo como resultado a virada histórica no estado para Biden. Ou Cori Bush, liderança do Black Lives Matter, eleita pelo Missouri, sendo a primeira mulher negra a representar seu estado, após receber 78,9% dos votos em seu distrito.
Claro que nada disso existe sem contradição. Kamala enfrentou críticas de ativistas negros que lutam pela reforma na Justiça Criminal, por seu trabalho como procuradora-geral da Califórnia, com a segunda maior população prisional do país.
Os embates foram amplos e seguem acontecendo. Kamala tem demonstrado que acolhe parte importante dessas críticas e tem se posicionado em defesa das manifestações contra violência policial e antirracistas. Ela chegou a ser criticada por ter dito que não há mudanças sem lutas decisivas e que os “protestos carregam um importante componente para a evolução do país”.
O fato é que lidar com a pauta da reforma da Justiça criminal será inevitável. Faz parte que Biden afirme ser um presidente de todos os americanos. Contudo, ativistas já estão a postos para demandar posicionamentos e políticas efetivas que enfrentem a violência e o racismo estrutural da sociedade americana.
Como disse Kimberlé Crenshaw, feminista negra americana, “hoje é um dia de comemoração, mas, amanhã, devemos lutar —não contra a divisão, mas contra a supremacia branca; não contra o patriotismo, mas contra o fascismo; não contra a diferença, mas contra a dominação”.
Receba notícias da Folha
Cadastre-se e escolha quais newsletters gostaria de receber
Ativar newsletters