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Descrição de chapéu terrorismo

Terrorista mata ao menos 4 em Viena; Inglaterra, Itália e Bélgica elevam vigilância

Um agressor, morto pela polícia, tinha ligações com o Estado Islâmico, segundo o governo

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Viena e Bruxelas | Reuters

Um atentado terrorista no centro de Viena na noite desta segunda (2) matou dois homens e duas mulheres e deixou ao menos 22 pessoas feridas, afirmou o governo austríaco na tarde desta terça (3). Sete delas ainda correm risco de morrer.

Os tiroteios, classificados como "hediondo ataque terrorista" pelo premiê da Áustria, Sebastian Kurz, começaram por volta das 20h (horário local, 16h no Brasil), na região da Seitenstettengasse, onde fica a principal sinagoga da cidade.

Um agressor, que usava um fuzil de assalto automático, foi morto cerca de dez minutos depois. Segundo o ministro do Interior austríaco, Karl Nehammer, ele tinha tinha 20 anos, era cidadão da Macedônia e da Áustria, onde cresceu.

Identificado como Kujtim T., ele foi condenado a 22 meses por tentar viajar à Síria para se juntar ao Estado Islâmico; saiu da prisão em dezembro de 2019, em liberdade condicional. O terrorista levava também uma pistola e um facão e usava um cinto de explosivos falso, segundo a polícia.

​​O governo afirmou que fez revistas em 15 domicílios e 14 pessoas foram detidas. A participação de outros atiradores ainda está sendo investigada, mas a polícia disse na noite desta terça que ele pode ter agido sozinho.

O governo colocou as Forças Armadas para fazer a segurança da capital, e lojas e escolas devem voltar a funcionar normalmente na quarta —parte do comércio ficará fechado pelo bloqueio contra coronavírus, que começou à 0h desta terça;

As vítimas mortas até agora no ataque eram um homem e uma mulher idosos, uma garçonete e um jovem que passava pela rua, segundo o priemiê austríaco.

Um policial baleado está em condição crítica, mas estável, de acordo com o chefe de polícia da cidade, Gerhard Pürstl.

O Reino Unido aumentou a vigilância para evitar ataques semelhantes ao da Áustria na noite de quarta, véspera de um novo bloqueio parcial na Inglaterra.

Embora ataques de extremistas islâmicos tenham se reduzido nos últimos anos, segundo a Europol, os eventos recentes na França e na Áustria preocupam agências de inteligência britânicas. A secretária do Interior britânica, Priti Patel, anunciou que o nível de ameaça ao terrorismo no país foi elevando de "substancial" para "grave", o quarto mais alto numa escala de cinco.

Segundo a secretária, a medida é preventiva e "não se baseia em nenhuma ameaça específica”. O ministro do Interior pediu que as pessoas fiquem atentas e relatem atividades suspeitas à polícia.

Países que fazem fronteira com a Áustria, como República Tcheca, Alemanha e Itália, reforçaram a vigilância nas fronteiras, e o governo tcheco anunciou já na noite de segunda que aumentaria a segurança de instituições judaicas, como medida preventiva. O governo italiano convocou uma reunião nesta terça para discutir medidas de segurança contra possíveis atentados.

Na Bélgica, a cidade de Antuérpia, que tem parcela expressiva de moradores judeus, aumentou a segurança em regiões de sinagogas e nas proximidades da estação ferroviária, onde mora a comunidade judaica ultraortodoxa, que tem cerca de 18 mil pessoas.

O tiroteio de segunda na área central de Viena provocou pânico e correria pelas ruas —o local tem vários bares e restaurantes e estava movimentado porque um novo bloqueio começaria à meia-noite.

Tanto a sinagoga da Seitenstettengasse quanto o prédio de escritórios do mesmo endereço já estavam fechados quando os ataques começaram, mas a Assciação Israelita orientou os fiéis a não saírem de casa, até recomendação em contrário da polícia.

A sinagoga foi palco de um ataque em 1981, no qual dois palestinos deixaram 2 mortos e 18 feridos. Em 1985, um grupo terrorista palestino atacou o Aeroporto Internacional de Viena com tiros e granadas, deixando 3 mortos.

Em agosto, um refugiado sírio de 31 anos foi detido sob suspeita de tentar atacar o líder de uma comunidade judaica em Graz, segunda maior cidade austríaca. Não houve feridos.

De forma geral, ataques radicais islâmicos vinham se reduzindo na Europa, segundo a Europol, depois de dois anos de grandes atentados em 2015 e 2016. Em 2019, houve 21 tentativas (contra 24 em 2018 e 33 em 2017), das quais 14 foram evitadas por agências de segurança e 4 falharam, de acordo com a agência policial.

Desde setembro, porém, três atentados deixaram quatro mortos na França. Na noite de segunda, o presidente francês, Emmanuel Macron, publicou uma mensagem na qual diz que a França “compartilha o choque e a dor do povo austríaco".

Macron, que é alvo de protestos em países de maioria muçulmana por defender que o direito de expressão inclui a publicação de caricaturas de Maomé, embora elas ofendam os islâmicos, escreveu: “Esta é a nossa Europa. Nossos inimigos devem saber com quem estão lidando. Não vamos ceder nada a eles”,.

TERRORISMO NA FRANÇA

A brasileira Simone Barreto Silva, 44, que foi morta em ataque terrorista em Nice - Reuters

Desde a semana passada, a França elevou seu alerta para terrorismo —na quinta, um ataque a faca deixou três mortos em uma igreja católica de Nice, entre eles uma brasileira de 44 anos, mãe de três filhos.

O agressor, um tunisiano de 21 anos recém-chegado ao país, foi baleado e está no hospital, mas, segundo a polícia de Nice, não corre risco de morrer. Ainda não há informações sobre o motivo do crime nem como ele foi organizado.

Nesta terça, a polícia francesa deteve quatro novos suspeitos de terem participado do ataque em Nice. Desde o dia do atentado, já foram detidas dez pessoas; cinco continuam presas.

No final de setembro, dois jornalistas foram atacados perto da sete do jornal satírico Charlie Hebdo, que em 2015 foi alvo de atentado terrorista por publicar charges de Maomé, deixando 12 mortos. O julgamento desse caso havia começado semanas antes e foi suspenso neste final de semana porque um dos réus contraiu Covid-19.

No começo de outubro, o professor Samuel Paty foi decapitado por ter mostrado as mesmas caricaturas, em uma aula sobre liberdade de expressão.

No sábado, um padre ortodoxo grego foi ferido a tiros em uma igreja em Lyon, mas, segundo a polícia local, a hipótese mais forte é que o ataque não tenha sido terrorista, mas movido por desavenças pessoais.

Erramos: o texto foi alterado

Versão anterior desta reportagem dizia que um padre tinha morrido após um ataque em Lyon. Ele foi ferido a tiros, mas sobreviveu. O texto foi corrigido.

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