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Descrição de chapéu senado

Em vitória de Trump, republicanos bloqueiam investigação sobre invasão do Congresso

Proposta foi aprovada por 54 senadores, aquém dos 60 votos necessários para apuração avançar

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Washington | AFP e Reuters

Mesmo diante de críticas de que o Partido Republicano minimiza a violência ocorrida durante a invasão do Congresso americano, em janeiro, senadores da legenda bloquearam nesta sexta (28) a abertura de uma investigação bipartidária sobre o ataque ao Capitólio por apoiadores do ex-presidente Donald Trump.

Parlamentares democratas e alguns republicanos moderados haviam convocado uma comissão para apurar os eventos que antecederam e levaram à tragédia de 6 de janeiro, quando centenas de partidários de Trump invadiram a sede do Legislativo dos EUA e entraram em confronto com a polícia para evitar a certificação da vitória de Joe Biden. A violência deixou cinco mortos, incluindo um agente do Capitólio.

O pedido de abertura da investigação foi derrotado após reunir apenas 54 votos a favor, aquém dos 60 apoios necessários para que a legislação avançasse no Senado, composto por 100 cadeiras. O placar final representa uma vitória para Trump, que vê o Partido Republicano seguir fiel a ele —todos os 35 votos contrários foram da legenda.

A comissão proposta teria o poder de forçar testemunhas, possivelmente incluindo Trump, a testemunhar sob juramento sobre o que aconteceu naquele dia. O ex-presidente havia pedido aos legisladores republicanos que votassem contra o projeto, alertando sobre possíveis consequências para aqueles que o apoiassem —seis senadores republicanos votam a favor da comissão.

"É uma pena que tenhamos perdido alguns votos do que era necessário para iniciar o debate sobre essa legislação vital", disse a senadora Susan Collins, do Maine, uma das republicanas que votaram a favor da proposta e contra a orientação de Trump.

A votação, na qual os republicanos usaram pela primeira vez neste ano o mecanismo conhecido como "obstrução", segundo o qual propostas devem ser chanceladas com ao menos 60 votos, ressalta os grandes desafios que os democratas terão de enfrentar no Senado, já que terão que conquistar ao menos alguns apoios fora do partido para aprovar reformas nas áreas de segurança e acesso a voto, por exemplo.

"Do que vocês têm medo? Da verdade?", reagiu ao resultado da votação o líder democrata da Casa, Chuck Schumer. "Os republicanos do Senado escolheram defender a grande mentira porque temem que qualquer coisa que pudesse perturbar Donald Trump pudesse prejudicá-los politicamente."

Horas depois, Schumer enviou um comunicado aos seus colegas de partido em que afirmava que o resultado da votação mostrava ao Congresso "os limites do bipartidarismo. Os democratas do Senado têm sofrido pressão de ativistas de esquerda para revogar o antigo regime de maioria absoluta da Câmara, mas até agora se recusaram a fazê-lo.

Do outro lado, Mitch McConnell, líder republicano no Senado, argumentou que a criação de uma comissão pelo Legislativo apenas duplicaria o trabalho feito por outros comitês do Congresso e pela investigação criminal federal que até agora resultou na prisão de mais de 440 pessoas.

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Por trás da justificativa oficial está também o temor entre republicanos de que a comissão, baseada no modelo de um órgão que investigou os ataques do 11 de Setembro, concentre seus esforços na violência e nas persistentes alegações falsas de Trump em torno das eleições de 2020. Caso aprovado, o comitê funcionaria em meio às campanhas para o pleito de meio de mandato do Congresso no próximo ano.

Antes da derrota no Senado, a proposta havia sido aprovada na Câmara dos Deputados no último dia 19 com o apoio de todos os democratas e de apenas 35 dos 211 republicanos. "Não podemos fingir que nada de ruim aconteceu ou que as pessoas ficaram muito agitadas. Algo ruim aconteceu. E é importante deixar isso claro", disse a senadora republicana Lisa Murkowski, que apoiou a medida, a repórteres na noite de quinta-feira (27).

Para Biden, o resultado da votação mostrou que o povo americano tem mais disposição de se unir do que o Congresso. Em um comunicado, a Casa Branca afirmou que o presidente "continua comprometido com uma investigação completa e independente do ataque" ao Capitólio.

No mesmo sentido, a presidente da Câmara, Nancy Pelosi, afirmou, sem dar detalhes, que os democratas "buscariam a verdade" sobre o que aconteceu em 6 de janeiro, mas não disse se criaria um comitê especial de investigação, como sugerem alguns integrantes do partido.

Trump nunca reconheceu explicitamente sua derrota nas eleições presidenciais de 3 de novembro. Mais de quatro meses após deixar a Casa Branca, em 20 de janeiro, ele continua afirmando que foi roubado, apesar do fracasso de todas as suas ações judiciais para denunciar a suposta fraude generalizada no sistema eleitoral americano.

Milhares de seus apoiadores se reuniram em frente à Casa Branca no dia do ataque ao Capitólio. Trump falou à multidão frases como "se vocês não lutarem para valer, vocês não terão mais um país", motivo pelo qual, para os democratas, não há dúvidas de que o ex-presidente insuflou o caos e a violência.

Acusado de incentivar uma insurreição, Trump foi alvo de um processo de impeachment —o segundo em seu mandato—, no qual foi absolvido pelo Senado em fevereiro devido à falta de votos do lado republicano. Mesmo os dirigentes do seu partido no Congresso, porém, admitem algum nível de responsabilidade do ex-presidente no ataque, mas argumentam que o Senado não tem competência para julgá-lo.

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